Servidores públicos também apresentaram demandas A Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento da Assembleia realizou, nesta quinta-feira, 9/8, mais uma audiência pública para debater o Orçamento estadual 2013. O debate aconteceu na Câmara Municipal de Campinas com o objetivo de ouvir as demandas da segunda maior região metropolitana do Estado. Conduzida pelo vice-presidente da CFOP, Luiz Cláudio Marcolino (PT), a mesa de trabalhos foi composta pelos deputados Cauê Macris (PSDB) e Gerson Bittencourt (PT), pelo vereador Thiago Ferrari, presidente da Câmara de Campinas, e pelo técnico da Emplasa Maurício Hoffman. No primeiro bloco, foram feitos os pronunciamentos das autoridades. Na sequência, os cidadãos que se manifestaram trataram de temas como homofobia, intolerância religiosa e meio ambiente. Marcolino destacou que hoje os investimentos não são específicos por regiões. "Quando se fala em recursos para um aeroporto, não se sabe em qual dos existentes no Estado será aplicado o recurso." O vice-presidente informou que os deputados já estão empenhados em derrubar o veto do Executivo ao artigo da Lei de Diretrizes Orçamentárias 2013, que prevê a regionalização na distribuição dos recursos orçamentários. "É através desses debates que podemos trazer recursos para nossa região metropolitana sem ficar à mercê da falta de investimentos que geram dificuldades na saúde, segurança e outras áreas prioritárias para a nossa população", afirmou Ferrari. Para Bittencourt, a audiência é a oportunidade para cada cidadão exercer seu direito de opinar na destinação dos recursos públicos. Ele apresentou como demandas a extensão da linha 7 da CPTM até Campinas, a conclusão do corredor noroeste, adequação de pontos de ônibus e implantação do bilhete único metropolitano. Na área da segurança pública, sugeriu mais equipamentos e recursos humanos. E para a Saúde Bittencourt quer mais equipamentos nos hospitais metropolitanos. Segundo Macris, o Estado de São Paulo tem avançado muito na organização administrativa com a contribuição da Assembleia Legislativa, que aprovou projetos de reorganização e criação de regiões. "Em nossa região o maior problema é o tráfego afogado em rodovias que acabam por se transformar em congestionadas avenidas de ligação entre municípios." Beto Trícoli (PV) e Ana Perugini (PT) também prestigiaram a reunião. Trícoli destacou a realização de audiências como instrumento para melhorar a aplicação dos recursos orçamentários de forma sustentável. Perugini parabenizou a CFOP pelo trabalho, lembrando que o espaço da participação popular nas audiências acaba se tornando um espaço de luta no Legislativo paulista. Intolerância e homofobia Presidente do Movimento Negro de Campinas, Moacir Barra Grande Filho, pediu a criação de uma delegacia de combate à intolerância religiosa na cidade e o cumprimento do Estatuto da Igualdade Racial. Marcio Henrique Cristino, do Projeto Arquivo Mais, falou em nome do segmento GLBTT e solicitou recursos para a área de saúde no atendimento voltado a transsexuais e campanhas de combate aos crimes homofóbicos, bem como a punição aos crimes de homofobia. O tema foi referendado por Paulo Mariante, que quer a divulgação da Lei Anti-Homofobia, a exemplo da campanha que teve a Lei Antifumo. "Afinal, para o governo do Estado, acender um cigarro é mais grave do que matar um homossexual? É o que está parecendo." Mobilidade e segurança Eduardo Gomes, ciclista do movimento Domingueiras de Campinas, tratou do tema mobilidade urbana. Para ele a ciclovia está associada a uma melhor qualidade de vida, com menos trânsito e poluição. Sugeriu ciclovias entre Padre Anchieta e centro, Santa Mônica e Jd. São Marcos, além do Jardim do Lago e Dique. Segurança foi a questão abordada por Rogério Menezes, do PV de Campinas, que lembrou a aposentadoria em massa do efetivo policial civil da cidade sem o ingresso de novos servidores, uma vez que os salários são desestimulantes. Aposentados e Iamspe Aparecida Vendramini, da Apampesp, declarou-se frustrada com o resultado de audiências anteriores, uma vez que nunca há reserva de recursos para os aposentados da Educação, os quais têm acumulado perdas nos proventos. Atendimento a pacientes do Iamspe na Santa Casa de Mogi Guaçu foi o pleito do cidadão Mário Rodrigues Filho. Cassio Ramalho é funcionário do Tribunal de Justiça e pediu o pagamento de repasse orçamentário de 6%, que permitirá a construção de novas varas, melhoria salarial etc. Meio ambiente O vereador Josias Lech, de Campinas, lamentou que o governador tenha vetado o dispositivo aprovado no Parlamento paulista que previa a regionalização na distribuição do Orçamento 2013. Seu colega Vicente de Carvalho sugeriu a instalação de um hospital veterinário público na RMC. Segundo ele, hoje esse trabalho é feito por ONGs sem ajuda governamental. O ambientalista João Pedro da Silva pediu mais recursos para o setor e valorização dos técnicos do segmento. A décima mais rica Sede de Região Metropolitana, Campinas situa-se a 96 km a noroeste da capital do Estado. Em 2011 sua população foi estimada pelo IBGE em mais de um milhão de habitantes, sendo que em 2010 era o terceiro mais populoso município de São Paulo. Décima cidade mais rica do Brasil, hoje é responsável por pelo menos 15% de toda a produção científica nacional, sendo o terceiro maior polo de pesquisa e desenvolvimento brasileiro. Até a primeira metade do século 18, Campinas era uma área de mata pouco explorada. Naquela época, surgiu um bairro rural na Vila de Jundiaí, próximo a uma trilha feita por bandeirantes entre 1721 e 1730, que seguia em direção ao atual Estado do Tocantins. A instalação de um ponto de parada de tropeiros, Campinas do Mato Grosso, denominado assim por ter sido erguido num descampado de uma mata fechada, impulsionou o comércio e atraiu moradores para o local. Na localidade, em 1772, os moradores reivindicaram a construção de uma capela, que foi erguida provisoriamente em 1774. Naquele ano foi assinado um ato que dava a Francisco Barreto Leme do Prado o título de "fundador, administrador e diretor" do núcleo urbano a ser fundado no entorno da capela. Nessa época, houve a chegada de vários fazendeiros oriundos de cidades paulistas como Itú, Porto Feliz e Taubaté. Por motivação destes fazendeiros e do governo da então Capitania de São Paulo, o bairro rural do Mato Grosso foi transformado em freguesia, vila de São Carlos (1797) e posteriormente em cidade de Campinas (1842).