Semana da Cultura Negra debate violência contra jovens e implementação de cotas

Segundo estudo, metade dos homicídios vitimam jovens, dos quais 75% são negros
14/11/2012 16:35 | Da Redação: Isabella Rangel

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A Semana da Cultura Negra realizou nesta terça-feira, 13/11, seminário sobre as questões da violência contra jovens negros e a instituição de política de cotas no Estado. O evento foi solicitado pelo deputado Adriano Diogo (PT), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia, e contou com a participação da coordenadora do Núcleo Especializado de Combate à Discriminação, Racismo e Preconceito da Defensoria Pública, Vanessa Alves; de Juninho, membro da coordenação nacional do Círculo Palmarino e presidente do Instituto de Estudos Afro-Brasileiro Manuel Querino; de Edson França, presidente da União de Negros pela Igualdade (Unegro); Hugo Ferreira, do coletivo Zulmira Somos Nós; de assessores da deputada Leci Brandão (PCdoB) e de Ivan Seixas, presidente do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe).



Homicídios



Vanessa Alves iniciou a reunião divulgando dados de uma pesquisa de opinião pública solicitada pelo Senado e pela Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir). O estudo revela que mais da metade dos homicídios que ocorrem no Brasil atingem pessoas jovens, dos quais 75% são negros. "Ao longo da última década, tem crescido o número de mortes de negros, que passou de 14.055 em 2000 para 19.255 em 2010. Esses dados mais do que comprovam a pertinência desse debate", comentou. Vanessa disse ainda que o mérito das políticas de cotas é questionável, mas, segundo ela, enquanto houver exclusão social de negros na sociedade, não se deve pensar nesse ponto. "Enquanto não tivermos uma representação social efetiva, não estaremos enfrentando a questão".



Cotas como direito



Edson França, que também é historiador, destacou fatos históricos que explicam a cultura da violência contra a população. "O Estado usava aparelhos repressores contra o povo", afirmou França. O presidente da Unegro informou ainda que a cultura de violência origina-se de uma determinada política. Edson França considerou que o sistema de cotas deve ser muito bem estruturado a partir de denúncias das instituições que realmente praticam a exclusão dos negros.

Ivan Seixas citou dois casos de violência contra negros em grandes comércios e contou que possui muitos amigos negros que foram presos. O presidente do Condepe declarou que também foi preso no período da ditadura e, mesmo assim, pôde cursar faculdade, já seus amigos que foram detidos não tiveram esse direito. "A instituição das cotas não deve ser encarada como uma caridade e sim como um direito", disse. Os demais participantes seguiram com o debate, defendendo suas opiniões e relatando seus trabalhos em relação ao tema da violência contra jovens negros e implantação do sistema de cotas no Estado.

alesp