Museu de Arte - Lucille Kanzawa


05/11/2012 14:00 | Emanuel von Lauenstein Massarani

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Clique para ver a imagem " alt="Foto da série "Yuba - Onde a arte vive da terra" Clique para ver a imagem ">

Lucille Kanzawa exprime sua confiança no poder expressivo e comunicativo da fotografia



A fotografia solicita "uma leitura aberta" endereçada à clareza fisionômica dos seres e dos objetos, de seu conhecimento singular" em que pese a ambiguidade que existe também nas coisas" e das inter-relações propostas pelo fotógrafo como estímulo a uma ulterior análise do real, do significado que as partes podem assumir caso se extraiam do contexto assinalando a existência e evidenciando os conteúdos.



Lucille Kanzawa exprime com lucidez esta confiança no poder expressivo e comunicativo da fotografia, pela qual se envolve em cada fase produtiva "desde o projeto à assemblagem e à impressão" sublinhando suas escolhas, sem deixar nada ao acaso ou à manipulação de outros.



Cabe ao leitor o papel de decodificar os conteúdos que se encontram no interior de suas informações visuais, por intermédio da extensão tridimensional dos sinais confrontáveis com a prospectiva originária da experiência cotidiana.



Analisando suas fotos, percebe-se bem que essa artista possui uma sua idéia sobre a fotografia, qual seja, ela não pode ser usada tão-somente como um simples instrumento de documentação, mas como um meio de conhecimento e construção das relações analógicas entre tempo e espaço real, entre memória da história passada e daquela presente, através das formas e os significados do seu habitat.



As quatro fotos da série "Yuba - Onde a arte vive da terra", doadas ao Museu de Arte do Parlamento de São Paulo, demonstram que Lucille Kanzawa é constante, fiel e precisa, não censura, não cancela, não esquece, não tem predileções, não escolhe, mas colhe desta comunidade nipônica criada no início século passado, tudo do mesmo modo, criando uma unidade importante em suas observações.



A fotógrafa



Lucille Kanzawa nasceu em Mirandópolis, São Paulo, em agosto de 1963. Começou a frequentar o universo dos Yubas desde muito cedo, acompanhando seu pai Yoshito, médico da comunidade.



Por influência de ambos, passou grande parte de sua infância e adolescência dedicando-se à música e ao ballet clássico.

Em 2002 inicia suas incursões fotográficas pelas ruas e galerias de São Paulo. Passa a freqüenta o Grupo Luminous de Fotografia e com ele participa de suas primeiras exposições coletivas.



Em 2004 recebe Menção Honrosa no I Concurso Riguardare de Fotografia "Um olhar atento sobre São Paulo" e é selecionada para participar do projeto Povos de São Paulo.



Sob a curadoria de Luis Tripolli, é premiada com o 2º lugar no concurso "Universo Familiar" promovido pelo Centro da Cultura Judaica, e recebe o Prêmio Porto Seguro de Fotografia/Revelação (2005).

Suas andanças por países longínquos renderam algumas matérias que foram publicadas na revista Caminhos da Terra, da Editora Peixes.



Volta então, às suas raízes à procura de imagens e uma história para contar. Reencontra os Yubas e há quatro anos vem desenvolvendo um trabalho documental sobre a comunidade.



Possui obras em diversas coleções e acervos, entre eles no Museu de Arte do Parlamento de São Paulo.

alesp