Frente parlamentar acompanha de perto projeto da ferrovia Norte-Sul

Assembleia em destaque - Trecho paulista da ferrovia pode utilizar estrutura da malha já existente
30/07/2013 19:10 | Da Redação - Fernando Caldas Foto: Agência Assembleia

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Bento José de Lima<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127949.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Deputados e público acompanham apresentação sobre ferrovia Norte-Sul<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127950.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Bento José de Lima, Mauro Bragato e Welson Gasparini<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-07-2013/fg127951.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

O traçado da ferrovia Norte-Sul interliga as regiões Norte e Nordeste ao Sudeste e Sul do país. O projeto da ferrovia tem a finalidade de minimizar os custos de transporte de longa distância no Brasil e permitir o escoamento da produção agrícola dessas regiões, através da conexão de mais de 5 mil quilômetros de ferrovias privadas. O trecho paulista da ferrovia pode utilizar estrutura da malha já existente.

Em abril, os deputados que integram a Frente Parlamentar em Defesa da Malha Ferroviária, presidida pelo deputado Mauro Bragato (PSDB), ouviram o diretor de operações da estatal Valec - Engenharia, Construções e Ferrovias, Bento José de Lima. A empresa pública, vinculada ao Ministério dos Transportes, tem concessão para a construção e operação da ferrovia Norte-Sul.

O deputado Mauro Bragato esclareceu que a reunião com o representante da Valec teve o objetivo de orientar a proposta de definição de rumos da futura rede ferroviária paulista. Prefeitos e vereadores das cidades sob área de influência do traçado e representantes de sindicatos do segmento ferroviário manifestaram suas preocupações com o eventual aproveitamento da antiga malha ferroviária paulista, resultante da privatização da Fepasa e hoje operada pela América Latina Logística (ALL). Os participantes da reunião apontaram para as indefinições e para a demora na implantação das modificações em relação ao projeto inicial.

Bento José de Lima declarou que o encontro na assembleia foi uma boa oportunidade para colher subsídios sobre a real situação da malha ferroviária paulista e sugestões para aprimorar o projeto pelo qual é responsável.

Reorganização da malha ferroviária

O traçado da ferrovia Norte-Sul entre Belém (Pará) e o município de Panorama (São Paulo) tem extensão de 3.100 quilômetros. Ainda estão sendo apresentados projetos que pretendem expandir a ferrovia até o porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul. A Valec foi autorizada a realizar estudos de viabilidade técnica, econômica e ambiental para que possam ser prolongados mais 1.600 km. O projeto da ferrovia é atravessar o Brasil de Norte a Sul, interligando, em diversas regiões, à malha ferroviária já existente, como já acontece entre os outros meios de transporte.

Quanto ao reaproveitamento de antigos trechos ferroviários, Bento José de Lima comentou que é possível que isso aconteça, mas respeitando a realidade atual, uma vez que a produção agrícola da região foi muito ampliada. "Por exemplo, há 25 anos, sequer se produzia soja no Mato Grosso. Lima ressaltou que os itinerários ainda estão em estudo e admitiu que o relacionamento da Valec com a atual concessionária da rede paulista não tem sido fácil.

O histórico do projeto

O representante da Valec explicou que o projeto inicial da ferrovia previa a construção de 1.574 quilômetros de trilhos, atravessando os estados do Maranhão, Tocantins e Goiás. Mas, em 2006, foi incorporado o trecho Açailândia-Belém e, em setembro de 2008, o trecho foi estendido até a cidade paulista de Panorama.

Inicialmente o projeto seria interligado à ferrovia dos Carajás, em Açailândia, no Maranhão, e à ferrovia Centro Atlântica, em Anápolis. No entanto, foi modificado para atender a mais cidades, conectando-se, além do Porto de Belém, à Ferrobran, em Estrela D´Oeste, em São Paulo, e depois à Panorama. O prolongamento do projeto até o porto de Rio Grande, no Rio Grande do Sul, está em estudo, assim como o seu ramal de 750 km que irá de Panorama a Porto Murtinho, no Mato Grosso do Sul, trecho que vem sendo denominado de ferrovia do Pantanal. Esse trecho abre possibilidades de desenvolvimento e negócios com a construção de ramais, como os de Brasília e Goiânia, considerados dois dos maiores mercados do Planalto Central brasileiro.

Articulações dos trechos da ferrovia Norte-Sul

Açailância (MA) - Palmas (TO): esse trecho tem 719 km de extensão. O objetivo é formar um corredor para exportação de grãos, açúcar, carne, fertilizantes e combustíveis, e importação de produtos industrializados, em razão do cenário de crescimento que se projeta para a região Centro-Norte do Brasil. Em Açailândia (MA), a ferrovia se conecta à Estrada de Ferro Carajás (EFC) e permitirá o acesso ao complexo portuário de Itaqui, em São Luís, no Estado do Maranhão. Com a implantação da ligação Porto Franco (MA) - Eliseu Martins (PI), a ferrovia se conectará com a Transnordestina Logística S.A., o que permitirá o acesso aos portos de Suape (PE) e Pecém, no Estado do Ceará. Novos empreendimentos agroindustriais estão sendo implantados em decorrência da capacidade de transporte ofertada e dos ramais de acesso.

Palmas (TO) - Anápolis (GO): o trecho, com 855 km de extensão, está em fase final de construção. Quando estiver em operação será o indutor do crescimento autossustentável na região Centro-Oeste e Norte, especialmente, em Goiás e Tocantins. Nesses dois estados já estão sendo implantadas 42 plantas industriais de etanol e 20 usinas de biodiesel, para consolidar o desenvolvimento desse corredor, impulsionar a produção na área do cerrado e promover cerca de 270 mil empregos diretos e indiretos nas comunidades do interior do país.

Segundo a Valec, 13 pátios multimodais que estão sendo construídos em pontos estratégicos ao longo do percurso da Norte-Sul vão proporcionar a articulação entre o sistema fluvial da Bacia Amazônica e o sistema ferroviário nacional e, reduzir o custo dos transportes, o consumo de combustíveis, os pesados ônus de manutenção do modal rodoviário e os índices de acidentes nas estradas.

Ouro Verde (GO) - Estrela D"Oeste (SP): com 680 km de extensão, este trecho está em fase de construção. Quando estiver em operação, permitirá a interligação com o sistema ferroviário que dá acesso aos portos da região Sudeste e a efetiva integração das regiões Norte e Nordeste. A extensão da ferrovia Norte - Sul até Estrela d´Oeste permitirá que o seu traçado cruze todo o estado de Goiás, passando por acentuadas regiões produtoras de grãos e de cana-de-açúcar, além de centros de outros produtos industrializados localizados na região de Quirinópolis

A articulação de diferentes ramos de negócios permitirá o aproveitamento e melhor distribuição da riqueza nacional, a geração de divisas e abertura de novas frentes de trabalho, com a consequente diminuição de desequilíbrios econômicos entre regiões e pessoas.

Este trecho passa por Santa Helena de Goiás, Rio Verde, Quirinópolis, São Simão, onde logo após atinge o estado de Minas Gerais, prosseguindo a partir daí até Estrela D"Oeste, em São Paulo, onde se interliga com a América Latina Logística. Ao longo do trecho estão previstos dois pátios de carregamento de grãos e de produtos diversos: um em Santa Helena de Goiás e outro em São Simão.

Estrela D"Oeste (SP) - Panorama (SP): de Estrela D"Oeste, a ferrovia avança até a localidade de Panorama, às margens de Rio Paraná, numa extensão de 264 km. Esse prolongamento proporcionará nova alternativa de transporte para a produção agroindustrial do Oeste Paulista e leste de Mato Grosso do Sul. Na região de abrangência da ferrovia destacam-se importantes polos canavieiros, com grandes áreas de monocultura de cana-de-açúcar, polos de produção de celulose e grãos.

Em Panorama, a ferrovia conectar-se-á com a EF-366, operada pela ALL, o que permitirá outro acesso ao porto de Santos e ao polo econômico e industrial de São Paulo. Futuramente vai se conectar, também, com a EF-267 - ferrovia do Pantanal, que atravessará o Estado de Mato Grosso do Sul em direção à cidade de Porto Murtinho/MS, às margens da hidrovia do Paraguai.

alesp