A liderança do PT iniciou nesta segunda-feira, 28/5, a série de debates sobre mobilidade urbana. Em pauta estão os modais de transporte; trânsito e cidadania na região metropolitana; integração metropolitana do transporte público pelo bilhete único; sistemas estadual e metropolitano de transporte público; transporte de alta capacidade; agenda para a mobilidade urbana; planejamento urbano, mobilidade e modos alternativos de deslocamento; lei de mobilidade urbana e suas implicações na RMSP.

A primeira reunião, realizada na Assembleia Legislativa, versou sobre a situação na Região Metropolitana de São Paulo e contou com a presença do ex-ministro Fernando Haddad, entre outras autoridades. Estiveram presentes os deputados estaduais Telma de Souza, Edinho Silva, Marcos Martins e Gerson Bittencourt, todos do PT. Durante a manhã, os debates foram presididos pelos deputados petistas Alencar Santana e José Zico Prado.



PAC da Mobilidade Urbana

A preocupação sobre a mobilidade urbana deriva do fato de que, segundo foi colocado pelos palestrantes, a frota de veículos da cidade de São Paulo já ultrapassou os 7 milhões de unidades em março deste ano, segundo dados do Departamento Estadual de Trânsito (Detran). Desse total, mais de 5 milhões são automóveis, contribuindo para aumentar o problema dos congestionamentos.

O secretário do Programa de Aceleração do Crescimento, Maurício Muniz, explicou que o planejamento inclui os três níveis de governo: federal, estadual e municipal. O programa está voltado para requalificar e implantar sistemas estruturados de transporte coletivo, visando a ampliação da capacidade de transporte público. Para esse programa estão destinados R$ 50 bilhões, concentrados no ambiente urbano, que engloba 53 milhões de pessoas; R$ 30 bilhões são apenas para a RMSP. A prioridade do investimento é para o Metrô, mas abrange os outros modais que compõem o sistema.

Segundo o consultor de engenharia de tráfego e transportes Horácio Augusto Figueira, se todos os carros, ônibus, motos e caminhões estivessem circulando ao mesmo tempo na capital paulista, não haveria espaço suficiente para que ficassem parados um atrás do outro nas vias públicas. Ele alertou que os Poderes têm de deixar de investir em asfalto e transporte individual e passar a concentrar esforços nos veículos de massa, principalmente nos de trilhos. "Se for mantido o mesmo modelo do automóvel, as cidades brasileiras poderão entrar em colapso nos próximos dez anos", explicou o engenheiro.



Agenda para a mobilidade urbana

Os debates sobre mobilidade urbana prosseguiram na tarde de 28/5, com a realização da segunda mesa, coordenada pelo deputado Donisete Braga, com o tema Uma agenda para a mobilidade urbana da metrópole. O líder do PT na Assembleia, Alencar Santana, destacou a importância do debate, pois o tema é recorrente, afetando o dia a dia da população.

O ex-ministro Fernando Haddad disse que as questões mais importantes na cidade de São Paulo hoje são a qualidade do serviço público de saúde e educação, a moradia popular e o transporte público. Para Haddad, o maior problema hoje não é a falta de investimentos, é a falta de projeto, planejamento e gestão. Também frisou que é necessária a melhoria da engenharia e operação de tráfego, além de investimentos viários com base no transporte público.



Restrição aos veículos de carga

Professor do Departamento de Transportes da Escola Politécnica da USP, Jaime Waisman abordou o tema Planejamento Urbano, Mobilidade e Modos Alternativos de Deslocamento. Para a melhoria do trânsito, o professor defendeu uma política de restrição aos veículos de carga, com a criação de áreas de apoio fora da região central, a racionalização das linhas de ônibus e a proibição de estacionamento de veículos nas ruas. Além de uma educação para trânsito, são necessárias a melhoria da qualidade das calçadas e a expansão do bilhete único para toda a grande São Paulo.

"As regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e da Baixada Santista sofrem um apagão nos transportes", afirmou o deputado federal Carlos Zarattini (PT/SP), para quem houve muitas promessas, como a construção do VLT no litoral, mas poucas ações levadas a cabo com eficiência. "Apesar da propaganda do governo do Estado, não há planejamento nem propostas concretas", disse, dando como exemplo o caso da CPTM, onde foram comprados trens, mas não houve ampliação do sistema elétrico. Zarattini concordou com as ações emergenciais propostas por Waisman, e defendeu que seja repensada a vocação das regiões de São Paulo.

A seguir, foi aberta a palavra para questionamentos do público participante. O ciclo de debates sobre mobilidade urbana e transportes públicos terá mais oito debates em regiões metropolitanas do Estado. Serão em Santos (11/6); São José dos Campos (14/6); Santo André (18/6); Sorocaba (21/6); Americana (22/6); Guarulhos (25/6) e São Sebastião (28/6).

Mobilidade urbana na metrópole foi o tema da segunda mesa de debates, que contou a presença do professor da USP Jaime Waisman (1º à dir.)