Comissão de Direitos Humanos entrega prêmio Santo Dias a ativistas

Solenidade, que está em sua 16ª edição, reuniu grande público
12/12/2012 00:15 | Da Redação: Marisa Mello Foto: Vera Massaro

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Prêmio Santo Dias<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120079.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Milton Belintani: prêmio entregue à mãe de Carlinhos, a pedido dos jornalistas André Caramante<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120080.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>   Ariel de Castro<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120081.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Labibi Atihé, presidente da Casa de David<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120082.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Daniela Skromov  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120083.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Danilo Manha e Carlos Bezerra <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120084.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Educafro  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120085.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Simão Pedro ao centro <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120086.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Leonardo Sakamoto (ao centro) <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120087.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Mães de Maio <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120088.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Leci Brandão e Mano Brown: contra o genocídio da juventude negra<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120089.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> SOS Crianças <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120090.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Vítimas da violência <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-12-2012/fg120091.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa promoveu sessão solene nesta segunda-feira, 10/12, para a entrega do prêmio Santo Dias a diversos ativistas que atuam em defesa dos direitos humanos. O deputado Adriano Diogo (PT), presidente da comissão, revezou a condução dos trabalhos com seus colegas Carlos Bezerra Jr. (PSDB), Leci Brandão (PCdoB) e Simão Pedro (PT). Entre os homenageados estavam o rapper Mano Brown e os jornalistas André Caramante, Danilo Manha e Leo Sakamoto. A sessão teve apoio do SOS RAcismo, do Condepe, do Comitê contra o Genocídio da Juventude Negra e da Oposição Sindical Metalúrgica.

Labibi Atihé, presidente da Casa de David - que atende 330 crianças portadoras de deficiência mental, foi o primeiro a receber a premiação. Atihé agradeceu, lembrando que a Casa atende muitas crianças que não se locomovem e outras que não se socializam. É um trabalho de equipe com extrema dedicação.

O primeiro jornalista da noite a ser premiado foi Danilo Manha, da Record News. Natural de Atibaia, 33 anos, Danilo trabalha no projeto Ressoar e já participou do programa De volta para minha terra, ambos voltados à assistência social. Para ele, o 3º setor tem transformado o país.

Em seguida, o prêmio foi entregue ao jornalista Leonardo Sakamoto, da ONG Repórter Brasil, que desenvolve uma luta contra o trabalho escravo no Brasil. Segundo Sakamoto, desde 1995, quando o Brasil reconheceu perante a ONU que o trabalho escravo existe no país, cerca de 43 mil pessoas já foram resgatadas de cárcere privado. Gostaria de agradecer a juíza Marli Lopes, de Mato Grosso, por ter me processado pela denúncia pública que fiz dela por ter paralisado o processo de libertação de trabalhadores escravos naquele Estado. A juíza alegou que a libertação estava atrapalhando o corte de cana em Mato Grosso, disse Sakamoto.

As indicações dos jornalistas ao prêmio foram feitas pelo deputado Carlos Bezerra Jr., que destacou que ao homenagear Leo, estava homenageando todos que lutam contra o trabalho escravo.



Exílio na democracia



O jornalista da Folha de S.Paulo, André Caramante, não pode comparecer porque se encontra refugiado, fora do Brasil, desde setembro, exilado em plena democraia, "após ameaças de morte que recebeu de grupos de extermínio", conforme explicou seu representante, professor Milton Belintani, que leu trechos da entrevista concedida por Caramante à colega Eliane Brum, em 8/10/12. Segundo Caramante, seus problemas começaram quando ele veiculou reportagem intitulada "Ex-chefe da Rota vira político e prega violência no Facebook", numa referência ao então candidato Paulo Telhada (PSDB). Comentários e frases contra Caramante pipocaram na rede social e, além disso, sua família passou a ser perseguida e o jornalista foi ameaçado de morte por e-mail. Belintani lembrou que o final da estória todos conhecem: "Caramante e a família tiveram que sair do país e Telhada acabou eleito vereador na cidade de São Paulo."

Caramante tem uma biografia singular. Cresceu na periferia paulistana, onde vendia papelão e foi camelô. Apaixonado pelo futebol, chegou a jogar em clubes de várzea, mas desistiu do futebol e entrou para a faculdade, uma vez que precisava de um emprego que sustentasse a família. Segundo Belintani, ao ler o livro Rota 66, de Caco Barcelos (jornalista que igualmente teve que sair do país por conta de denúncias contra policiais), Caramante se inspirou e acabou tendo o mesmo destino de Caco, "sair do Brasil, após trabalhar mais de 13 anos denunciando grupos de extermínio".

A pedido de Caramante, seu prêmio foi entregue a Dona Maria, mãe do jovem Carlinhos, jovem deficiente que, ao ser abordado pela polícia, não conseguiu se expressar e "acabou morto, tendo a cabeça e as mãos decepadas", conforme explicou Belintani. O prêmio foi concedido por indicação de Adriano Diogo.



Mano Brown



Como ele mesmo disse, pouco afeto a aparecer na mídia e em eventos políticos, o rapper Mano Brown compareceu à Assembleia para receber o prêmio Santo Dias, conforme indicação da deputada Leci Brandão. Mano Brown discursou contra o "atual genocídio da juventude negra". Ele disse que o governo do Estado "usa a morte como marca própria". Mano afirmou que gostaria de saber como o Brasil pode se firmar como um país do G8, permitindo que haja 30 mortos por semana na maior cidade do país. "Já não bastasse tudo o que o preto passa na periferia, ele ainda tem que encarar esse quadro enquanto o governo repete que nada está acontecendo."

Danilo Belchior entregou a premiação ao rapper, explicando que vários jovens negros vieram prestigiar a solenidade, vindos em marcha do Masp até a Assembleia, em protesto contra o "genocídio da juventude negra". Leci disse que manifestações como as de hoje na Assembleia só podem acontecer porque existe a Comissão de Direitos Humanos, com um presidente como Diogo.



Educafro e Defensoria



A rede de cursinho pré-vestibular Educafro, voltada ao preparo gratuito de afrodescendentes, foi indicada por Simão Pedro. Frei David, coordenador da entidade, recebeu o prêmio. Simão Pedro disse que a elite paulista nas universidades é resistente ao sistema de cotas. "Mas isso deve mudar porque a presidente Dilma já sancionou lei que fixa o sistema nas universidades federais e as demais devem seguir o padrão."

Indicada por Adriano Diogo, a jovem defensora pública de São Paulo, Daniela Skromov, foi premiada e recebeu desagravo pela desmoralização que enfrentou junto com Mateus Baraldi. A família de Daniela igualmente recebeu desagravo por ter sido achincalhada na revista Veja.

Daniela agradeceu o prêmio, ressaltando que "infelizmente aquele que deveria defender o cidadão é aquele que mais o avilta: o Estado." A jovem disse que o autoritarismo ainda é muito presente e que "precisamos do direito humano mais em prática e menos na teoria".



Fundação Criança de SBC



O jovem advogado Ariel Castro Alves representou a outra premiada da noite, a Fundação Criança de São Bernardo do Campo que, segundo Ariel, tem a missão de garantir os direitos humanos de crianças e adolescentes. A Fundação tem prosseguido na luta contra o desaparecimento de jovens. "Todos os dias cerca de 22 crianças são assassinadas no Estado. Continuaremos a defender os excluídos, ainda que isso custe-nos ameaças."

O prêmio do Movimento Nacional de Direitos Humanos foi entregue a Hildo Marques, que destacou que houve avanços nos últimos anos na área de direitos humanos, como o Conselho Nacional de Segurança Pública, o Condepe, a Ouvidoria de Polícia e os comitês de direitos humanos. "Mas estamos perdendo espaço ao assistir a matança nas periferias."

Sonia Aparecida Santos, ao receber o prêmio por seu trabalho contra o racismo, declarou que "a pessoa não pode ser avaliada por sua cor, sua roupa etc."

alesp