Comissão da Verdade ouve depoimentos sobre militantes da ALN


05/03/2013 21:53 | Da Redação Fotos Roberto Navarro

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José Luís Del Royo e José Carlos Dias de Oliveira  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg121957.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg121959.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Dimas Dias de Oliveira <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg121960.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> José Luís Del Royo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg121961.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva desta terça-feira, 5/3 <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg121962.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Público presente <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg121963.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Sonia do Carmo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg121964.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Isis Dias de Oliveira e Paulo César Botelho Massa eram militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) e estavam na clandestinidade quando foram presos juntos, em 1972, no Rio de Janeiro, pelo DOI/Codi. Nunca mais foram vistos por seus familiares.

Eles são parte da história que a Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), quer tirar dos porões para trazer à luz. Os casos de Isis e Paulo César, que tinham respectivamente 30 e 26 anos ao serem presos, foram abordados na reunião que a comissão realizou nesta terça-feira, 5/3.

Dimas Dias de Oliveira, irmão de Isis, fez à comissão um breve relato da história e da vida familiar. Ele falou também da dificuldade de conviver com a perda de uma pessoa querida sem saber ao certo o que ocorreu com ela. "Mas tenho a esperança de que, com o trabalho da Comissão da Verdade, se acenda uma luz e tenhamos notícias mais concretas de Isis", afirmou.

José Luiz Del Royo disse ter conhecido Isis na Faculdade de Ciências Sociais, em 1965, quando ele era secretário político do Partido Comunista Brasileiro na Universidade de São Paulo. "Ela era culta, hábil e inteligente, e eu logo a identifiquei como um excelente quadro", revelou Del Royo. "E de fato ela foi um dos militantes mais completos que conheci."

Ele acredita que o papel de Isis no movimento político tem sido subestimado. Del Royo lembrou a participação dela nas grandes discussões políticas, ao lado de Jacob Gorender, Carlos Marighella e Câmara Ferreira. Além disso, Isis tinha conhecimento sobre o funcionamento da gráfica do partido, "que era algo muito importante e do qual só os quadros absolutamente confiáveis tinham informação".

José Luiz Del Royo contou ainda que ele e Isis foram casados de 1967 a 1969, ano em que tiveram o último contato, quando Isis voltou de um curso que fora fazer em Cuba.



Arquivo Nacional



Ele pediu que a Comissão da Verdade solicite oficialmente ao Arquivo Nacional uma cópia da Informação 4.057, de 11/9/1975, do Serviço Nacional de Informações (SNI). Trata-se de um documento de circulação interna do órgão, segundo Del Royo, no qual consta que Isis teria sido morta em 31/1/1972, o mesmo dia de sua prisão. "Isis era uma excelente atiradora e nunca andava desarmada. Ela não se entregaria viva. Eu gostaria que se comprovasse que ela morreu resistindo à prisão", concluiu Del Royo.

A comissão ouviu também Sonia Irene Silva do Carmo, que conheceu Isis no cursinho do Grêmio das Ciências Sociais, preparatório para o vestibular, em 1964. Ambas entraram na faculdade da USP, da rua Maria Antônia, em 1965. "Ela tinha cabelos longos e era tímida, tinha poucos amigos", lembrou Sonia.

"O cursinho do Grêmio era um preâmbulo da vida política. Havia muita discussão e a faculdade fervilhava", recordou Sonia. Ela relatou à comissão a trajetória política dela e de Isis, que em 1967 seguiram caminhos diferentes, mas sempre mantendo contato, até o último encontro, em setembro de 1970.

Sonia foi uma das pessoas que lembrou a luta da mãe de Isis, Felícia Mardini de Oliveira, em busca de notícias da filha. Felícia morreu em 2010, depois de 38 anos à procura de informações sobre Isis.

"A ditadura só vai ter seu ponto final quando todos os casos forem esclarecidos e os familiares puderem enterrar os corpos de seus entes queridos", observou Adriano Diogo.

Na reunião da Comissão da Verdade, foram apresentados memoriais de Isis e de Paulo Cesar Botelho Massa, com informações biográficas de ambos, desde o nascimento até a prisão na época da ditadura. A assessora da comissão Amélia Teles fez a leitura do texto "Verdade e gênero", destacando o papel das mulheres na militância política, subvertendo "a ordem patriarcal acomodada na ideologia ditatorial".

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