Médicos e especialistas defendem vacinação contra HPV na rede pública

Fase mais propícia para se proteger do vírus é entre 11 e 14 anos
11/03/2013 21:17 | Da Redação: Fernando Caldas e Blanca Camargo Fotos: Roberto Navarro

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Ana Perugini, coordenada da Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Mulheres<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg122219.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Debtes do 2º Seminário Prevenção e Combate ao HPV<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg122220.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Público presente <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg122221.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>   Odair Albano <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg122222.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Marcia Fuzaro Terra Cardial <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg122223.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cesar Eduardo Fernandes <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg122224.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Antonio Meira <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg122225.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Luiza Lina Villa <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg122226.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Cecilia Maria Rotelli Martins  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2013/fg122227.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A incorporação da vacinação contra o HPV pela rede pública de saúde do Estado de São Paulo esteve no centro das discussões do 2º Seminário Prevenção e Combate ao HPV, realizado nesta segunda-feira, 11/3, pela Frente Parlamentar em Defesa dos Direitos das Mulheres, coordenada pela deputada Ana Perugini (PT), em parceria com a Sociedade de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp).

A deputada Perugini é autora do Projeto de Lei 708/2007, que autoriza o Poder Executivo a instituir o programa de vacinação contra o Papiloma Vírus Humano " HPV na rede pública de saúde, e também do PL 326/2012, que visa instituir o Dia Estadual de Combate ao Câncer de Colo de Útero, a ser comemorado anualmente em 11 de março, que marca o nascimento de Harald Zur Hausen, médico responsável pelas pesquisas que identificaram o HPV16 e HPV18 em cânceres cervicais e colaboraram para o desenvolvimento da vacina. Hausen recebeu, em 2008, o prêmio Nobel de Medicina, junto com Luc Montagnier e Françoise Barré-Sinoussi.

César Eduardo Fernandes, presidente da Sogesp, disse que a entidade, que representa cerca de 6 mil ginecologistas e obstetras, está empenhada na campanha para sensibilizar o Poder Público em relação à necessidade de implantação da vacina contra o HPV no Estado de São Paulo. Ele destacou que as questões da saúde das mulheres não se resumem ao HPV, mas que este é um tema que merece por parte do Poder Público uma ampla política de comunicação, com informações de qualidade.



Campanhas educativas



Odair Albano, ginecologista e obstetra, reforçou a necessidade de campanhas educativas e de informação pela mídia. "Todos nós somos veículos de comunicação. Todos os cidadãos são suportes de informações. A mulher, mais do que nunca, precisa da comunicação, pois 40% das mortes por câncer de útero são evitáveis", disse.

A diretora da Sogesp, Márcia Fuzaro Terra Cardial, coordenadora da campanha contra o HPV, disse que existem ainda muitos preconceitos em torno das doenças sexualmente transmissíveis. "Muitas pessoas confundem HPV com promiscuidade, sem saber que, em algum momento da vida, todos podemos encontrar o vírus em nossos organismos."

Estudos internacionais indicam que entre 50% e 80% das mulheres sexualmente ativas serão infectadas por um ou mais tipos de HPV em algum momento de suas vidas. Segundo Márcia, 100% dos casos de câncer do colo de útero estão associados ao HPV, em particular os dos tipos 16 e 18. Ela destaca que a fase mais propícia para se proteger do vírus é entre os 11 e 14 anos. A vacinação confere imunidade para aquelas mulheres ainda não expostas aos HPV tipos 6, 11, 16 e 18, situação esta que atinge especialmente as mulheres que não iniciaram a atividade sexual.

Segundo a especialista, as duas variedades de vacinas existentes são eficazes e aprovadas pelas sociedades médicas e vigilância sanitária. Ficar esperando para aplicá-las pode ser uma conduta de risco. "Vamos vacinar as adolescentes. Temos de proteger, sim, a infância e as meninas", disse Márcia, sem deixar de alertar para a necessidade de outros controles do HPV, como o rastreamento por meio de exames regulares de Papanicolaou e o uso de preservativos, entre outros.



Eficácia comprovada



A bioquímica e pesquisadora do Instituto do HPV da Santa Casa de São Paulo Luiza Lina Villa também foi enfática ao afirmar que a vacina é segura e efetiva contra os tumores causados por HPV. De acordo com a pesquisadora, a vacina bivalente tem evidências de ser eficaz em 70% dos casos de colo de útero. Já a Quadrivalente previne 70% dos casos de câncer do colo de útero, 40% do câncer de vulva, 56% de câncer de vagina, 87% dos casos de câncer de ânus e 90% dos casos de câncer peniano.

Luiza apresentou o exemplo da Austrália, país que adotou a vacinação contra o HPV no seu sistema público de imunização e atingiu resultados significativos de redução de verrugas genitais entre as mulheres vacinadas, cerca de 59%. Também entre os homens que se relacionavam com essas mulheres houve queda de 35%.

Segundo a pesquisadora, os desafios para a adoção massiva da vacinação contra o HPV estão no ainda elevado custo da vacina, na existência de outras prioridades em programas de saúde pública e na dificuldade de administração e monitoramento da imunização em grande escala.

Também em defesa da vacina, a médica Cecília Maria Rotelli Martins, do Hospital Leonor Mendes de Barros, na zona leste da capital, lembrou que no mundo 529 mil novos casos de câncer no colo do útero causados por HPV surgem anualmente, e cerca de 275 mil mulheres morrem em consequência dele. "Ao longo dos anos, ainda não assistimos à diminuição do número de casos. É um mito considerar que o rastreamento do câncer do colo de útero por meio de testes Papanicolaou seja mais eficaz do que a imunização. A verdade é que a vacina é mais efetiva para evitar a doença."



Menção honrosa



Vinte pessoas da área médica e fora dela, que se destacaram na luta pela adoção da vacina contra o HPV, foram homenageadas com a entrega de menção honrosa e consideradas propagadoras da campanha de vacinação: Márcia Terra Cardial, César Eduardo Fernandes, Anilita Lunardi Bustus, Carla Carvalho, Clotilde Martins, Fernando Rodrigues, Giana Venâncio, João Bosco Misiara, José Luiz Esteves Francisco, Lenira Maria Queiroz, Maria Cecília da Silva Vignola, Neil Oliveira Lamara, Patrícia Luchesi, Paulo César Girardi, Sílvia Maria Bergamo, Zubeide da Silva, Luisa Lina Villa, Cecília Roteli e a deputada Ana Perugini.

O presidente da Sogesp, César Eduardo Fernandes, ao agradecer a menção honrosa, destacou que qualquer que seja a vacina contra o HPV adotada pelo Estado e pela federação será bem-vinda, e que o mais importante é realizar a vacinação na "janela" apropriada, ou seja, em meninas a partir dos 11 anos.

A deputada Ana Perugini, ao encerrar o seminário, enfatizou que a luta é para que a vacina contra o HPV chegue à rede pública não só no Estado de São Paulo como no Brasil, no SUS. Ela destacou também que não basta a realização do exame Papanicolaou para fazer frente ao crescimento de óbitos por câncer de colo de útero, já que o exame é meramente dignóstico, somente a vacinação previne de forma eficaz. Ela informou ainda que tramitam na Câmara dos Deputados dois projetos de lei, de autoria do Senado e já aprovados por ele, que propõem a inclusão da vacinação na rede SUS.



Sobre o HPV



Os HPV, sigla em inglês para papiloma vírus humano, são vírus da família Papilomaviridae, capazes de provocar lesões de pele ou mucosa. Na maior parte dos casos, as lesões têm crescimento limitado e habitualmente regridem espontaneamente. Existem mais de 200 tipos diferentes de HPV. Eles são classificados em: de baixo risco de câncer e de alto risco de câncer. Somente os de alto risco estão relacionados a tumores malignos.

Os vírus de alto risco, com maior probabilidade de provocar lesões persistentes e estar associados a lesões pré-cancerosas são os tipos 16, 18, 31, 33, 45, 58 e outros. Já os HPV de tipo 6 e 11, encontrados na maioria das verrugas genitais (ou condilomas genitais) e papilomas laríngeos, parecem não oferecer nenhum risco de progressão para malignidade.

A maioria das infecções é transitória, sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune, principalmente entre as mulheres mais jovens. Qualquer pessoa infectada com HPV desenvolve anticorpos (que poderão ser detectados no organismo), mas nem sempre estes são suficientemente competentes para eliminar os vírus.

A transmissão é por contato direto com a pele infectada. Os HPV genitais são transmitidos por meio das relações sexuais, podendo causar lesões na vagina, colo do útero, pênis e ânus. Também existem estudos que demonstram a presença rara dos vírus na pele, na laringe (cordas vocais) e no esôfago. Já as infecções subclínicas são encontradas no colo do útero. O desenvolvimento de qualquer tipo de lesão clínica ou subclínica em outras regiões do corpo é bastante raro.

Existem fatores que aumentam o potencial de desenvolvimento do câncer de colo do útero em mulheres infectadas pelo papilomavírus: número elevado de gestações, uso de contraceptivos orais (pílula anticoncepcional), tabagismo, pacientes tratadas com imunosupressores (transplantadas), infecção pelo HIV e outras doenças sexualmente transmitidas (como herpes e clamídia).

(Fonte: INCA " Instituto Nacional do Câncer)

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