Comissão da Verdade: Filha do sargento Ângelo Aquino busca reparação moral
14/10/2013 18:16 | Da Redação Fotos: Marco Antonio Cardelino
Uma família fragmentada pela punição ao pai, que respeitou a ordem e a legalidade. Essa é a síntese da história relatada por Carmen Ângela de Aquino Mascarenhas, nesta segunda-feira, 14/10, à Comissão Estadual da Verdade, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT).
Segundo o depoimento de Carmen, em 31/3/1964, seu pai, o sargento Ângelo Miguel de Aquino, foi convocado com companheiros de patente a apresentar-se ao quartel do Batalhão Itororó, em São João Del Rei, Minas Gerais. Em formação, ouviram: quem estivesse com o presidente João Goulart, que depusesse as armas e seguisse o comandante.
Ângelo seguiu o caminho da legalidade, mas na verdade dali ele foi para a prisão por dez dias, por ter saído de forma sem comunicação ao superior. Transferido com colegas para a cidade de Santos Dumont, só voltou a ter contato com a família um mês e meio depois, relembra Carmen. De volta à cidade mineira, avisou que seria transferido para Cuiabá, "a bem da disciplina", segundo documento do Exército apresentado por Carmen, que consta da folha corrida de seu pai.
Essa movimentação ganhou nova luz, aos olhos de Carmen, a partir de uma entrevista do compositor e ex-sargento Martinho da Vila à revista Carta Capital, falando sobre a politização e a prisão de sargentos no período. "Hoje eu entendo que os sargentos, incluindo meu pai, foram pulverizados pelo país e não levados à Guanabara porque poderiam dificultar a deposição do presidente João Goulart", ela analisa.
Família estraçalhada
A família ficou em Cuiabá por cinco anos, até 1969. Inadaptada, a mãe de Carmen começou a enfrentar uma depressão que a levaria a tentativas de suicídio. Desgostoso, Ângelo começou a beber e a situação financeira dos Aquino ficou difícil. O sargento tentou voltar a São João Del Rei, mas o pedido foi negado e ele foi transferido para a cidade paulista de Lorena, onde ficou até 1975, quando passou para a reserva. Ângelo morreu de infarto em 1992. Sua mulher faleceu em 1994, aos 58 anos, vítima de um câncer de pâncreas decorrente de uma tentativa de suicídio.
"O coração do meu pai foi enfraquecendo. Ele tinha muita vergonha da folha corrida dele. É essa folha que eu quero limpar. Ele não fez nada a não ser obedecer ao chefe da nação, que era o presidente", disse Carmen.
Ela disse à comissão que à época não teve consciência do que havia acontecido com seu pai e só mais recentemente resgatou essa história, para transmiti-la a todos os descendentes. "Minha família foi estraçalhada. Mas hoje temos muito orgulho de nosso pai", declarou Carmen.
A psicóloga, aos 58 anos, hoje mora em São Paulo, no bairro da Bela Vista. Entre as interrogações que continuam com Carmen, está a de quantos militares passaram pela mesma situação que seu pai e em que extensão do território isso aconteceu. "É preciso levantar essa história em nome dessas pessoas. O Exército tem essa responsabilidade conosco. E eu quero uma reparação moral", concluiu.
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