Fotografar é antes de tudo um ato de participação ativa à nossa realidade, uma escolha que envolve globalmente do projeto ao registro da imagem, produzindo ao mesmo tempo uma mensagem, cuja eficácia será coerente com a precisão da síntese figurativa. Assim são as criações fotográficas de Camile Becker. Assim sendo, um refugo plástico de uma indústria do interior paulista, envolvido de centenas de fios, inspirou a fotógrafa-artista para criar uma obra reveladora de uma mensagem significativa. Tanto os resíduos industriais quanto os cérebros humanos não podem, nem devem ser considerados descartáveis. Entretanto, estudos recentes sobre imagens de ressonância magnética revelam que as estruturas cerebrais são mais simples do que se pensava. Os cientistas descobriram os caminhos de conexão do cérebro na matéria branca, um dos tecidos que o constituem e formam uma grade tridimensional como se fosse um tecido aramado. Portanto, longe de ser um emaranhado de fios, o cérebro é mais bem descrito como uma rede interligada. Por outro lado, a criatividade artística da fotógrafa Camile Becker nos apresenta na obra "Refugo de um cérebro" algo que representa nossa sociedade atual. Muitas mentes privilegiadas são bombardeadas de idéias brilhantes, porém elas acabam se desperdiçando pelo "stress" resultante da vida frenética de nossos dias. Camile Becker ama a fotografia e a observa por onde anda. Tudo lhe inspira e a faz viajar. Através da sua Nikon "congela" e materializa suas idéias e suas sensações, como na obra "Refugo", doada ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo e que também foi selecionada para participar da Feira Internacional de Arte de Padova, na Itália. A Artista Camile Becker nasceu na cidade de Toledo, no Estado do Paraná em 1975 de progenitores de origem portuguesa e alemã. Estudou primário e colegial no Instituto Coração de Jesus. Frequentou em Florianópolis a Universidade Univale seguindo cursos de administração de empresas e a seguir de jornalismo. No ano 2000 transferiu-se para a Itália onde, interessada em fotografia aprendeu em Milão a técnica de "steel-life". Participou de vários concursos na Itália e nos Estados Unidos e desde junho último enveredou para a fotografia de estúdio. Possui obras em diversas coleções particulares na Europa e no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.