Viajante observador, mas também repórter, seja na placidez do campo, seja na imensidão do Pantanal de Mato Grosso ou de nossa Amazônia, Walter Habe consegue transformar tanto suas aquarelas em verdadeiros poemas sublimes quanto seus óleos espatulados em expressão realística da força tentacular da natureza brasileira. Hábil desenhista, possui um sólido métier e deve ao exercício contínuo da aquarela muito do conteúdo paisagístico que apresenta. A exemplo dos viajantes alemães, que aqui acorreram no final do século 18 e início do século 19, o seu espírito revela-se através de sensações e de momentos emotivos ligados a uma íntima necessidade de exprimir o que sente. Sua convivência na Alemanha com Otto Dix, grande mestre da aquarela e da pintura, valeu-lhe um domínio técnico e artístico, no qual contrapõe um clima lírico e místico e uma musicalidade marcante de timbre e harmonia. Tratando a natureza como a sente, amplifica seu discurso com a realidade em completa liberdade de espírito. Sua pintura não é uma simples experiência ou uma questão de índole ideológica, e muito menos um agradável consolo acadêmico. É poesia e música que ele procura transmitir ao coração do espectador, como um raio de sol para aquecê-lo. O valor pictórico de suas obras consiste, sobretudo, na vibrante sugestão da cor, entendida como expressão de sentimentos através da transfiguração poética dos temas tratados. Com efeito, a sua pintura, mesmo fiel na forma aos cânones naturalistas, é caracterizada por acentos líricos de particular intensidade emotiva. Em torno da paisagem, Walter Habe desenvolve sua obra pictórica usando tanto a difícil arte da aquarela, quanto o óleo espatulado sobre tela ou duratex. No quadro a óleo Dia de Outono e na aquarela Às Margens do Rio Abrobal, obras doadas ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, o artista demonstra que tem na alma a paisagem e sua visão sugere perfeitamente um diálogo com a realidade. O artista Walter Habe, pseudônimo artístico de Walter Burkhardt, nasceu em Buenos Aires (Argentina) no ano de 1926, filho de pais alemães. Desde muito jovem demonstrou suas inclinações para as artes plásticas. Na Alemanha foi aluno do consagrado pintor Otto Dix. Desde 1960 transferiu sua residência para o Brasil, dedicando-se à profissão de arquiteto e de artista plástico. Realizou exposições consecutivas no Clube Atlético Paulistano, no Centro Cultural Tao Sigulda, na Universidade Santo Amaro, no Espaço Cultural da Riviera de São Lourenço, na Galeria Göetz, em Basileia (Suíça), em Fort Worth, Texas (Estados Unidos), no Espaço Cultural do Conselho Regional de Contabilidade e no Espaço Cultural 5º Centenário. Foi catalogado no Anuário de August Bödiger, importante publicação editada em Bonn (Alemanha). Possui obras em coleções particulares e oficiais nos Estados Unidos, na Alemanha e no Brasil, de modo especial na Coleção de Arte dos Contabilistas e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.