As três décadas de atuação da Pastoral da Criança, da Igreja Católica, foram comemoradas na Assembleia Legislativa em sessão solene realizada nesta segunda-feira, 5/8, por solicitação do deputado Afonso Lobato (PV).

"Acreditamos nesse trabalho silencioso feito pela pastoral. Mas é preciso que ele seja reconhecido pelo governo, para facilitar a assinatura de convênios estaduais", observou o parlamentar.

A necessidade de recursos foi destacada também pelo médico Nelson Arns Neumann, coordenador adjunto nacional e coordenador internacional da entidade, e filho de Zilda Arns, fundadora da pastoral.

Segundo ele, para cada R$ 1 disponibilizados pelo setor público, a pastoral precisa aportar R$ 3,80, para atender mais de 70 mil gestantes e cerca de 1,6 milhão de crianças pobres menores de seis anos, em todo o Brasil.

"Para cuidar bem da gestante precisamos criar uma rede para que as informações cheguem a quem realmente precisa. Em São Paulo, temos mais de 20 mil voluntários fazendo isso", declarou, acrescentando que a Assembleia precisa se engajar na missão de obter recursos públicos.

O médico destacou a importância do trabalho preventivo feito pela pastoral, num programa que abrange mil dias. Nelson afirmou que uma criança nascida com baixo peso tem o dobro de chances de necessitar de remédios para pressão na vida adulta, e que a prevenção no ventre materno pode impedir que a criança venha a ter problemas renais e de obesidade, entre outros.

"Se queremos idosos com saúde, precisamos cuidar da criança nos primeiros mil dias, da concepção ao segundo ano de vida", afirmou.

Coordenador estadual da Pastoral da Criança, José de Anchieta Ribeiro dos Santos definiu o trabalho da entidade como um grande desafio, diante de fatos como o aumento da população pobre com menos de seis anos em regiões como a de Campo Limpo e a do Vale do Paraíba, apontado pelos censos nacionais.

"Para reverter esse quadro é preciso que a sociedade e líderes políticos olhem o que causa essa situação", observou. Para ele, faltam políticas públicas que cheguem a toda a população, não sendo suficientes as políticas compensatórias.

A sessão solene contou também com presença dos deputados Marco Aurélio (PT) e Welson Gasparini (PSDB). Para o parlamentar petista, a sessão solene foi uma forma de, além de homenagear a pastoral, deixar registrado no Legislativo o trabalho que ela realiza. Segundo ele, a queda da mortalidade infantil nas áreas de atuação da pastoral é perceptível. Gasparini reforçou o coro: "País que não pensa em suas crianças não pensa no futuro".

Representando o cardeal arcebispo de São Paulo, o bispo auxiliar dom Tarcisio Scaramussa lembrou que hoje a Pastoral da Criança está sendo implantada em vários países e que, além do aspecto assistencial, atua no campo educacional.

Durante a sessão, foram entregues placas de homenagem e feita a leitura do texto da Lei 15.024, de 22 de maio de 2013, de autoria de Lobato, que define 25/8 como Dia Estadual da Pastoral da Criança. A data celebra o nascimento de Zilda Arns. (mlf)