Histórias das famílias Gabrois e Teles são contadas na Comissão da Verdade
08/05/2013 21:12 | Da Redação: Monica Ferrero Fotos: Márcia Yamamoto






Na tarde de 8/5, a Comissão da Verdade Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT) ouviu os irmãos Janaína e Edson Luis de Almeida Teles; João Carlos Schmidt de Almeida Grabois e Igor Grabois. Igor, filho de Gilberto Olímpio Maria e Victória Grabois, foi o primeiro a depor.
Nascido em 1966, Igor contou que nasceu numa família de comunistas, pois é neto de Maurício Gabrois, um dos fundadores do Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e um de seus dirigentes até sua morte na guerrilha do Araguaia, em 1973. Por conta desse movimento, tanto o pai como o avô passavam longos períodos fora de São Paulo. Também era figura eventual em sua casa o também dirigente do PCdoB João Amazonas, que era considerado um tio.
A vida era o mais normal possível, mas Igor lembra que era proibido de levar crianças a seu quarto, que abrigava documentos e livros do partido. Depois do desaparecimento de seu pai, seu avô e o tio André Gabrois, mortos no Araguaia em 1973, outro fato marcante foi a queda da casa da Lapa, em 1976, que gerou um certo pânico em sua casa, e quando Amazonas deixou de aparecer por lá.
Em sua certidão de nascimento constava o nome Jorge Freitas, e sua mãe Victoria usava o nome de Teresa. Apenas após a anistia, em 1982, os documentos foram consertados e Igor começou a saber da verdade sobre a militância familiar. Após 1995, com o reconhecimento da morte de seu pai, é que sua vida civil pôde ser regularizada. "Ser clandestino era ser a única criança que não tinha parentes, não tinha antecedentes familiares e não tinha origem. Era ter a vida preenchida por vazios e mistérios", disse Igor Gabrois.
Para ele, a solução para as famílias seria a abertura dos arquivos da ditadura. Embora as Forças Armadas tenham afirmado que foram incinerados, Igor acredita que há muito a ser descoberto. Para ele, a falta de divulgação dos arquivos do Exército protege as classes dominantes, pois muitos colaboradores da ditadura ainda estão na ativa.
Irmãos Teles
Filhos de César Augusto Teles e Maria Amélia de Almeida Teles " coordenadora da Comissão da Verdade " Edson Luiz e Janaína falaram a seguir. Nascido em 1968, Edson foi batizado em homenagem ao estudante secundarista morto no Rio de Janeiro naquele ano. Ambos foram sequestrados, com 4 e 5 anos de idade, com a tia Crimeia, dias depois da prisão dos pais, em dezembro de 1972.
Ambos contaram que passavam o dia no pátio da Oban, e que eram levados a ver os pais como forma de pressioná-los a confessar. Edson lembra do rosto da mãe deformado pelas torturas, e Janaína disse que imaginava estar num hospital estranho, onde havia pessoas feridas mas não médicos. À noite, as crianças eram levadas para casa de um policial. Isso durou alguns dias, sendo que depois foram levados para Belo Horizonte, para a casa de um tio delegado.
Edson afirmou que não tem boas lembranças de sua estadia na casa do tio, que não conhecia antes. Naquela casa as regras eram rígidas, e o tratamento diferenciado em relação às outras crianças. Na escola era o período de socialização, mas tanto Janaína quanto Edson relataram ter de criar estratégias de sobrevivência, com o uso de mentiras sobre sua família.
A tia Crimeia Alice Schmidt de Almeida os recuperou meses depois, levando-os para o Rio de Janeiro. Não viviam uma vida clandestina, usavam seus nomes, mas não podiam dar detalhes sobre sua família.
Maria Amélia relatou os problemas psicológicos que seus filhos de Janaina e Edson tiveram, solucionados com ajuda de uma grande rede de solidariedade, como a madre Cristina, do Instituto Sedes Sapientae, da PUC/SP. Para ela, seus filhos e outras crianças tiveram mesmo a infância roubada, pois tiveram de amadurecer cedo.
Torturado na barriga da mãe
João Carlos Schmidt de Almeida Gabrois, o Joca, nasceu no Hospital do Exército de Brasília, em fevereiro de 1973, odne permaneceu por três meses. Sua mãe, Crimeia Alice Schmidt de Almeida, estava grávida, e por isso deixou a área da guerrilha do Araguaia. Ela, mesmo grávida, passou por torturas. Joca jamais conheceu o pai, André Gabrois, morto pelo Exército em 1973.
"Quando sai da cadeia, com três meses de idade, minha mãe colocou nas fraldas um diário onde contava sua história e a da guerrilha do Araguaia, pois achava que não sairia viva da prisão", contou Joca. Ele disse também que mesmo na infância sempre soube de sua origem, mas era orientado a usar um nome falso e a não dar informações sobre sua família. Sua paternidade foi reconhecida, depois de processo judicial, quando Joca tinha 17 anos de idade.
O presidente da comissão, Adriano Diogo, disse que um balanço sobre a guerrilha do Araguaia é absolutamente necessário, "pois eles fizeram história". A historiadora Janaína Teles complementou dizendo que ainda há muito o que se descobrir, foram liberados 27 mil documentos, mas neles não é dito nada sobre as mortes, sobre os destino dos corpos. "A guerrilha do Araguaia durou quase três anos, teve apoio popular, pois mais de 500 camponeses da região foram fichados pelo Exército. Foi o maior que a luta de Che Guevara, merece uma análise séria e equilibrada", disse.
Igor Gabrois afirmou, sobre os 68 corpos ainda desaparecidos no Araguaia, incluindo de seus três familiares, que dificilmente serão achados, pois o Exército fez limpezas na área, sendo que a última teria sido em 2001. O deputado João Paulo Rillo (PT) também presente na reunião, e Adriano Diogo informou que ele está organizando uma Comissão da Verdade em Ribeirão Preto.
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