Filhos de torturado se emocionam em Comissão da Verdade

Ferroviário foi um dos organizadores do comício de 31 de março de 1964
24/05/2013 20:48 | Gabriel Cabral - Foto: Maurício Garcia

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Raphael Martinelli, Amelinha Telles, Edson Martinelli, Adriano Diogo, Rosa Martinelli e Jaime Martinelli<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg125646.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Raphael Martinelli<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg125647.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Edson Martinelli<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg125648.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo e Rosa Martinelli<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg125669.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Rosa Martinelli narra drama familiar durante ditadura<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg125670.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Rosa Martinelli emociona-de durante depoimento<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg125671.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg125672.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo manifesta emoção com relato<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg125673.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jaime Martinelli<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg125674.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Amelinha Telles e Rosa Martinelli: solidariedade na dor<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2013/fg125675.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Foi dada nesta sexta-feira, 24/5, continuidade ao seminário organizado pela Comissão da Verdade Rubens Paiva, presidida por Adriano Diogo (PT), com o objetivo de ouvir relatos sobre crianças que tiveram sua infância roubada, vítimas da ditadura. A reunião contou com os depoimentos de Rosa, Edson e Jaime, filhos de Raphael Martinelli, ferroviário e sindicalista, ex-preso político e torturado pelo regime militar. Em sua vida sindical, que o tornou nacionalmente conhecido, Raphael promoveu diversas greves e lutas a favor do ferroviário no Brasil. Inclusive trouxe uma delegação francesa para que fosse discutida a possibilidade da implantação do trem-bala em plena década de 60.

Foi um dos organizadores do comício de 31 de março de 1964, na Central do Brasil, estopim do golpe. Da primeira vez, ficou preso por um ano e meio, sem ser torturado. Quando saiu da prisão, voltou a militar na política e foi um dos idealizadores do assalto ao trem pagador, em 14 de junho de 1960. Voltou a ser encarcerado, onde passou mais seis anos em detenção, alguns sob forte tortura, como contou Jaime, um de seus filhos mais velhos.

Desconfiança e medo

"Sofri, mas sou feliz", contou Edson sobre as grandes perdas de sua adolescência, quando teve que trabalhar para auxiliar no sustento de sua família, pois seu pai estava preso. Falou da forma desconfiada como os professores olhavam para ele e das boas heranças éticas e emocionais que o pai, mesmo estando tanto tempo longe, deixou.

A única filha de Raphael se emocionou ao falar sobre sua infância e adolescência. Contou de traumas sofridos e disse que é injustiça os torturadores estarem livres. Rosa exitava em falar com seu pai sobre os problemas que sofria, pois para ela qualquer questão a ser resolvida parecia pequena perto do que o sindicalista sofreu.

Em uma das poucas vezes que falou sobre a época em que esteve preso, Martinelli contou estar em uma sessão de espancamento, quando ouviu os agressores falando que não iriam atrás de sua esposa, pois "ela não valia a pena, era uma maltrapilha", afirmou Rosa. Ressaltou as dificuldades em falar sobre emoções. "Amei meu pai à distância e até hoje não falei o quanto o amo, porque esse sentimento parece tão frágil que poderia se quebrar", contou a filha, em lágrimas.

A mãe

Jaime teceu elogios à sua mãe e aos valores que lhes foram passados. "Amor e cuidado eram visíveis nos atos maternais, mesmo após estarmos casados e longes de casa", contou Jaime. Também falou dos traumas e das dificuldades em fazer novas amizades, das decepções e traições que viu seu pai sofrer de amigos.

Agradeceu a Deus por ele, seus dois irmãos e irmã, terem alcançado uma nova vida, com valores dignos que seu pai lhes ensinou. "Se fosse para ganhar algo em beneficio próprio e que não esteja dentro da lei, melhor que nós (Rosa, Jaime, Edson e Luís Carlos) não tivessemos. Foi isso que meu pai nos ensinou", finalizou Jaime.

O livro, que conta a história de Raphael Martinelli, será publicado em breve. Caminhos de ferro está em fase de revisão. Na mesa, além dos filhos, estiveram Amélinha Teles, assessora da Comissão da Verdade.

alesp