Sessão solene reafirma solidariedade a famílias de desaparecidos


01/06/2012 19:51 | Da redação FOTO : Mauricio Garcia de Souza

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Adriano Diogo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2012/fg114791.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> desaparecidos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2012/fg114792.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Mães de Maio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2012/fg114793.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cicerode Crato e Clodoaldo dos Santos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2012/fg114794.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> mães de maio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2012/fg114795.JPG' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Histórias que ainda não terminaram, que quase certamente têm uma conclusão triste, mas precisam encontrar seu ponto final. Essa busca, expressa em relatos emocionados, marcou a sessão solene que os deputados Adriano Diogo e Hamilton Pereira, ambos do PT, realizaram nesta sexta-feira, 1º/6, em solidariedade às famílias de pessoas desaparecidas.

As diversas narrativas reportaram-se a histórias que vão de crianças que sumiram de dentro de casa a desaparecidos no período da ditadura militar. "O que unifica esses casos é a dor, que em todos é a mesma - e enorme", resumiu Diogo.

Laura Petit teve três irmãos desaparecidos no Araguaia, no início dos anos 1970. Deles, apenas Maria Lucia foi encontrada, 24 anos depois, em 1991, enterrada no cemitério de Ximbioá, no Pará. "Morta aos 22 anos, executada - e não em combate - viveu menos que minha mãe, também já falecida, que por anos esperou notícias de sua filha", disse Laura.

Crimeia Alice de Almeida participou da guerrilha do Araguaia, de onde saiu em 1972, grávida. Lá, perdeu o marido e o sogro, nunca encontrados. Crimeia lembrou que o Brasil foi condenado pela Corte Interamericana de Direitos Humanos a esclarecer os casos de desaparecidos, promovendo a responsabilização penal de eventuais culpados na Justiça ordinária. "Continuem sua luta, mesmo que leve mais 30 anos. Esta é a forma de mantermos nossa dignidade", propôs, dirigindo-se também às famílias cujos desaparecidos não têm ligações políticas, mas são vítimas de ação propositada ou da negligência do Estado.



Mães de Maio

O Movimento das Mães de Maio esteve representado por Débora Maria da Silva, mãe de um dos desaparecidos em 2006, quando, em cerca de dez dias, perto de 460 pessoas foram vítimas de um recrudescimento da violência policial, lembrou Adriano Diogo. "É chocante ver, em um cemitério localizado na Baixada Santista, os túmulos com a marca ID, de indigentes. Repudiamos a omissão das autoridades. O Estado ocultou os corpos", observou.

Mãe de Fabiana, desaparecida desde 1992, Vera Lúcia Ranu, do Movimento Mães em Luta, resumiu o sentimento de muitos dos presentes: "Todo trabalho social começa pelo amor ou pela dor. O meu começou pela dor. E transformamos a dor em trabalho, sobrevivendo entre a angústia da procura e a dor da espera".

Uma das propostas para a questão vem do deputado Hamilton Pereira, autor do Projeto de Lei 463/2011 que, aprovado pela Assembleia mas vetado pelo governo do Estado, define diretrizes para a Politica Estadual de Busca a Pessoas Desaparecidas. A medida visa criar um cadastro de pessoas desaparecidas no Estado, de forma a alimentar o cadastro federal, e de um banco de dados genéticos a que se possa recorrer antes do sepultamento de pessoas não identificadas.

"São inúmeras as famílias que vivem a angústia de não saber se seu familiar está em cativeiro, se passa fome ou se foi morto", afirmou Hamilton. De acordo com suas palavras, dados revelam que, entre março de 2008 e janeiro de 2011, desapareceram, no Estado de São Paulo, 13.089 pessoas.

Durante a sessão foram exibidos filmes, de autoria de diversas entidades, recordando histórias e apresentando depoimentos de familiares cujos parentes sumiram em ações, políticas ou não. Ao final foi apresentada uma gravação de transmissão, via web, na qual o ex-delegado do DOPS, Raul Guerra, reafirma " como já havia feito no livro-depoimento Memórias de uma guerra suja " que corpos de presos políticos foram incinerados no forno da usina Cambahyba, no município de Campos (RJ).

alesp