Museu de Arte do Parlamento de São Paulo - Getsusen Kobayashi


31/07/2012 11:14 | Emanuel von Lauenstein Massarani

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Obra de Getsusen Kobayashi<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2012/fg116488.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Obra de Getsusen Kobayashi<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2012/fg116489.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Getsusen Kobayashi<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2012/fg116490.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Não há duvida de que a pintura japonesa exige uma grande preparação do artista, não somente do ponto de vista técnico como também interior. É necessária uma meditação para a assimilação do objeto a ser representado e um certo sentido para se compenetrar do que está se realizando, a tal ponto de pensá-lo como próprio.

Assim é Getsusen Kobayashi, para quem uma obra não é completa se não tiver o "Ki-in", isto é, a "nobreza interior". Vale recordar que a arte japonesa encontrou seu próprio estilo, denominado Yamato-e, afastando-se da influência chinesa que a originou.

Com o passar dos séculos os temas interpretados pelos artistas não mudam; entretanto entre o século 17 e o século 18 se assiste a uma renovação da representação e na ilustração de paisagens, retratos e cenas de gênero com gravuras a cores do estilo Ukiyo-e.

Tanto quanto na China, as paisagens realizadas monocromaticamente por artistas japoneses constituem símbolo da representação pictórica. Segundo pesquisadores, o período Momoyama é para a arte japonesa uma época de barroca magnificência. Não obstante o interesse pela cor, a pintura monocromática não foi abandonada, tendo sido realizados então numerosos paraventos e pinturas Sumi-e, embora o ouro fosse a cor predominante.

A intensa relação com a natureza, considerada um movimento dominante na cultura nipônica, alcança uma particular conexão que coincide com o sentido do divino, sempre presente natural.

Tanto fauna quanto flora, rochas e rios, assim como baías e ilhas, possuem uma alma e uma natureza divina. O elo profundo com a paisagem mítica e espiritual se entrelaça com a tradição, a memória, a poética, a narrativa e a frequência.

A natureza se torna poesia e é transmitida como tal nas obras de Getsusen Kobayashi, onde os vários elementos assumem uma vida espelhando sentimentos e paixões humanas.

Suas obras documentam a variedade da paisagem nipônica, carregada de sugestões através de florestas, bosques ou cachoeiras. O artista interpreta tanto o transitório quanto o contingente, colhe nos fenômenos naturais a tênue luz do luar, a neve e os céus com neblinas ou ofuscados pelas chuvas.

No seu traço incisivo e no desenho refinado com tintas tênues transparece o típico sentimento que une o homem e a natureza numa verdadeira harmonia cósmica. Retratando os mais sugestivos recantos do País do Sol Nascente, Getsusen Kobayashi consegue comunicar através de suas paisagens um desejo de apropriação do belo, transferindo as emoções mais profundas, o desejo de coparticipação, as paixões, as alegrias e as atenções dos apreciadores da arte.



O artista

Getsusen Kobayashi, pseudônimo artístico de Misao Getsusen Kobayashi, nasceu em 1935, na província de Ibaraki, região de Hitachi-omiya, Japão. Imigrou para o Brasil no ano de 1963 a bordo do navio Argentina-maru, tendo fixado residência em Diadema, Estado de São Paulo. É formado em caligrafia japonesa, obtendo o grau de mestre da Associação de Hokushin Shodo, com sede em Osaka, no Japão.

Membro da Associação Mainichi shodo, participou da maior exposição de shodo realizada anualmente no Japão, onde seus trabalhos foram selecionados mais de dez vezes, e premiados duas vezes. É também membro da Associação Kokuji no Japão, que reúne artistas em ideogramas entalhados em madeira.

Participou ainda na categoria especial Mukansa, da Nihon Kokuji-tem, exposição que se realiza anualmente no Japão, onde foi oito vezes premiado.

Preocupado com a preservação e divulgação das artes milenares da Terra do Sol Nascente criou os cursos de Sumie (pintura) e Shodo (caligrafia) em diversas cidades do Estado de São Paulo, como Cotia, Ribeirão Pires e Vinhedo, e nos bairros paulistanos de Aclimação e Jabaquara, até hoje em plena atividade.

Há mais de 15 anos continua apresentando os vários aspectos da cultura oriental em São Paulo, Presidente Prudente, Angra dos Reis, São Sebastião, Santo Amaro, Vinhedo, entre outros. Paralelamente tem organizado diversas exposições de pintura e caligrafia na capital paulista.

Recentemente publicou um livro dedicado a sua obra editado pelo Instituto de Recuperação do Patrimônio Histórico no Estado de São Paulo, denominado A Arte Milenar de Getsusen Kobayashi, de Emanuel von Lauenstein Massarani e projeto gráfico de Cristiano Cocian Chiosea.

alesp