Deputado Alberto Calvo


21/11/2013 18:59 | Antônio Sérgio Ribeiro*

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Faleceu em São Paulo, no último dia 9 de novembro, em decorrência de um infarto, o ex-deputado Alberto Calvo. Dr. Calvo, como era conhecido, nasceu em Santos (SP), no dia 8 de setembro de 1928, filho de José Calvo e Maria Ferreira.

Após concluir os cursos regulamentares, iniciou carreira profissional em 1952, como técnico de laboratório na Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade de São Paulo. Três anos depois, em 1955, entrou para a Escola Paulista de Medicina, formando-se em 1960. No ano seguinte, ingressou como médico de Pronto Socorro no quadro da Secretaria da Saúde do Estado. Posteriormente, tornou-se médico no Departamento de Assistência a Psicopatas, na USP. Diplomou-se em Administração Hospitalar pelo Instituto Brasileiro de Pesquisas Hospitalares, em Psiquiatria Clínica pelo Centro de Estudos Franco da Rocha e Hipnose Médica pela Sociedade Internacional de Hipnose Clínica Experimental.

No ano de 1964, foi o responsável pela enfermaria masculina do Centro de Observação e Triagem Psiquiátrica do Estado, na Secretaria da Saúde paulista. Integrou como membro efetivo o Conselho Técnico da Consultoria e a assessoria junto ao gabinete da Coordenadoria de Saúde Mental, também da Secretaria da Saúde, em 1972. No mesmo ano assumiu o cargo de diretor técnico de divisão 2 do Serviço de Higiene Mental da mesma secretaria.

Em 1973, ocupou o cargo de presidente da Comissão Intersecretarial destinada a estudos visando o equacionamento da assistência aos menores oligofrênicos do Estado de São Paulo, e no ano seguinte foi membro do Conselho Consultivo da Divisão Regional de Campinas.

No ano de 1980, presidiu um grupo de trabalho com a finalidade de estudar o serviço de atendimento de emergência. Exerceu também a função de supervisor de um grupo de trabalho destinado a elaborar a sistemática das atividades técnico-complementares de apoio e diagnóstico das unidades ambulatoriais da Divisão de Ambulatório de Saúde Mental, e supervisor de grupo de trabalho sobre a prevenção de toxicomania.

Presidiu em 1981 o grupo de trabalho visando o desenvolvimento do subprograma de saúde mental nos centros de Saúde Mental 1, e de ações de psiquiatria preventiva junto à gestante, à criança e ao adulto, da Secretaria estadual da Saúde. No ano de 1990, foi chefe de gabinete da Secretaria da Promoção Social.

Em 1972, participou do Encontro Estadual de Técnicos de Saúde Mental, na Universidade de São Paulo; da 3ª e da 4ª Convenção Paulista de Hospitais do Estado de São Paulo; e no ano de 1973, da 20ª Jornada Paulista de Administração Hospitalar, realizada em Ribeirão Preto; do 11º Congresso de Neurologia, Psiquiatria e Higiene Mental. Em 1974, representou o Estado de São Paulo no 1º Seminário Nacional sobre Alcoolismo e Dependência de Drogas, patrocinado pela Organização Americana de Saúde, em Petrópolis (RJ); e também no Seminário Sobre Práticas Terapêuticas não Médicas, organizado pela Divisão Nacional de Saúde, realizado em Salvador (BA), e do 1º Congresso Internacional sobre uso de tóxicos pela Juventude Universitária.

Realizou cursos de posição analítica existencial na psiquiatria contemporânea. No ano de 1973, participou de dinâmica de grupo no Centro de Reciclagem, em São Paulo em 1974. Cursou também Administração de Hospício Psiquiátrico, pela Unaerp, no ano de 1980, e nesse ano realizou o curso de Administração em Saúde e Desenvolvimento de Programas de Saúde, pela Universidade John Hopkins, Baltimore, nos Estados Unidos.

Atuação política

Na gestão do prefeito Jânio Quadros (1987/1989), foi nomeado administrador regional da Casa Verde. Ingressou na vida politica quando concorreu, nas eleições de 15 de novembro de 1988, a uma vaga na Câmara Municipal de São Paulo, pelo Partido Trabalhista Brasileiro (PTB). Obtendo 40.396 votos, conquistou uma das vagas de suplente do partido, o que lhe permitiu, em 1990, 1991 e 1992, assumir a cadeira de vereador, em substituição a titulares.

No pleito municipal seguinte, em 3 de outubro de 1992, concorreu novamente ao cargo de vereador, pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB), sendo eleito com 12.640 votos. Assumiu seu mandato no Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal de São Paulo, em 1º de janeiro de 1993. Na Sessão Legislativa de 1994, integrou a Mesa Diretora da edilidade paulistana como 1º suplente.

Nessa legislatura, integrou como membro efetivo a Comissão de Saúde, Promoção Social e Trabalho, sendo seu presidente entre 11 de março de 1993 a 31 de dezembro de 1994, e vice-presidente no período de 1 de fevereiro de 1995 a 15 de março de 1995, quando renunciou ao seu mandato de vereador para assumir como deputado estadual.

Em 3 de outubro de 1994, concorreu a uma vaga na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo. Foi eleito com 21.289 votos pelo PSB, para a 13ª Legislatura (1995/1999), assumindo em 15 de março de 1995 sua cadeira de deputado e a liderança de seu partido no Legislativo estadual. Na Alesp, integrou como membro efetivo, entre 1995 e 1997, a Comissão de Saúde e Higiene, sendo seu vice-presidente em 1998.

Foi membro da Comissão Parlamentar de Inquérito do Crime Organizado. Presidiu a CPI que investigou as violências praticadas na Favela Naval, na cidade de Diadema.

Também nessa legislatura integrou a Comissão de Representação para acompanhar as reuniões que se realizaram na região Sudeste do Estado, onde o poder executivo elaborou o projeto Qualidade de Vida, integrante do Programa Comunidade Solidária do governo federal, em maio de 1995. Ainda nesse mês, participou da Comissão de Representação instituída com a finalidade acompanhar a greve dos petroleiros no município de Cubatão.

No mês seguinte, participou da Comissão de Representação que tinha a finalidade de acompanhar e intermediar as negociações entre o governo do Estado e a Fundação Padre Anchieta.

Ainda em 1995, no mês de setembro, fez parte da Comissão de Representação com a finalidade de visitar a Usina de Porto Primavera. Outra comissão de representação da qual participou foi a criada com a finalidade de acompanhar as negociações entre o governo de São Paulo e representantes do professorado paulista, sobre reivindicações salariais, bem como a melhoria das condições da categoria.

Foi reeleito deputado estadual pelo PSB, nas eleições de 4 de outubro de 1998, com 31.163 votos. Assumindo sua cadeira no Palácio 9 de Julho, para 14ª Legislatura (1999/2003), em 15 de março de 1999. Em 2000, foi novamente conduzido à liderança do PSB na Alesp.

Nessa legislatura, foi membro efetivo da Comissão de Promoção Social e da Comissão de Redação. Presidiu também a de Promoção Social em 2000. No período de 1999 a 2000, foi suplente da Comissão de Cultura, Ciência e Tecnologia, e também da Comissão de Educação. No biênio de 2001/2002, foi membro efetivo da Comissão de Saúde e Higiene, e suplente da Comissão de Redação. Foi presidente da CPI que investigou os problemas da Fundação Estadual do Bem Estar do Menor (Febem).

Entre seus projetos como deputado, estava o que incluiu a raça rottweiler no projeto de lei que proibia a comercialização, reprodução e importação de cães das raças pitbull e mastim napolitano no Estado de São Paulo, de autoria do então deputado Gilberto Nascimento.

Nas eleições de 6 de outubro de 2002, foi candidato à reeleição pelo PSB, mas obteve apenas uma suplência. Em 28 de fevereiro de 2003, renunciou a sua cadeira de deputado estadual para assumir o cargo de subprefeito da Casa Verde, na administração de Marta Suplicy, na prefeitura de São Paulo.

Candidatou-se, em 5 de outubro de 2006, mais uma vez a deputado estadual na Assembleia Legislativa de São Paulo, não sendo eleito. Voltou a se candidatar, dessa vez a vereador pelo DEM, no pleito de 5 de outubro de 2008, mas também não obteve a vitória que esperava, obtendo apenas uma suplência.

Filantropia

Dr. Calvo era muito conhecido pela sua atuação na doutrina espírita kardecista. Dava palestras e por quase dez anos apresentou o programa Em Busca da Verdade, em uma rádio na cidade de Guarulhos. Foi orador da Federação Espírita do Estado de São Paulo.

Na área filantrópica exerceu também os cargos de diretor clínico das Casas André Luiz, em Guarulhos; presidente da União Espírita André Luiz; presidente da União Distrital Espirita da 3ª Zona; presidente do Conselho Metropolitano Espírita da Capital, São Paulo; membro do Conselho Estadual Espírita, São Paulo; presidente da 1ª Organização de Assistência Comunitária, Parque Peruche, Vila Espanhola, e fundador e presidente da primeira Organização Filantrópica de Puericultura, Assistência Medica a crianças e adultos e distribuição gratuita de medicamentos à Comunidade da Casa Verde, Parque Peruche e Vila Espanhola.

Entre as homenagens que recebeu em vida de diversas instituições por seus trabalhos sociais, estava o Voto de Júbilo e Consagração pela Câmara Municipal de São Paulo, em 25 de maio de 1973, pela instalação de ambulatórios infanto-juvenis e de adultos nas diversas regiões de São Paulo. Recebeu também o troféu Gente, concedido pela Sociedade Negra Brasil Jovem; o Titulo de Cidadão Casaverdense, outorgado pela A Gazeta de Casa Verde; o Prêmio Status, conferido pelos Diários e Emissoras Associados; a Medalha Anchieta por serviços prestados à população litorânea do sul de São Paulo, outorgado pela Câmara Municipal de São Paulo; o Titulo de Cidadão Itanhaense, concedido pela Câmara Municipal de Itanhaém; o Titulo de Bom Samaritano pela criação da creche filantrópica e curso profissionalizante e atendentes de enfermagem na Casa Verde, conferido Loja Maçônica em 1986, sendo este um dos que mais se orgulhava; a Comenda da Ordem Civil e Militar dos Cavaleiros do Templo, em 1987; a Medalha do Instituto Brasileiro de Heráldica e Medalhísticas; e o Voto de Agradecimento por serviços prestados à comunidade, pela Câmara Municipal de Osasco.

Obras publicadas

Calvo publicou obras como Urgências em Psiquiatria - Volume 31 dos Arquivos do Departamento de Psiquiatria; Trabalho Aprovado pelo Conselho Técnico Consultivo da Coordenadoria de Saúde Mental de descentralização dos ambulatórios infanto-juvenis na implantação da respectiva emergência psiquiátrica na zona leste de São Paulo, em 1973; Trabalho Aprovado pelo Conselho Técnico Consultivo para implantação das emergências psiquiátricas de adultos de conformidade com a nova política de saúde mental, no ano de 1974; Trabalho sobre toxicomania e alcoolismo e suas prevalências nos diversos grupos etários e nas diferentes classes sociais, apresentado durante o 13º Ciclo de Estudos sobre Segurança Nacional, e a Monografia sobre doenças sexuais transmissíveis - DST, em 1998.

Durante os mais de 50 anos em que exerceu a profissão de neurologista, psiquiatra e clínico geral, foi idealizador da rede ambulatorial de psiquiatria mental em São Paulo. Em seu consultório no bairro paulistano da Casa Verde, recebeu para consulta mais de 350 mil pacientes, inclusive a comunidade carente da região norte de São Paulo, durante as 24 horas do dia, nunca negando atendimento médico a quem necessitasse. Dizia que as pessoas não devem ter medo de nada na vida, "pois Deus nos protege". E ao tirar um brevê de piloto ele enfrentou o seu maior temor: o de altura.

Era casado com Irma Sibinelli Calvo, com teve os filhos Jose Luiz, Paulo Sergio, Rubens Wagner e Marcia Valeria. Deixou 15 netos e 5 bisnetos. Seu filho, Rubens Calvo, é vereador e corregedor-geral da Câmara Municipal de São Paulo.

Seu velório foi realizado no domingo, dia 10/11, no Centro Espírita que leva seu nome, localizado na Casa Verde, e o enterro no Cemitério Jardim da Serra, na cidade de Mairiporã.

Alberto Calvo foi lembrado na Câmara Municipal de São Paulo por diversos parlamentares, que elogiaram sua atuação nas décadas dedicadas à vida pública. A sessão plenária da terça-feira, 12/11, foi suspensa em respeito e em homenagem a ele.

*Antônio Sérgio Ribeiro, advogado e pesquisador. É diretor do Departamento de Documentação e Informação da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

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