Lançamento do livro Nascidos Depois aborda separação de famílias com hanseníase

Recém-nascidos eram afastados dos pais infectados por desconhecimento das formas de contágio
14/06/2013 21:29 | Da Redação: Gabriel Cabral Fotos: Márcia Yamamoto

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Antonio Tuíze, Wagner Nogueira, Rita Passos (ao centro), Teresa Oliveira e Artur Custório<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2013/fg126683.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Teresa Oliveira<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2013/fg126684.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Público presente<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-06-2013/fg126685.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Nascidos Depois, livro autobiográfico de Teresa Oliveira, conta a história de uma das diversas crianças que foram separadas de seus pais por conta do isolamento compulsório a que eram submetidos os pacientes de hanseníase. O lançamento da obra aconteceu no auditório Paulo Kobayashi, nesta quinta-feira, 13/6, solicitado por Rita Passos (PSD) e com a presença do prefeito de Itu, Antonio Tuíze.

Teresa Oliveira, nascida em São Paulo em 1956 e adotada muito cedo por pais que lhe deram apoio e carinho, é pedagoga e assistente social. Hoje, é voluntária no Movimento de Reintegração de Pessoas Atingidas pela Hanseníase (Morhan) e conta que o livro nasceu de uma grande necessidade que ela tinha de encontrar sua família biológica. "Nascidos Depois é um livro de conteúdo verdadeiro, sobre o caminho que percorri até chegar à minha historia."

Leprosários

Entre as décadas de 1920 e 1980, por lei, todos os portadores da hanseníase eram isolados colônias para tratamento experimental, pois não se conhecia cura da patologia, que antigamente era conhecida como lepra, morfeia e mal de Lázaro. Assim que os filhos dessas pessoas nasciam, eram retiradas dos braços maternos e direcionados às instituições e orfanatos. Muitas pessoas, hoje adultas, continuam desconhecendo seus pais.

A irmã de Teresa, Marisa Luquetti, também afastada dos pais, lembra que sempre chama a irmã de Maura, nome que foi dado pelos pais biológicos. Contou que não tinha esperanças de encontrar sua irmã e sua família, mas que ficou muito feliz por tê-la encontrado, graças a um requerimento do Morhan que um amigo, com quem cresceu no orfanato, lhe indicou. Mostrou desejo em ainda conhecer a mãe. Ao todo são três irmãs. Marisa e Elza cresceram juntas no mesmo orfanato, sem saber de seu parentesco.

Indenizações

"O livro é o último ato para que seja aprovado o projeto de indenização às vítimas. Sinto-me responsável por 40 mil pessoas que confiam no nosso trabalho", contou Teresa, que luta junto a Artur Custódio, coordenador nacional do Morhan, pela aprovação da proposta indenizatória em trâmite no legislativo federal.

Em vídeo, foram exibidos momentos de busca e emoção. As lágrimas emocionadas de Teresa, ao encontrar seu sobrinho, onde encontrou semelhanças físicas em traços familiares.

O médico Wagner Nogueira, vice-presidente da Fundação Contra a Hanseníase e ex-diretor do Departamento de Hanseníase do Centro de Vigilância Epidemiológica do Estado, falou das lutas contra a doença e da contribuição que exerce com os hospitais colônias. "O livro demonstra o tamanho da violência que os pais e os filhos sofriam na separação. Essa história precisava contada, e o melhor é que isso foi feito por uma vítima da antiga lei", acentuou o sanitarista.

A deputada Rita Passos discorreu sobre sua intenção de implantar a Semana Padre Bento Pacheco, que, no século 19, vendeu seus bens para ajudar os pobres e cuidar dos portadores do vírus da hanseníase. A parlamentar externou sua indignação com a separação brutal a que as famílias eram submetidas. "Queremos que o assunto venha à tona, porque merece destaque e atenção do governo", afirmou a parlamentar, prontificando-se a somar forças junto às instituições de combate à enfermidade.

alesp