"Para que tenhamos a ecologia como mudança de paradigma para um planeta mais saudável e includente, é preciso pensar globalmente e agir localmente." Com essas palavras, o deputado Beto Trícoli (PV), presidente da Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, abriu o 3º Encontro Nacional de Coletadores, Beneficiadores e Recicladores de Óleo Comestível, realizado nesta quinta-feira, 6/6, na Assembleia Legislativa.

Ele lembrou que a reciclagem do óleo de cozinha pode transformar a qualidade de vida das comunidades, com um "impacto positivo impressionante nos recursos hídricos, não só impedindo a poluição ambiental como evitando que seja necessário destinar recursos para a recuperação de lagos e rios".

Durante o encontro, a Associação Brasileira para a Sensibilização, Coleta e Reciclagem de Resíduos de Óleo Comestível (Ecóleo) assinou protocolo de intenções com o Movimento Nacional dos Catadores de Materiais Recicláveis (MNCR) e com a Associação Nacional dos Carroceiros e Catadores de Materiais Recicláveis (Ancat), para estender suas atividades a todo o país.

O convênio prevê campanha de sensibilização para o problema em todo o território nacional, a distribuição de cartazes e folders, a realização de palestras e a concessão do selo Ecóleo.

Óleo comestível reciclável

Segundo Célia Marcondes Smith, presidente da Ecóleo, a entidade trabalha a partir dos princípios da ecoeconomia, procurando sensibilizar a população para a necessidade de recuperação do óleo comestível. O óleo pode ser utilizado na produção de biodiesel, sabão, tintas, graxas e bioplastificante, entre outros.

Para isso, a Ecóleo orienta sobre todo o processo de recuperação do óleo de cozinha, desde a montagem de ecopontos para a disposição do material recolhido por moradores e condôminos até o transporte do óleo até o beneficiador mais próximo. O trabalho envolve ainda a atuação de cooperativas de catadores e de redes organizadas para encaminhar os resíduos aos recicladores mais próximos.

"Essa atividade tem cunho social, porque gera trabalho e renda para os catadores, e ambiental, porque devolve o óleo ao mercado e evita a poluição das águas", disse Célia. "E, mais do que catadores e recicladores, o que temos são agentes ambientais, microempresários da nova economia sustentável."

Uma das metas da entidade, segundo sua presidente, é a criação do Selo Combustível Social, para o diesel que utilizar os 5% de biodiesel permitidos pela matriz energética brasileira. "Com esse selo, as empresas envolvidas na cadeia de reciclagem do óleo comestível seriam valorizadas", avaliou.

De acordo com Célia, atualmente são recuperados mensalmente 2,7 milhões de litros de óleo em São Paulo e municípios vizinhos. "Mas o potencial é muito maior", ela observou. O empresário do setor de reciclagem de óleo Joel Calhau, presente ao encontro, afirmou que São Paulo recolhe apenas 30% dos 10 milhões de litros de óleo utilizados mensalmente. "Isso significa que todo mês 7 milhões de litros são despejados inadequadamente em rios e lagos", completou.

A Ecóleo mantém também parceria com a Universidade MacEwan, do Canadá, representada no evento pelo professor Evandro Bocatto. Para ele, o trabalho da Ecóleo representa "uma das iniciativas mais importantes em termos sociais e ecológicos".

A parceria entre a entidade brasileira e a universidade canadense toma como base o projeto Princípios da Administração Responsável, focado em quatro aspectos defendidos pela Organização das Nações Unidas (ONU): direitos humanos, relações de trabalho, respeito à ecologia a combate à corrupção.