Opinião - Danos irreparáveis


31/10/2013 11:35 | Sebastião Santos*

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Desde o dia 18 de outubro o litoral entre Santos e Guarujá não é mais o mesmo. Uma explosão no porto santista que aconteceu por volta das seis horas incendiou seis armazéns de açúcar da Copersucar, considerada a maior exportadora do produto no Brasil. O incêndio atingiu 40 mil m² e queimou cerca de 180 mil toneladas de açúcar bruto. Foram necessários três dias de trabalho dos bombeiros para conter as chamas. O prejuízo financeiro atingiu a bolsa de valores, que resultou no aumento no preço do açúcar. Mas os danos foram muito maiores e irreparáveis ao ecossistema.

Desde então, milhares de peixes e todo o tipo de espécies marinhas apareceram mortos na orla entre essas duas cidades. As causas do acidente estão sendo investigadas. No entanto, a consequência desastrosa já é visível. O melaço formado pelo açúcar derretido com o fogo pode ter sido a principal causa da morte dos peixes e espécies marinhas, segundo biólogos. Por não ser um alimento natural do habitat desses animais, causou intoxicação e levou a morte dessas espécies. A Cetesb (Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental) investiga os danos. O resultado da análise deve ficar pronto esta semana.

Enquanto isso, temos outro problema econômico gravíssimo: como sobreviverão os pescadores artesanais até a recuperação do mar, se houver tal restauração? Entre Santos e Guarujá, existem cerca de dois mil chefes de família que sobrevivem apenas da pesca artesanal. Na quinta-feira, 24/10, me reuni com representantes de uma colônia de pescadores do Guarujá, o desespero deles é unânime.

"Em 40 anos como pescador nunca vi tanta morte no mar", disse o pescador Jair Amorim com lágrimas nos olhos. Ele relatou que navegou mais de 18 km e só encontrou animais mortos, inclusive tartarugas. Os profissionais estão há uma semana sem poder pescar. E até quando ficarão assim? Espécies como "mero" (de 150 kg), em risco de extinção e proibidas de serem pescadas, também morreram. Estima-se que peixes deste tamanho tenham mais de 30 anos de vida.

Reportagens em jornais da região relatam que até os locais de venda de peixe no varejo, como o mercado municipal de Santos, teve queda de 30% nas vendas. Os consumidores temem o envenenamento dos frutos do mar.

Na sexta-feira, 25/10, levei o caso para conhecimento dos deputados em sessão ordinária. Como representante do provo paulista na Assembleia Legislativa, e membro atuante da Frente Parlamentar da Pesca e Aquicultura e da Comissão de Meio Ambiente, já estou investigando esta situação, conto com o apoio e colaboração dos demais deputados. Os danos causados por este acidente podem ser irreparáveis para as famílias de pescadores e a futuras gerações de brasileiros que talvez ficarão sem conhecer algumas espécies marinhas que podem ter sido destruídas nessas catástrofes.

É preciso mais do que respostas para estas perguntas. A investigação é necessária para que planejemos soluções concretas para a população.

*Sebastião Santos é deputado estadual pelo PRB

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