Audiência em solidariedade às vítimas do tsunami, ocorrido no Japão em 2011, foi realizada nesta segunda-feira, 11/3. Por solicitação do deputado Carlos Giannazi (PSOL), o ato de solidariedade contou com a presença do deputado Jooji Hato (PMDB), o diretor cultural da Associação Hibakusha Brasil pela paz, André Lopes, o cônsul de Assuntos Políticos Gerais do Japão no Brasil, Akira Suzuki, o presidente da Associação Hibakusha Brasil pela paz e sobrevivente da bomba atômica, Takashi Morita, trabalhadores da Usina Nuclemon, alunos japoneses representando os Mensageiros da Paz, alunos da Etec Takashi Morita e a médica pneumologista e especialista em medicina do trabalho, Maria Vera Castellano. Nesta data é lembrado o tsunami ocorrido no Japão há exatos dois anos, que culminou na morte de mais de 20 mil pessoas e tornou inóspitas áreas localizadas a um raio de 20 km da Usina Nuclear de Fukushima, que explodiu na ocasião. Para não esquecer A audiência teve início com os hinos do Brasil e do Japão e em seguida foi dedicado um minuto de silêncio à memória das vitimas do tsunami. O deputado Carlos Giannazi salientou que a audiência tem por objetivo servir como base de discussão e reflexão sobre problemas ocasionados por usinas atômicas e nucleares. Alunos japoneses confiaram ao deputado Jooji Hato uma carta escrita pelo prefeito de Fukushima para ser entregue ao governador Geraldo Alckmin. Durante a sessão, o cônsul japonês no Brasil parabenizou a iniciativa e afirmou que lembrar essa data é uma forma de não esquecer a tragédia. Um vídeo com imagens da tragédia foi mostrado e em seguida, jovens japonesas, por meio de intérpretes, relataram como foram os momentos vividos e como ficaram as cidades atingidas. Segundo Sacura Takama, no dia seguinte à passagem do tsunami, a usina nuclear de Fukushima explodiu e sua casa está localizada no território contaminado. "Hoje, os moradores da região podem ir a suas casas a cada seis meses por até duas horas. A imprensa diz que o Japão está reconstruído, mas eu vim até aqui para falar que continuamos com sérios problemas. Peço apoio aos moradores de Fukushima e que ninguém esqueça o que aconteceu", concluiu Sacura. Outra jovem ouvida, Saya Sazaki informou que um alarme contra tsunami soou às 12h56 e, meia hora depois do terremoto, a onda atingiu a costa japonesa e devastou tudo. "Quando o mar recuou, sobraram apenas escombros nas cidades. O tsunami atingiu os abrigos, mas muitos conseguiram escapar. Hoje, há muitos escombros que não podem ser retirados devido à radioatividade. Se não houvesse a explosão da usina estaríamos vivendo melhor", finalizou mostrando fotos de sua cidade, Inate, que foi arrasada. Risco nuclear no Brasil Ressaltando as consequências geradas pela explosão de uma usina nuclear, a médica Maria Vera, auxilia ex-trabalhadores da usina nuclear Nuclemon, fechada em 1992. Esse apoio apenas é possível graças a um treinamento recebido no Japão, que visa orientar médicos em caso de exposição radioativa. Segundo a médica, muitos trabalhadores morreram de câncer e os que estão vivos não recebem acompanhamento médico nem indenização. "Deveria ser aplicada uma lei adequada para quem trabalha com radiação ionizante, pois o risco é muito grande. Faltam no Brasil leitos especiais e planos de ação em caso de acidente, além de plano de evacuação. A energia nuclear deve ser vista com a seriedade que merece." Os ex-trabalhadores da usina Nuclemon relataram as doenças adquiridas pela exposição à radioatividade devido à falta de equipamento adequado. Pediram medidas eficientes para que não aconteça novamente acidentes dessa magnitude. Ao término da audiência, André Lopes expôs que é de suma importância que ocorram ações destinadas a informar a população e forçar os órgãos do governo a fiscalizar as usinas. Como exemplo, lembrou a usina nuclear localizada em Angra dos Reis, que merece atenção redobrada devido a sua localização em terreno acidentado.