Em sessão solene presidida pelos deputados estaduais Jooji Hato e Hélio Nishimoto e com a participação dos deputados federais Keiko Ota, Junji Abe e Walter Ihoshi, além dos vereadores paulistanos Aurélio Nomura, Masataka Ota e George Hato, a Assembleia paulista comemorou os 105 anos da chegada no porto de Santos, em 18 de Junho de 1908, do navio Kasato Maru. Esse foi o marco inicial da presença japonesa no Brasil, em especial em São Paulo, Estado que concentra a maior colônia japonesa fora do Japão. "Tenho a certeza de que nossos ancestrais estão felizes por esta cerimônia", afirmou Jooji Hato ao abrir o evento, que contou ainda com a presença do cônsul-geral do Japão em São Paulo, Noriteru Fukushima. Todos os parlamentares se pronunciaram no sentido de que a presença dos japoneses e seus descendentes no Brasil sempre foi marcada por muito trabalho, dedicação, perseverança e respeito às tradições e amor à pátria. "Primeiro, os imigrantes se esforçaram para logo prosperar, para que pudessem voltar ao Japão. Mas com o passar dos anos, os nikkeis aprenderam a amar este país, que os acolheu em uma miscigenação de raças e culturas", explicou George Hato, filho de Jooji. Violência é a maior preocupação A respeito das manifestações populares nas ruas das principais capitais brasileiras, os parlamentares explicaram que, de todas as diferenças entre Brasil e Japão, a violência aqui existente é a maior mazela. Para o deputado federal Junji Abe, o Brasil deve reduzir as desigualdades sociais. Para o vereador Masataka Ota, a solução está na melhoria da educação; entretanto, Keiko Ota disse que somente conseguiu superar a perda de seu filho com a filosofia que aprendeu na Igreja Seicho-no-Ie, de tradição japonesa, que tem como um de seus preceitos o desenvolvimento da cultura de paz por meio do perdão. O filho do casal, Ives Ota, de oito anos, foi sequestrado e morto depois de reconhecer um dos criminosos, que era policial e fazia a segurança de uma loja da família. Vencendo o preconceito Em síntese, todos os parlamentares usaram palavras como trabalho, sofrimento, resignação, esforço, dedicação, solidariedade e amor para esboçar o caminho trilhado pela colônia nipo-brasileira, que tem 1,5 milhão de representantes e conquistou o respeito de toda a sociedade, apesar de ter havido discriminação no início do século 20, inclusive com proposta de artigo na Constituição de 1934 proibindo o ingresso no país de negros e amarelos, conforme relatou Aurelio Nomura. Honrarias A entrega das homenagens, ao final do evento, foi coordenada pelo deputado Helio Nishimoto. Receberam a distinção o presidente do Enkyo - Beneficência Nipo-brasileira de São Paulo, Yoshiharu Kikuti; o presidente do Kenren - Federação das Associações de Províncias do Japão no Brasil, Akinori Sonoda; o presidente da Câmara de Comércio e Indústria Japonesa do Brasil, Shinsuke Fujii; e o presidente da Aliança Cultural Brasil-Japão, Anselmo Nakatani.