Opinião - Cantareira, um amigo polêmico


17/06/2013 10:47 | Ana Perugini*

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Como aconteceu em 2004, em 2014 ocorrerá nova renovação da outorga da Sabesp para operar o Sistema Cantareira.

Dois mil e treze é o Ano Internacional de Cooperação pela Água. A iniciativa da Organização das Nações Unidas (ONU) visa atrair a atenção mundial para os benefícios da cooperação na gestão da água, em termos de contribuição para a segurança, a luta contra a pobreza e as doenças, e pela justiça social e a igualdade de gênero. A iniciativa também marca os 20 anos de celebração do Dia Mundial da Água, lembrado todo dia 22 de março, desde 1993.

O Sistema Cantareira é fundamental para São Paulo e para o Brasil, sendo inegável a sua contribuição para o progresso do país. A polêmica que cerca o Cantareira refere-se ao impacto que deixou para a região servida pela bacia do rio Piracicaba. Como aconteceu em 2004, em 2014 ocorrerá nova renovação da outorga da Sabesp para operar o Cantareira.

A existência do Cantareira é um dos maiores exemplos de cooperação pela água no planeta. O projeto foi elaborado e instituído durante o regime militar, como uma opção para abastecimento da Grande São Paulo, que estava em franco crescimento naquele período.

A alternativa escolhida pelo governo de São Paulo, em sintonia com o regime militar, foi captar água na bacia do rio Piracicaba, nas proximidades de suas nascentes, na divisa de Minas Gerais com o território paulista. Foi então estruturado o Sistema Cantareira, inaugurado em primeira etapa em 30 de dezembro de 1973 e com operação iniciada em 1974. Este foi o ano então em que o governo de São Paulo, por meio da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), obteve a concessão, inicialmente por 30 anos, para operar o Sistema Cantareira. Uma segunda etapa foi iniciada em 1976 e inaugurada em 1981.

Desde então o Sistema Cantareira passou a contar com a capacidade de adução de até 33 metros cúbicos, ou 33 mil litros por segundo, para abastecer metade da Grande São Paulo. Com uma área total de 227.950 hectares, o Sistema Cantareira é composto por seis reservatórios (Jaguari, Jacareí, Cachoeira, Atibainha, Juquery e Águas Claras), situados em duas bacias hidrográficas (Jaguari, Jacareí, Cachoeira e Atibainha, na Bacia do Rio Piracicaba; Juquery e Águas Claras, na Bacia do Alto Tietê). São dez municípios parcialmente e dois totalmente inseridos na área do Cantareira.

A água armazenada nestes reservatórios é transportada por um sistema de canais e tubulações para permitir o abastecimento da Grande São Paulo. Componente importante é a Estação Elevatória de Santa Inês, que permite recalcar a água captada nos reservatórios, superando o desnível de 120 metros de altura da Serra da Cantareira.

Sem este sistema, simplesmente a Grande São Paulo não seria o que é hoje, uma mancha urbana gigantesca, com mais de 20 milhões de moradores e responsável por 57% do PIB do estado de São Paulo e 19% do PIB brasileiro, além de concentrar mais de 10% da população do país. Uma das maiores megalópoles do planeta, polo industrial, científico, tecnológico e cultural de excelência.

Todos esses números confirmam como o Sistema Cantareira é fundamental para São Paulo e para o Brasil, sendo inegável a sua contribuição para o progresso do país. A polêmica que cerca o Cantareira refere-se ao impacto que deixou para a região servida pela bacia do rio Piracicaba. Como aconteceu em 2004, em 2014 ocorrerá nova renovação da outorga da Sabesp para operar o Cantareira.

Será ocasião mais do que propícia para um diálogo de alto nível, entre as bacias do Alto Tietê (onde está a Grande São Paulo) e a bacia do Rio Piracicaba (onde está a grande parte do Cantareira), visando uma gestão cada vez mais justa e equânime, em nome da qualidade de vida nas duas regiões. Uma luta da Região de Campinas, fornecedora de água em benefício da Grande São Paulo há quase quatro décadas, e que acumula nos últimos anos avanços significativos na economia e na densidade populacional, razões pelas quais também necessita de mais água para o seu desenvolvimento sustentável.

Portanto, estamos diante de tema essencial para o Estado de São Paulo, bem como para o Brasil! Questão social e estratégica, que temos a responsabilidade de colocar em debate. Exatamente o que faremos neste 20 de junho, às 15 horas, no "Plenário José Bonifácio", na Assembleia Legislativa, em evento aberto ao público em geral, por meio da Frente Parlamentar de Acompanhamento das Ações da Sabesp.



*Ana Perugini é deputada pelo PT e coordenadora da Frente Parlamentar de Acompanhamento das Ações da Sabesp

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