As demandas incluem hospitais, mais policiamento, incentivos para a produção rural e estradas melhores De iniciativa da Comissão de Finanças, Orçamento e Planejamento (CFOP), foi realizada nesta segunda-feira, 20/8, audiência pública na Câmara de Sorocaba para debater o Orçamento estadual 2013, ouvindo as sugestões de investimentos dos moradores da região. O vice-presidente da CFOP, Luiz Cláudio Marcolino (PT), conduziu a reunião, que ainda teve as presenças dos deputados da região Maria Lúcia Amary (PSDB), Hamilton Pereira (PT) e Carlos Cezar (PSC), do 1º secretário da Câmara de Sorocaba, Luiz Santos, e do técnico Maurício Hoffman. Marcolino explicou a dinâmica das audiências neste ano, destacando que o técnico da Secretaria de Planejamento tem acompanhado todo o trabalho da comissão, o que é importante para que as sugestões se tornem de conhecimento do órgão responsável pelo envio do projeto à Assembleia Legislativa. Hoffman, por sua vez, esclareceu que a prática de gestão de recursos públicos remete ao ano de 1200, na Inglaterra. O técnico disse que avançar na discussão democrática dessa prática tão antiga se faz cada vez mais necessário. O 1º secretário afirmou que Sorocaba tem ganhado espaço no cenário econômico e que espera que as sugestões feitas na reunião de hoje possa atender os anseios da população. Ele protestou que a região de Sorocaba enfrenta dificuldades para obter recursos orçamentários. "Nada conseguimos, apenas presídios e pedágios." Propostas dos parlamentares Para Amary, as questões primordiais que merecem mais recursos na região são: hospital da zona norte, reforma de fóruns, implantação da rede Lucy Montoro, aumento do efetivo policial militar, construção do hospital regional, duplicação das rodovias Sorocaba-Piedade e Ibiúna-Piedade, pista de atletismo, escola integral, regularização fundiária, capacitação da polícia civil e reforma do museu de arte. Hamilton informou que a participação de Sorocaba e região no PIB estadual em 2011 foi de mais de 4%, maior que a Região Metropolitana da Baixada Santista. Só isso, segundo ele, justificaria transformar Sorocaba e municípios vizinhos em região metropolitana. Pavimentação das estradas Serrinha e Campininha, iluminação ligação Sorocaba-Porto Feliz e outras melhorias para vias da região foram propostas por Carlos Cezar. Transparência Daniel Oliveira reclamou que apresentou uma proposta no ano passado e não conseguiu obter informação se as incubadoras de cultura foram aprovadas ou não. Ele acessou informações sobre o que foi vetado no Orçamento 2012 para a região, mas não sabe o que foi aprovado. Infelizmente foram negados recursos para um hospital regional em Botucatu e para duplicação de estradas, entre outros. De tudo um pouco As demandas da população de Sorocaba incluem de tudo um pouco. Houve propostas de investimentos em setores muito variados que envolvem várias secretarias de Estado. O problema da criminalidade alta foi abordado por Antonio Francisco Mascarenhas. Ele afirmou que a violência na região aumentou e que seria fundamental um efetivo policial maior. Num comparativo com Bauru, as ligações no disque-denúncia são proporcionalmente mais frequentes em Sorocaba. Contribui para esse fator o tráfico de drogas, muito presente na cidade. Herculano Ramos, presidente da Cooperativa dos Trabalhadores da Construção Civil e região, pediu cursos de qualificação profissional e moradias para população carente. O cidadão Fábio Siqueira destacou que praticamente inexiste unidades da Unesp na região e que não há dotação orçamentária para o cumprimento do Estatuto do Idoso. Marcio Ferreira, deficiente visual parcial, sugeriu que a Secretaria Estadual da Pessoa com Deficiência tenha atuação mais acentuada, uma vez que cerca de 15% da população tem algum tipo de restrição física e seria beneficiada com políticas públicas da secretaria. Fernando Lisboa, morador do Piazza e Roma, quer verbas para incentivar lazer saudável aos jovens, como prática esportiva e leitura, de forma a conter o aumento do número de dependentes de drogas. O vereador Izidio, de Sorocaba, requereu a pavimentação da estrada Campolim, ginásio poliesportivo, escolas estaduais, unidade do corpo de bombeiros e restaurante Bom Prato para zona norte, benfeitorias na rodovia que liga Sorocaba a Iperó, delegacia de polícia nos bairros Eden e Cajuru, funcionamento 24h da delegacia da mulher e construção de hospital público municipal. Setor rural Wilson Tivelli, de São Roque, solicitou atenção especial ao programa da Secretaria de Agricultura que prevê a modernização das organizações regionais de agricultura. Marcos Issa, do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural (CMDR), de São Roque, disse que com o fechamento da casa de agricultura, o setor ficou abandonado em sua cidade. Houve crescimento de produção rural clandestina com desmatamento e predação de animais silvestres. Para Issa, a solução é o retorno da casa de agricultura e presença de polícia ambiental, sem contar que São Roque requer tratamento de esgoto. Aloísio Vascalvo, do CMDR de Alumínio, declarou que faltam agrônomos na região, casas de agricultura e viaturas para o atendimento ao setor rural. Cidades do sudoeste Moradores de outros municípios da região de Sorocaba fizeram intervenções para pleitear verbas para suas cidades. João Loco lembrou que o hospital de Apiaí carece de recursos humanos e de infraestrutura. O vereador Edivaldo Garotinho, de Salto, lamentou a situação da polícia civil, que se ressente da falta de funcionários. Ele ainda pediu mais creches e uma clínica de saúde. Mara Mello, de Araçoiaba da Serra, citou a falta de pontes, de máquinas niveladoras, de pavimentação de estradas e problemas na segurança pública. Ela propôs a ligação entre a Ufscar e a Floresta de Ipanema, para que o bioma possa ser estudado e sirva à pesquisa. Luiz Gonzaga, vice-prefeito de Taguaí, disse que a cidade concentra fábricas têxteis e que a estrada de acesso ao município dificulta o transporte da produção por estar em condições precárias. Solicitou ainda um hospital regional para Avaré. Manchester paulista Sorocaba é a quarta cidade mais populosa do interior de São Paulo, com mais de 500 mil habitantes e mais de 1,3 milhão em toda a região do entorno. Nos últimos 12 anos vem passando por projetos de urbanização. A cidade conta com 70 km de ciclovias, sendo a segunda maior malha cicloviária do Brasil, depois do Rio de Janeiro. Importante polo industrial, a cidade concentrou indústrias têxteis, inclusive de origem inglesa, o que lhe rendeu o apelido de Manchester paulista. Atualmente é a quarta maior cidade paulista a receber novos investimentos está entre as 30 cidades que mais geram empregos no Brasil. Às margens do rio Sorocaba habitavam os tupiniquins, do grupo tupi. Urnas funerárias e objetos de pedra lascada e polida foram encontrados na região, inclusive a cerca de dez quilômetros do centro da cidade. Na época do desbravamento do Brasil, existia na região apenas uma encruzilhada destacada por uma frondosa paineira, que, até o ano de 2008, ainda existia no bairro Árvore Grande. Ali índios, sertanistas, tropeiros e bandeirantes paravam para descanso e comercialização. Em 1589, o português Afonso Sardinha esteve no morro de Araçoiaba à procura de ouro mas encontrou somente minério de ferro. No local, construiu a primeira casa da região, que deu origem à fundação da vila de Nossa Senhora da Ponte de Monte Serrat. O capitão Baltazar Fernandes instalou-se na região em 1654 com família e escravos vindos de Santana de Parnaíba. Fundou então o povoado de Sorocaba (do tupi, lugar da rasgadura). O povoado foi elevado a município em 1661. A partir do século 17, começa o ciclo do tropeirismo e Sorocaba tornou-se um marco para os tropeiros por sua posição estratégica, entre as regiões norte, nordeste e sul. A Estrada de Ferro Sorocabana, inaugurada em 1875, foi um dos fatores do desenvolvimento industrial, que se iniciou com a Real Fábrica de Ferro São João do Ipanema, primeira metalúrgica da América Latina. Com a queda do algodão, os sorocabanos passaram a industrializar a fibra. Fábricas têxteis foram inauguradas em 1882, a Nossa Senhora da Ponte, e em 1890, a Santa Rosália e a Votorantim. O declínio da indústria têxtil fez com que a cidade diversificasse seu parque industrial a partir da década de 1970. Hoje são 1.700 empresas de máquinas, siderurgia e metalurgia pesada, indústria automobilística, autopeças, mecânicas, equipamentos agrícolas, químicas, petroquímicas farmacêuticas, papel e celulose, produção de cimento, energia eólica, eletrônica, ferramentas, telecomunicações etc.