A imprensa feminista e o papel da mulher são abordados pela Comissão da Verdade
07/10/2013 17:34 | Da Redação: Sillene Coquetti Fotos: Yara Lopes





No último dia dos trabalhos da Comissão Estadual da Verdade Rubens Paiva voltado para o tema: "A importância da imprensa de resistência à ditadura", foi destacado o papel da mulher por meio da imprensa feminista no combate a repressão. Na sexta-feira, 4/10, o jornal Brasil Mulher teve destaque durante a comissão. As colaboradoras do jornal Rosalina Santa Cruz e Amelinha Teles elucidaram o trabalho e a importância do primeiro jornal feminista do Brasil.
O jornal Brasil Mulher teve início em 1975, por conta da iniciativa de duas mulheres, a jornalista Joana Lopes e a ativista Terezinha Zerbini, conhecida como "a Dama da Anistia", por defender e levar o tema à discussão nas páginas do jornal. Ela foi fundadora do Movimento Feminino pela Anistia e Liberdade Democrática. Posteriormente, o periódico teve à frente de sua redação ex-presas políticas, que participavam de todas as etapas de produção desde a discussão de pautas passando pela formulação e criação, até a venda e distribuição clandestina.
Tratamento igualitário
A coordenadora da comissão Amelinha Teles relatou que o jornal surgiu em meio ao contexto histórico dos anos de 1974 e 1975, os anos dos desaparecimentos, onde centenas de jornalistas e militantes foram mortos e as mulheres eram apenas coadjuvantes diante da sociedade. Neste sentido, as mulheres buscavam romper as barreiras do jornal "masculino" e buscar voz ativa e papel atuante em busca de igualdade. "Nunca fizemos esse jornal pensando nas mulheres apenas, mas em todos. O objetivo sempre foi o tratamento igualitário entre homens e mulheres", afirmou Amelinha.
O jornal foi distribuído em diversos Estados brasileiros e abordava questões consideradas tabu para a época. Reforma agrária, anistia, sexualidade, prostituição, divórcio, aborto e direitos da mulher eram os principais temas. A importância do periódico vai além das discussões de igualdade, um exemplo é a revelação de casos de violência e estupro contra as mulheres presas políticas, que foi denunciado pela primeira vez no Brasil Mulher.
10 mil exemplares por mês
Rosalina contou que sua mãe foi a primeira feminista que conheceu em sua vida. Enquanto a sociedade pregava que a mulher devia cuidar do lar e de sua família, sua mãe dizia que lugar de mulher era na rua, trabalhando e estudando. Diante disso, Rosalina afirma que seu ingresso no jornal era para buscar autonomia e ajudar no avanço da relação entre homens e mulheres. "Era muito difícil para uma mulher militar no Brasil. Dentro da militância havia um machismo muito grande. Não tínhamos liberdade sexual nem afetiva", afirmou.
O jornal Brasil Mulher, segundo Rosalina, mostrava ainda que a mulher que não era vista como um ser de opinião e importância pela sociedade. Por isso abordava as dificuldades enfrentadas e defendia um futuro melhor para o gênero. Havia uma ponte entre legalidade e a clandestinidade, mas devido ao seu porte de mídia nanica, a censura não esteve presente na história do jornal, que chegou à marca de 10 mil exemplares por mês.
Mães machistas
Rosalina explanou que ainda hoje é distorcida a visão do que é o feminismo. "O feminismo é a luta das mulheres pela igualdade entre homens e mulheres, e isso não tem a ver com mulher feia ou mal-amada. Quem cria o machismo nos homens são suas mães, as próprias mulheres, e por isso a mudança tem de partir das mulheres".
Amelinha afirmou que as discussões retratadas no Brasil Mulher são atuais, pois ainda há luta por igualdade. Também a questão da anistia não perdeu a atualidade, pois ainda hoje os torturadores continuam impunes. "Femenagem" foi o termo utilizado pelas depoentes para homenagearem a companheira feminista Diva Burnier, que morreu recentemente e teve importante papel na militância feminina contra a ditadura.
Resquícios da ditadura
O presidente da comissão, deputado Adriano Diogo (PT), convidou à mesa a advogada Valdênia Paulino, da Ouvidora de Polícia da Paraíba, que será homenageada pela revista Claudia devido a seu papel atuante na luta dos direitos humanos. Segundo Valdênia, é muito importante a luta pela desmilitarização no Brasil, pois ainda hoje a sociedade paga um alto preço pelos resquícios da ditadura. "Hoje, em pleno Estado Democrático de Direito, temos pessoas que torturaram e mataram e continuam ocupando cadeiras importantes dentro do aparelho de Estado".
Ela afirmou ainda que, quando se trata de vida, o Estado não pode ter limitações em defender os que mais precisam. Sugeriu que sejam feitas reuniões itinerantes da Comissão Estadual da Verdade para que mais pessoas tomem conhecimento do que aconteceu. Valdênia já sofreu ameaças devido a sua militância em prol da garantia dos direitos humanos.
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