Filhos de presos e desaparecidos políticos serão ouvidos pela Comissão da Verdade


02/05/2013 21:48 | Da Redação: Silene Coquetti

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Cena do filme 'O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias'<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124427.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Cartaz do filme 'O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias'<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124428.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> O filme semiautobiográfico tem direção de Cao Hamburguer<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124429.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> O filme relata a história do garoto Mauro, mineiro de doze anos, que adora futebol e jogo de botão<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124430.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Cerca de 50 depoimentos de filhos de ex-presos políticos, mortos e desaparecidos no período da ditadura militar (1964-1985) serão ouvidos pela Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, no seminário Verdade e Infância Roubada, que se realizará de 6 a 10 de maio, na Assembleia Legislativa. O evento é uma parceria entre a comissão e o Instituto do Legislativo Paulista.

O seminário ocorrerá nos períodos da manhã e da tarde, das 10h30 às 18h, no auditório Teotônio Vilela (avenida Pedro Álvares Cabral, 201, 1º andar). Ele também poderá ser acompanhado pela internet, acessando o link www.al.sp.gov.br/a-assembleia/tv-web e selecionando o canal correspondente ao auditório onde se realiza o encontro. É necessário utilizar o navegador Internet Explorer. As atividades da Comissão Estadual da Verdade podem ser seguidas ainda pelo Twitter (twitter.com/CEVerdadeSP) ou pelo Facebook (www.facebook.com/ComissaoDaVerdade.SP).

A comissão

A Assembleia Legislativa instalou a Comissão da Verdade Estadual em 1º de março do ano passado, antes mesmo que órgão semelhante fosse implantado em âmbito nacional. Presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), ela já realizou uma série de audiências, workshops e encontros para auxiliar na apuração de fatos do período da ditadura militar. No início deste ano, as reuniões se concentraram na busca de novas informações e de reconhecimento oficial para os casos de desaparecidos políticos.

Na próxima semana, a comissão vai colocar foco nos casos de crianças que, em consequência das atividades políticas de seus pais, foram afastadas de suas famílias e presenciaram ou sofreram tortura em dependências de órgãos de repressão política.

Um dos casos mais recentes, que ganhou destaque na imprensa, foi o suicídio de Carlos Alexandre Azevedo, em 18 de fevereiro passado, aos 40 anos. Filho do jornalista Dermi Azevedo, que estava preso em 1974 por ter ajudado a denunciar abusos dos órgãos de repressão, Carlos foi levado ao Deops paulista em janeiro daquele ano. Com apenas um ano e oito meses de idade, foi torturado e sofreu lesões das quais nunca se recuperou e que acabaram levando-o ao suicídio.

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias

O filme "O ano em que meus pais saíram de férias" relata a história do garoto Mauro, mineiro de doze anos, que adora futebol e jogo de botão. Seus pais por atuarem como militantes da esquerda são obrigados a fugir, após serem perseguidos por agentes da ditadura militar e, para proteger o filho, o deixam com o avô paterno. No entanto, no mesmo dia em que Mauro chega no bairro do Bom Retiro em São Paulo, seu avô morre e ele fica sob os cuidados de Shlomo, velho judeu solitário que é vizinho de porta.

O filme se passa no ano de 1970, no qual a Copa do Mundo monta o cenário do drama, que mistura a ingenuidade de uma criança em meio aos horrores da ditadura. Com foco nas transformações que ocorrem na vida do protagonista, como a conquista de novas amizades e o desenvolvimento de uma relação de confiança e amizade com o velho judeu ranzinza. A tristeza do garoto pela ausência repentina de seus pais se mistura com sensações de felicidade ao ver jogos da seleção brasileira.

Durante o desenrolar do filme, as situações geradas por conta da ditadura são amenizadas por sua paixão pelo futebol enquanto espera sem resposta a volta ou um telefonema de seus pais.

O longa lançado em 2006 pelo diretor Cao Hamburger é um drama semi-autobiográfico, pois seus pais, professores da USP, ficaram por curto espaço de tempo detidos por agentes militares. O filme retrata a ditadura sob a ótica de uma criança e usa uma filmagem em cores pasteis para retratar de forma calma e poética a as misturas de sentimentos do protagonista.

Ficha Técnica

Direção - Cao Hamburger

Elenco - Michel Joelsas: Mauro; Daniela Piepszyk: Hanna; Germano Haiut: Shlomo; Simone Spoladore: Bia; Caio Blat: Ítalo; Eduardo Moreira: Daniel; Liliana Castro: Irene; Rodrigo dos Santos: Edgar; Paulo Autran: Mótel.

Roteiro: Cláudio Galperin, Bráulio Mantovani, Anna Muylaert, Cao Hamburger

Diretor de Fotografia: Adriano Goldman

Direção de Arte: Cássio Amarante

Montagem: Daniel Rezende

Trilha Sonora: Beto Villares

Figurino: Cristina Camargo

Coprodução - Globo Filmes, Lereby Produções, Gullane Filmes, Caos Produções, Miravista.

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