Comissão da Verdade ouve depoimentos sobre Eremias Delizoicov

Estudante, assassinado na ditadura, engajou-se contra acordo MEC-USAid
16/10/2013 20:46 | Da Redação: Geisel Affonso Foto: Márcia Yamamoto

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Demétrio Delizoicov, Adriano Diogo, João Delijaicov e Amelinha Teles <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-10-2013/fg131297.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Dimitra Delizoicov<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-10-2013/fg131298.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Demétrio Delizoicov<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-10-2013/fg131299.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Presentes à reunião da Comissão da Verdade desta quarta-feira, 16/10<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-10-2013/fg131300.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva realizou nesta quarta-feira, 16/10, audiência pública sobre o caso de Eremias Delizoicov, assassinado durante a ditadura militar. Presidiu a sessão o deputado Adriano Digo (PT), e estiveram presentes o irmão de Eremias, Demétrio Delizoicov e o primo Antonio Delizoicov.

Eremias Delizoicov era aluno da então Escola Técnica Federal, hoje Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo. Participou de assembleias que articularam apoio às greves dos operários de Osasco em 1968 e, no ano de 1969, entrou na Vanguarda Popular Revolucionária (VPR). Engajou-se contra o acordo MEC-USAid (United States Agency for International Development) junto ao movimento estudantil secundarista das escolas da zona leste de São Paulo.

Passou a viver clandestinamente até ser assassinado por agentes do DOI-Codi no Rio de Janeiro, no dia 16/10/1968, quando tinha apenas 18 anos de idade. Foi enterrado com o nome de José Araújo de Nóbrega, ex-militar exilado que lutava contra a ditadura militar. Anos depois, José de Araújo escreveu uma carta para a família Delizoicov, explicando que Eremias foi sepultado com nome ilegítimo.

Lembranças do irmão

Demétrio Delizoicov recordou que no ano de 1966, depois do golpe militar, Eremias tinha apenas 13 anos de idade, estudava violão clássico, tinha interesse por música popular brasileira e também se destacava nos esportes. Eremias passou a se sensibilizar, juntamente com seu colegas da escola, por questões sociais e passou a se articular com a União Estadual dos Estudantes.

Demétrio afirmou que Eremias se debruçava nos livros de formação política desde os 16 anos. Em 1969, com o aumento da repressão, o grupo de Eremias se afastou do movimento estudantil e foi para a luta armada. "E essa trajetória fez com que o meu irmão fosse morto brutalmente e enterrado com nome ilegítimo em cova rasa na cidade do Rio de Janeiro", disse o irmão.

Interesse pela política

O primo Antonio Delizoicov contou que tinha uma boa relação com Eremias. Disse ter feito indicação do livro Geopolítica da Fome, de Josué de Castro, para ele. E mostrou-se admirado por ver um jovem de 17 anos se interessando por causas políticas. "Soube da morte de Eremias através de um colega dele, que me pediu para não falar a ninguém e que disse que ele tinha morrido heroicamente pelo Brasil."

Eremias Delizoicov também foi homenageado na sede do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo no dia 16/10. Na ocasião, o instituto concedeu um certificado simbólico de conclusão de curso aos familiares de Eremias.

alesp