Opinião: Um país ainda distante da ordem e do progresso

Pesquisas mostram que o Brasil possui índices educacionais muito ruins e que os investimentos no setor ainda não trouxeram resultados
05/06/2013 18:21 | Gilmaci Santos

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A imprensa nacional publicou, recentemente, uma alarmante constatação: só 7,7% dos alunos de escola pública entraram na Universidade de São Paulo (USP). A proporção assustadora e desleal mostra a quantas anda a educação brasileira. O resultado diz respeito aos estudantes que prestaram o vestibular de 2013. Já em relação ao número de inscritos, os advindos da rede pública representam 28,5% do total de vestibulandos.

Na verdade, o problema educacional no Brasil é muito mais grave. Segundo índice comparativo de desempenho educacional publicado no final de 2012 e envolvendo 40 países, o Brasil está em penúltimo lugar. O ranking mede os resultados de três testes internacionais aplicados a alunos do 5º e do 9º ano do ensino fundamental. O Brasil ficou atrás de países como México, Argentina e Chile, e na frente apenas da Indonésia.

Muitas pesquisas mostram que o Brasil possui índices educacionais muito ruins e que os investimentos no setor ainda não trouxeram muitos resultados. Mas, uma educação de qualidade, que coloque os nossos alunos entre os melhores do mundo não é uma utopia, entretanto, para que as famigeradas palavras "ordem e progresso" deixem de ser apenas um lema estampado em nossa bandeira nacional, precisamos colocar em prática mudanças educacionais, na verdade, a educação precisa ser tratada com seriedade em todos os níveis. Concordo com o educador Paulo Freire (1921-1997), que sustentou em sua trajetória que é preciso construir uma escola predominantemente democrática, que estimule no aluno a construção de uma consciência crítica.

Freire acreditava que a sala de aula precisava deixar de ser um ambiente em que o aluno é um mero observador, mas um local em que fosse possível uma troca entre professor e alunos, onde fosse possível discutir assuntos atuais para que cada indivíduo forme sua própria visão de mundo. É como disse o próprio educador: "não é no silêncio que os homens se fazem, mas na palavra, no trabalho, na ação-reflexão".

Outro grande problema nacional é a pouca importância que se dá para o ato de ler, este sim diretamente ligado à melhoria da educação. A leitura é extremamente importante, pois, por meio dela é possível exercitar a visão crítica do indivíduo sobre contextos históricos, sociais e políticos. Dessa maneira vemos quão importante é a educação no contexto social e até mesmo econômico, pois como sabemos uma boa escola realiza a tarefa da distribuição social, já que oferece condições comuns ao desenvolvimento profissional e pessoal, formando não apenas profissionais preparados, mas também cidadãos conscientes e críticos.

No Brasil, o gasto com a educação está longe do ideal, mas o governo tem, sim, investido nesse setor, na verdade existem países que injetam ainda menos na educação, mas que, ao contrário do nosso, possuem escolas e métodos de ensino eficazes. O que tem faltado então para alcançarmos um alto nível de qualidade na educação? Creio que são inúmeras as nossas necessidades, mas, a meu ver, faltam-nos ainda eficiência e igualdade no ensino público. Na China, por exemplo, as escolas de excelência auxiliam os estabelecimentos de ensino de baixa qualidade, por lá o ensino é visto como algo que precisa ser alcançado igualitariamente no que concerne a qualidade, ou seja, busca-se o mesmo nível de educação para pobres e ricos.

*Gilmaci Santos é deputado estadual pelo PRB e líder da bancada na Assembleia Legislativa.

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