Opinião - A advertência de Santo Agostinho

Além da crise econômica, o país vive a crise nos relacionamentos humanos
18/03/2013 17:34 | Welson Gasparini*

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Santo Agostinho dizia que "a necessidade não conhece leis". O Brasil está atravessando uma das fases mais difíceis de sua história, exigindo de seus dirigentes capacidade e serenidade em suas ações administrativas para evitar o caos.

Apesar da propaganda paga pelo governo federal, afirmar que o nosso país está em pleno desenvolvimento, o fato é que o desemprego e baixos salários estão trazendo angústias e desespero a milhões de famílias.

Com a economia paralisada, falta esperança por dias melhores. A classe trabalhadora está desiludida e é massa de manobra para líderes irresponsáveis capazes de conduzi-la ao desrespeito à lei e até mesmo à marginalidade.

Por isso, é importante lembrar a advertência de Santo Agostinho. Só nas capitais brasileiras, existem centenas de favelas com milhares de famílias vivendo na miséria. Outros milhares de brasileiros estão acampados em zonas rurais, em situação lastimável, esperando a prometida reforma agrária, que geraria milhões de empregos. O prometido não aconteceu.

Além da crise econômica, o país vive a crise nos relacionamentos humanos. Para criminosos, a vida nada vale. Eles matam e roubam para satisfação de seus vícios e ambições desmedidas. Em Ribeirão Preto, o pastor de uma igreja evangélica foi assassinado numa padaria, num crime chocante " cujas imagens foram exibidas pela televisão - porque utilizava um celular e o criminoso imaginou que ele estivesse ligando para a polícia.

A crise de valores morais e espirituais é profunda. As famílias estão desaparecendo com as separações. O que deveria ser exceção passou a ser regra. Nas escolas, alunos ameaçam e agridem professores. Pais apanham de filhos e são humilhados. Acabou o respeito pelos mais velhos. A corrupção atinge todas as camadas sociais. Quem já tem muito não se contenta e pratica atos de corrupção para ter ainda mais.

Enquanto isto, milhões de brasileiros são humilhados, pois lhes tiram oportunidades de emprego ou lhes pagam salários irrisórios, insuficientes para alimentação e habitação.

Com todo este dramático quadro nossas autoridades, talvez desconhecendo a máxima de Santo Agostinho, churrasqueiam nos palácios e fazem discursos dizendo que vai tudo bem. São aplaudidos por políticos e banqueiros mas, se estivessem atentos, ouviriam o choro dos necessitados.



*Welson Gasparini é deputado estadual (PSDB), advogado e ex-prefeito de Ribeirão Preto

alesp