História de militante operário é tema da Comissão da Verdade

Militante da AP, Raimundo Eduardo Silva foi retirado de hospital pelo Exército
15/07/2013 19:05 | Da Redação: Monica Ferrero Fotos: Maurício Garcia

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Carlos Gilberto Pereira, Hélio Jerônimo da Silva, Adriano Diogo, Magda Aparecida da Silva e Pedro Pereira Nascimento <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127663.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Carlos Gilberto Pereira<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127664.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Magda Aparecida da Silva<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127665.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Pedro Pereira Nascimento<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127666.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Hélio Jerônimo da Silva e Adriano Diogo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127667.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Nesta segunda-feira, 15/7, a Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva realizou sua 55ª audiência pública, para abordar o caso do operário metalúrgico Raimundo Eduardo da Silva, militante da Ação Popular (AP). No início da reunião, foi lida uma carta escrita por companheiros da AP com elogios à sua atuação política.

Irmão de Raimundo, Hélio Jerônimo da Silva foi o primeiro a depor. Relatou a militância em Mauá, primeiro no PCB, depois na AP, onde Raimundo atuava na Sociedade Amigos do Bairro Jardim Zaíra. Por conta de denúncias, o irmão teve de se refugiar em uma pensão em Santo André, onde acabou ferido a faca, no final de 1970, numa confusão havida no local.

No hospital, continuou Hélio, a repressão o descobriu. Antes que a família conseguisse retirá-lo de lá, e apesar da resistência dos médicos por conta do quadro grave de Raimundo, o Exército o levou embora, após fechar o entorno do hospital. A alegação era que Raimundo iria para o Hospital Cruz Azul, mas na verdade ele foi para a Oban, onde foi torturado e morreu, aos 22 anos de idade. No dia 4/1/1971, a família soube que ele havia sido enterrado como indigente no cemitério de Guaianazes. Hélio contou sobre a perseguição que sua família sofreu, no que foi secundado por sua filha Magda Aparecida da Silva.

O corpo de Raimundo foi exumado em 1983, quando a família pôde enterrá-lo dignamente. Houve na ocasião, por intercessão de dom Paulo Evaristo Arns, uma missa na Assembleia Legislativa. Após, o corpo seguiu em cortejo até Mauá, passando por avenida que leva seu nome - Raimundo Eduardo da Silva.

Grande revolucionário

"Raimundo era um jovem educado, tinha todas as qualidades para ser um dos grandes revolucionários da época, por sua luta contra a repressão e por uma sociedade mais justa", afirmou Pedro Pereira do Nascimento, o Pereirinha, também operário metalúrgico e militante da AP. Pereirinha também falou sobre sua carreira de militante político e as circunstâncias que o levaram a ser preso.

Também metalúrgico e militante da AP, após passagem pelo PCB, Carlos Gilberto Pereira disse que Raimundo era parte da reorganização do movimento operário e sindical dos operários no ABC e em outras cidades. Contou ainda sobre suas três prisões, em 1968, 1969 e 1974. Discorreu sobre as diferenças entre as torturas que sofreu nelas, primeiramente na Polícia do Exército, e depois na Oban, capitaneada pela equipe do delegado Fleury e por fim no DOI-Codi, que era comandada pela equipe de Brilhante Ulstra.

O presidente da Comissão da Verdade, deputado Adriano Diogo (PT), considerou interessante a realização de audiências específicas para tratar da resistência operária no grande ABC. Informou que, no próximo dia 4/8, haverá, com a OAB, um ato de retomada simbólica do prédio onde funcionava o Tribunal da Justiça Militar, na avenida Brigadeiro Luis Antônio, 1.249, na capital. Lá será um centro de memória histórica do período da repressão e a ação dos advogados paulistas na defesa dos presos políticos. No dia 8/8, no salão nobre da Faculdade de Direito da USP, no largo São Francisco, haverá o julgamento da Lei da Anistia.

alesp