Luís Alves de Lima e Silva, Duque de Caxias - Patrono do Exército


22/08/2013 20:30 | Antônio Sérgio Ribeiro*

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Luís Alves de Lima e Silva, o duque de Caxias<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2013/fg128772.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Duque de Caxias<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2013/fg128776.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Duque de Caxias - Patrono do Exército brasileiro <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2013/fg128777.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

No próximo dia 25 de agosto, comemora-se o Dia do Soldado, em homenagem a Caxias. Por Decreto 51.429, de 13 de março de 1962, sancionado pelo presidente da República João Goulart, pelo primeiro-ministro Tancredo Neves e pelo ministro da Guerra general-de-exército João de Segadas Vianna, foi o marechal Luís Alves de Lima e Silva, duque de Caxias, consagrado Patrono do Exército Brasileiro.

Luís Alves de Lima e Silva nasceu em 25 de agosto de 1803, na fazenda de São Paulo, na Vila do Porto da Estrela (hoje município de Duque de Caxias), na então província do Rio de Janeiro. Era filho do então tenente Francisco de Lima e Silva e de dª. Mariana Cândida de Oliveira Belo. Seu pai atingiu o posto de marechal-de-campo e fez parte da regência provisória, em face da menoridade do futuro d. Pedro 2º, que assumiu o governo do Brasil após a abdicação do imperador D. Pedro 1º, em 1831.

Neto, filho, irmão e sobrinho de militares, com apenas cinco anos, assentou praça como cadete no 1º Regimento de Infantaria de Linha. Em 1818, foi promovido ao posto de alferes, sendo designado para a 5ª Companhia de Fuzileiros da Guarnição da Corte, e em 1822 era destacado para ajudante do 1º Batalhão de Fuzileiros. Com seu tio, então coronel José Joaquim Alves de Lima, comandante do "Batalhão do Imperador", partiu para a Bahia para enfrentar as tropas portuguesas que não aceitavam a Independência do Brasil. Com o fim das hostilidades em 2 de julho de 1823, hoje data da Independência na Bahia, coube ao jovem tenente carregar a bandeira brasileira quando da entrada das forças legalistas em Salvador. Por sua bravura, foi agraciado com a Ordem do Hábito de Cristo, a mais alta distinção militar da época.

Retornando ao Rio de Janeiro ainda em 1823, com apenas 20 anos, foi promovido a capitão, tendo seguido para a província da Cisplatina (hoje Uruguai), para combater os revoltosos. Em uma ação militar, com poucos homens, aprisionaram mais de 30 rebelados. Esse feito valeu a condecoração com a Ordem do Hábito de Aviz. Com o término da Campanha da Cisplatina, e com sua volta à Corte, foi promovido a major e recebeu a Ordem da Rosa, no grau de Cavaleiro.

Voluntários da Pátria

Ocupava o posto de segundo comandante do Batalhão do Imperador, quando em 7 de abril de 1831 foi chamado pelo imperador D. Pedro 1º, para ser indagado da possibilidade de uma reação contra as tropas rebeladas. Apesar da lealdade de Luís Alves de Lima e Silva, o imperador resolveu naquela mesma noite abdicar ao trono em favor do seu filho Pedro, que contava com apenas cinco anos, e partir para a Europa.

A situação era grave e complexa, com vários segmentos da sociedade civil digladiando, inclusive com alguns militares com a ideia de proclamar a República. O major Lima e Silva resolveu formar com 400 oficiais o "Batalhão Sagrado", que tinha a missão de defesa da Pátria. Essa tropa foi chamada de "Voluntários da Pátria", denominação que se popularizaria quando da guerra do Paraguai. Por determinação do padre Feijó, que havia assumido o cargo de regente, conseguiu sufocar a rebelião.

Em 26 de janeiro de 1833, casou-se com Ana Luísa Viana, a quem chamava de Anica. Foi promovido a tenente-coronel em 12 de setembro de 1837. Como comandante do Corpo de Permanentes, acompanhou, em 1839, ao sul do Brasil o ministro da Guerra Sebastião do Rêgo Barros em inspeção às tropas legalistas que combatiam os revolucionários farroupilhas.

A Balaiada

Na província do Maranhão, em 1838, eclodiu uma rebelião denominada Balaiada, que envolveu dois grupos que entraram em conflito armado. Os bandoleiros chegaram a ter 12 mil homens armados, vestidos de couro, e com facas, invadiam cidades, saqueavam, roubavam, incendiavam e trucidavam. Já promovido a coronel, é convocado pelo ministro da Guerra, coronel Vieira de Carvalho, conde de Lajes, e enviado com sua tropa para São Luís, como presidente e Comandante das Armas da Província, agindo energicamente consegue cercar e retomar a cidade de Caxias, pondo fim à rebelião. Retornando ao Rio de Janeiro, foi promovido a general em 18 de julho de 1841 e na mesma data foi-lhe conferido o título de barão de Caxias, recordando a cidade onde ocorreu a rendição dos balaios.

Na cidade de Sorocaba, irrompe em 1842 a Revolução Liberal tendo à frente o brigadeiro Rafael Tobias de Aguiar; por determinação do ministro da Guerra, José Clemente Pereira, é nomeado comandante-em-chefe das forças imperiais, e em 20 de junho de 1842 o barão de Caxias e sua tropa entram na cidade paulista, pondo em fuga os revoltosos. Com a propagação da Revolta Liberal para Minas Gerais, foi enviado para lá, saindo também vitorioso. Promovido a marechal-de-campo, foi nomeado a 24 de setembro presidente da província do Rio Grande do Sul e comandante do Exército, incumbido de pôr termo à Guerra dos Farrapos, o que ocorreu em 1º de março de 1845.

De retorno ao seu lar, foi elevado a conde de Caxias e escolhido pelo imperador D. Pedro 2º senador pela província do Rio de Grande do Sul, cargo que exerceria de 1846 até sua morte. No Senado do Império teve como colega seu pai, Francisco de Lima e Silva, que ocupava uma cadeira pela província do Rio de Janeiro.

Em 1851, é novamente nomeado comandante-em-chefe do Exército Brasileiro e presidente da província do Rio Grande do Sul, com o fim de combater o caudilho uruguaio Manuel Oribe, que sistematicamente invadia a fronteira gaúcha praticando atrocidades, e no dia 4 de setembro de 1851, as forças brasileiras invadiram o Uruguai. Posteriormente, com o apoio do novo governo do Uruguai e do general argentino Urquiza, combateu o ditador da Argentina Juan Manuel de Rosas. Em 12 de fevereiro de 1852, as tropas comandadas por Caxias entram vitoriosamente em Buenos Aires, sendo entusiasticamente recebidos pela população portenha, na única vez que tropas estrangeiras entraram na capital do país do Prata, e em seu retorno ao Brasil é agraciado com a título de marquês.

Renúncia e desilusão com a política

Entre 1852 e 1866, se dedicou inteiramente à política como senador, ministro da Guerra (1855/1857 e 1861/1862) e presidente do Conselho de Ministros (1856/1857 e 1861/1862). Em 1862, perde seu único filho homem, de apenas 15 anos de idade. Nesse mesmo ano é promovido a marechal-de-campo. No dia 12 de novembro de 1864, o ditador do Paraguai Francisco Solano Lopes ordena o aprisionamento do vapor Marquês de Olinda, que transportava o presidente da província do Mato Grosso, e irrompe a Guerra do Paraguai. As tropas brasileiras despreparadas sofrem uma séria derrota em Curupaiti. O presidente do Conselho de Ministro, Zacarias Góes de Vasconcellos, o conselheiro Zacarias, resolve convidar o marquês de Caxias a ser comandante das tropas brasileiras e aos 63 anos aceita a árdua incumbência. No dia 29 de outubro de 1866, parte para a região do conflito. Como comandante em chefe das tropas brasileiras e logo depois comandante geral dos exércitos da Tríplice Aliança, após inúmeras batalhas, em 5 de janeiro de 1869, com o marechal Luís Alves de Lima e Silva à frente de sua tropa, entra em Assunção, capital do Paraguai, que fora abandonada pela população. Doente, em 7 de fevereiro, despediu-se dos seus soldados e retornou ao Brasil. Foi substituído pelo conde d´Eu. No dia 18 de abril de 1874, perde sua amada Anica.

Membro do Partido Conservador, é convidado pelo imperador D. Pedro 2º para mais uma vez ocupar o cargo de presidente do Conselho de Ministros e titular da pasta da Guerra; chefiaria o ministério de 1875 a 1878, quando renunciou. Triste, decepcionado com a política, e com a desconsideração de que foi alvo; quando o sucedeu no Conselho de Ministros o partido adversário, o Liberal, retirou-se da vida pública.

Passando a residir em sua fazenda Santa Mônica, na região de Vassouras, RJ. No dia 7 de maio de 1880, sentiu-se repentinamente mal, e, em companhia de familiares e depois de ter se confessado, faleceu. Seu corpo foi conduzido para o Rio e sepultado no cemitério do Catumbi.

Pela sua atuação vitoriosa em colocar fim às várias revoltas que ocorrem no Brasil e também na América do Sul, durante o Império, foi chamado de o Pacificador. No ano de 1949, seus restos mortais foram exumados e transladados, com todas as honras, para um panteão localizado em frente da então sede do Ministério da Guerra - Palácio Duque de Caxias, hoje Comando Militar do Leste, na avenida Presidente Vargas, na cidade do Rio de Janeiro, onde jazem ao lado de sua esposa.

*Antônio Sérgio Ribeiro, advogado e pesquisador, é diretor do Departamento de Documentação e Informação da Assembleia Legislativa

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