Correção* Infância sob a ditadura é revivida em seminário


13/05/2013 21:11 | Da Redação Fotos: Maurício Garcia de Souza

Compartilhar:

André Arantes, Priscila Arantes, Adriano Diogo, Iara Lobo e Raquel Rosalen  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124820.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Público presente <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124821.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> André Arantes, Priscila Arantes, Adriano Diogo, Iara Lobo, Raquel Rosalen e Dora Mukudai<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124822.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Público no auditório Teotônio Vilela acompanha depoimentos <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124823.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> O seminário foi promovido pela Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124824.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Aldo Arantes e Adriano Diogo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124825.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Aldo Arantes, Priscila Arantes e Adriano Diogo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124826.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> André Arantes<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124827.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Dora Augusta <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124828.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo e Iara Lobo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124829.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Clique para ver a imagem " alt="Iara Lobo: "Queremos conhecer os responsáveis pela morte de nossos pais" Clique para ver a imagem "> Adriano Diogo e Iara Lobo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124831.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Maria Auxiliadora e Aldo Arantes no destaque<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124832.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Priscila Arantes<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124833.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Priscila Arantes tem a lembrança marcante de, em 1976, na casa dos avós em Belo Horizonte, ter ficado embaixo da mesa da sala ouvindo policiais descreverem a tortura aplicada a seu pai<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124834.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Depoimento emocionado de Raquel Rosalen<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124835.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Raquel Rosalen<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124836.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo, presidente da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124839.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Marta Nehrinh, Adriano Diogo e Ivan Seixas <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124840.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Marta Nehrin, Ñasaindy Barret de Araújo, Denise Lucena, Adriano Diogo e Adilson Lucena <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124841.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva desta sexta-feira, 10/5 <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg124842.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O seminário Verdade e Infância Roubada, encerrado nesta sexta-feira, 10/5, foi promovido pela Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT). Durante toda a semana foram colhidos depoimentos de filhos de militantes que lutaram contra a ditadura militar.

André e Priscila tinham três e dois anos quando foram tirados de casa e presos junto com a mãe, Maria Auxiliadora de Almeida Cunha Arantes, em 13 de dezembro de 1968, no interior de Alagoas. Ao longo de quatro meses passaram pelo Dops de Maceió, pela Cadeia Pública, pela Escola de Aprendizes-Marinheiros e pelo Hospital da Polícia Militar.

Maria Auxiliadora era casada com Aldo Arantes, que presidiu a União Nacional dos Estudantes entre 1961 e 1962. Após o golpe de 1964, Arantes exilou-se no Uruguai. De volta ao Brasil em 1965, na clandestinidade, foi preso em 1968 e libertado seis meses depois. Integrante do PCdoB, foi novamente preso em 1976 e condenado a cinco anos de pena.

Essa trajetória dramática foi vista com outros olhos pelas crianças, graças a sua mãe. "Não senti a prisão como uma violência. Minha mãe me fazia pensar que a Escola de Aprendizes era um castelo e que os policiais eram nossos amigos", contou André.

Mas levar a vida por um fio trouxe desdobramentos para as crianças. Priscila recordou da casa na avenida Itaquera, onde residiam, com suas janelas sempre forradas com papel. E tem a lembrança marcante de, em 1976, na casa dos avós em Belo Horizonte, ter ficado embaixo da mesa da sala ouvindo policiais descreverem a tortura aplicada a seu pai, então preso, e as ameaças a sua mãe, que se encontrava foragida. "Nessa época, passei a ter desmaios e pequenos lapsos de consciência", recordou.

André falou também sobre o momento em que descobriu que seu verdadeiro sobrenome não era Guimarães da Silva e de quando, aos 11 anos, sua mãe lhe mostrou reportagem publicada numa revista semanal, contando a história de seu pai preso. "Aí ficou claro a tortura e o sofrimento dele. O impacto foi tremendo", declarou.

O seminário ouviu também Iara Lobo, filha de Raimundo Gonçalves Figueiredo e Maria Regina Lobo Figueiredo, mortos pelos órgãos de repressão. "Queremos saber os nomes dos responsáveis pela morte de nossos pais, mas queremos que, nesse processo desencadeado pela instalação da Comissão da Verdade, as imagens de nossos pais sejam respeitadas, principalmente a do nosso pai. Nosso pai foi apontado como um dos responsáveis por um ato no aeroporto de Guararapes-PE, com o objetivo de atingir o general Costa e Silva, e que, não dando certo, causou a morte de duas pessoas. Não nos cabe e não podemos julgar tal ato e muito menos nosso pai. Sentimos muito a morte dessas pessoas e de alguma forma sabemos que estamos ligadas a elas", disse Iara. Para ela, é preciso ter em perspectiva que Raimundo fazia parte de um grupo que lutava pela liberdade e pelo futuro do país.

O seminário ouviu ainda depoimentos emocionados de Raquel Rosalen e de Dora Augusta Rodrigues Mukudai. Filha do ex-militar Darci Rodrigues, que militou com Carlos Lamarca, Dora esteve exilada em Cuba com a mãe e sofreu as consequências de uma vida na qual não se podia criar raízes. "Passei dez anos sem poder me apegar a colegas na escola em Cuba, porque meus pais diziam o tempo todo que a qualquer momento voltaríamos para o Brasil", concluiu.

*Texto republicado com correção.

alesp