Opinião - São Paulo contra a pedofilia


24/05/2013 11:26 | Gilmaci Santos*

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Recentemente, escrevi sobre o aumento de casos de violência sexual no Estado de São Paulo, citando os números estarrecedores que só aumentam todos os anos, e afirmei que, no Brasil, ainda faltavam políticas de combate a esses crimes. Hoje, diversos países têm discutido como combater esses números; são novas formas de coibir e até mesmo penalidades mais duras para quem pratica esse tipo de ato criminoso.

O crime sexual sempre esteve presente em nossa sociedade e, por se tratar de um ato extremamente cruel, mobiliza a opinião pública, ainda mais quando se trata de um crime contra a criança. São Paulo agora dá os primeiros passos para combater a pedofilia. Nos últimos dias, a imprensa nacional informou que a Polícia Civil está formando um banco de dados inédito no país: uma lista de todos os pedófilos do Estado.

O trabalho é feito pela 4ª Delegacia de Repressão à Pedofilia, repartição criada em 2011, única especializada nesse tipo de crime no país. O cadastro em questão contém informações como nome, idade, cor de pele, foto e histórico dos crimes. Com certeza, tanto a delegacia, ainda desconhecida pela maior parte da população, quanto o cadastro são verdadeiros marcos no combate a esse crime perturbador. Tenho certeza de que com a união entre polícia e comunidade é possível, sim, alimentar esse cadastro e traçar um perfil desse tipo de criminoso. Mas creio que falta ainda no banco de dados a impressão digital desses criminosos, para que haja um cadastro mais minucioso de cada indivíduo.

Centrais de informações como essas são de extrema importância, pois a partir dos dados obtidos por elas é possível chegar a números fundamentais para traçar um método mais efetivo de combate. Segundo dados divulgados pela delegacia, 40% desses criminosos têm entre 18 e 40 anos, 25% estão acima dos 40 e 35% têm até 17 anos. Já o número de pedófilos com algum tipo de parentesco com a vítima chega a 40%, mas grande parte dos outros 60% tem alguma relação com a família.

Sobre as vítimas, o levantamento informa que 80% são meninas, 60% têm de 7 a 13 anos. Em 2011, foram 2.814 denúncias de abuso sexual contra crianças e adolescentes somente em São Paulo; no ano passado, foram 3.117. Mas não podemos esquecer que a quantidade de denúncias ainda não representa a totalidade dos abusos cometidos contra crianças no Estado, pois muitos ainda têm receio de denunciar o agressor.

Infelizmente, os pedófilos estão proliferando também pela internet. Por isso cabe aos pais ficarem atentos a qualquer sinal. Em 14/5, participei, em Campinas, do lançamento da Campanha de Controle ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes. O evento contou com especialistas e profissionais que atuam diretamente com esses casos. Muitos falaram sobre a importância de tratar o vitimizador, porque o pedófilo também foi vítima e é uma pessoa doente. Entendo que o pedófilo, na maior parte das vezes, foi também vítima do mesmo tipo de crime, mas afirmo que a criança vítima ainda é o personagem mais importante nessa complexa problemática.

A violência tem crescido assustadoramente, mas muitos parecem continuar defendendo mais o agressor que a própria vítima. Será mesmo que os valores mudaram? Sou a favor da aplicação de leis para dar mais tranquilidade ao cidadão de bem, aquele que batalha diariamente para manter casa e família. Como disse o escritor Luiz Felipe Pondé em artigo assinado em um jornal de grande circulação: "A população está entregue às traças, enquanto, nos palácios, gente de todo tipo discursa sobre direitos humanos dos bandidos". Hoje vejo um cenário não muito favorável ao cidadão trabalhador, pois, infelizmente, todos os dias é ele quem sofre com a insegurança e com a violência das cidades.

Parabenizo o governo estadual e a Polícia Civil por idealizarem e aplicarem o banco com informações de pedófilos. Ações como essas são verdadeiramente úteis para a sociedade e merecem ser copiadas por outros Estados.

*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e líder da bancada na Assembleia.

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