Comissão da Verdade aborda caso de Rui Pfützenreuter

Gaúcho, veio a São Paulo para organizar partido operário
16/07/2013 20:18 | Da Redação Daniela Camargo Foto: Marco Antonio Cardelino

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Helena Yono, Medeiros Filho, Rui Pfützenreuter Direne, Rogério Pfützenreuter, Adriano Diogo, Regina Célia Pfützenreuter Direne, Almério Melquiades Araújo, Claudio Cavalcanti e Oscar Jr<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127702.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127703.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião desta terça-feira, 16/7 da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127704.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Rogério Pfützenreuter<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127705.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Caso Rui Pfützenreuter é abordado na 56ª audiência pública da Comissão da Verdade<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127706.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Claudio Cavalcanti<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127707.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Na 56ª audiência pública da Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), foram ouvidos depoimentos sobre Rui Osvaldo Aguiar Pfützenreuter, morto em 14/4/1972. Formado em jornalismo e sociologia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Rui escrevia para vários jornais, organizava grupos de estudos e debates, dava palestras sobre a situação nacional e os caminhos da revolução brasileira. Nascido em Santa Catarina, mudou-se para São Paulo com o objetivo de organizar o Partido Operário Revolucionário Trotskista (Port) do qual se tornou um dos principais dirigentes.

De acordo com a versão oficial, Rui teria sido morto pela polícia ao resistir à prisão. Barnabé Medeiros Filho, companheiro de militância de Rui, contou que foi preso em 12/4/1972 e intensamente torturado. Ao não suportar mais a tortura, acabou revelando o local em que morava, onde haveria uma reunião do partido.

Rui, ao chegar à casa na noite anterior à reunião, acabou sendo preso. Não se sabe ao certo se foi morto neste momento, se foi preso e levado ao DOI/Codi ou se foi torturado e morto no local da prisão. Barnabé lembra-se de ter ouvido, quando preso, alguém dizer que vira Rui morto nas dependências do DOI/ Codi.

Almério Melquíades de Araújo, também companheiro de militância de Rui, considera improvável que Rui tenha sido morto em confronto com a polícia ao chegar à casa, mas afirmou que não o viu no DOI/Codi e nem tem informação de alguém que o tenha visto. Almério disse considerar importante a atuação da Comissão da Verdade, embora muito tardia. "De qualquer forma", afirmou, "quem sabe esta comissão possa alterar o dito de que a versão que fica é sempre a dos vencedores".

"Rui era um homem extremamente dedicado à causa", revelou Cláudio Antonio de Vasconcelos Cavalcanti, militante do Port. Preso em 1970, Claudio descreveu Rui como um homem que não costumava se esquivar dos trabalhos mais espinhosos.

Contradições em laudos

Em seu depoimento, o irmão de Rui, Rogério Pfützenreuter, falou sobre as inúmeras contradições nos atestados e declarações sobre a morte de Rui. Ele, pessoalmente, retirou a ossada do irmão de um caixão em que foi enterrado no cemitério de Perus como indigente e constatou não haver quaisquer indícios de buracos de balas, mas sim de fraturas em diversos ossos, indícios claros de teria havido tortura. Rogério entregou fotos da ossada de Rui à comissão e pediu que seja investigada a verdadeira causa de sua morte.

O pai de Rui escreveu uma carta ao então presidente da República, general Emílio Garrastazu Médici, após o desaparecimento do filho, em que conta toda a trajetória em busca de Rui e as recusas em lhe fornecerem informações. Esta carta chegou a ser lida no Congresso pelo deputado Nadir Rosseti, que posteriormente foi cassado.

Participaram também da audiência a irmã de Rui, Regina Célia Pfützenreuter, seu sobrinho, Rui Pfützenreuter Direne e a militante do Port Helena Iono. (DC)

alesp