Argumentos de representante da Le Lis Blanc não convencem deputado


22/08/2013 18:26 | Da assessoria do deputado Carlos Bezerra Jr.

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Carlos Bezerra (esq.) na mesa de trabalhos da CDH<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2013/fg128783.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Os argumentos utilizados por Livinston Bauermeister, diretor de operação do grupo Restoque, responsável pela grife Le Lis Blanc, não convenceram o deputado Carlos Bezerra Jr., líder do PSDB na Assembleia e responsável pela convocação do representante do grupo na Comissão de Direitos Humanos (CDH), no dia 20/8. O parlamentar acredita que as respostas dadas pelo diretor do grupo são as mesmas de outras grandes grifes que já prestaram esclarecimentos na comissão, por solicitação dele.

"Fico estarrecido com a semelhança de argumentos utilizada pelas empresas flagradas com escravidão que vêm aqui se explicar. Não sei se essa semelhança é só na questão das estratégias de defesa ou também nas ações. O que fica evidente é que as práticas na indústria têxtil são muito parecidas. Numa ponta tem gente lucrando absurdamente. Na outra, pessoas sendo humilhadas", explica Bezerra Jr.

Livinston afirma que o grupo desconhecia o trabalho escravo em sua produção, e que depois do fato tomou medidas junto aos fornecedores. "Nosso objetivo é que, a partir de agora, todas as irregularidades sejam sanadas. Seremos implacáveis no combate a escravidão em nossa cadeia produtiva e já notificamos nossos fornecedores", alega Bauermeister.

Para o procurador Tiago Muniz Cavalcanti, do Ministério Público do Trabalho, que participou da oitiva, o grupo Restoque sabia do trabalho escravo. "O MP já sabia o que ia encontrar na fábrica. É evidente que a empresa também sabia. É uma cegueira deliberada. Fiscalizam a qualidade técnica, mas não as condições de trabalho", conta.

"Oficinas clandestinas como essas, com terceirização de fachada, vão diluindo os direitos dos trabalhadores ao escondê-los em casas fechadas. Dessa forma, fica oculto o enorme lucro que está por trás de tudo isso. Quem se beneficia dessa exploração diz sempre desconhecer o trabalho escravo em sua produção e, apesar da marca vender luxo e excelência, não houve o mínimo de capacidade técnica para averiguar suas subcontratadas", justifica Bezerra Jr.

Esse é o primeiro caso de trabalho escravo no ramo têxtil após a regulamentação, em maio deste ano, da nova lei paulista contra a escravidão, de autoria de Bezerra Jr. Caso o grupo Restoque seja condenado em qualquer ação civil ou criminal por um colegiado em segunda instância, a empresa será a primeira a ter cassado por dez anos seu registro no ICMS em São Paulo. Sem esse cadastro as empresas não podem emitir nota fiscal, o que inviabiliza qualquer transação comercial.

carlosbezerrajr@al.sp.gov.br

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