Na tarde de 28/11, a Comissão da Verdade do Estado de São Paulo Rubens Paiva realizou uma audiência pública para a exibição do documentário Entre a luz e a sombra, de Luciana Burlamarqui. O presidente Adriano Diogo (PT) disse que pretende entremear fatos do passado, abrangidos pela investigação da Comissão da Verdade, com o presente, com o que chamou de "restos da ditadura, ou lugares onde a ditadura não terminou". Diogo considerou o documentário de grande atualidade, pois "ajuda a revelar essa face que a sociedade brasileira diz que não existe. O filme é uma contribuição importante para que haja menos grupos de extermínio, menos mortes na periferia e para que o Brasil não tenha mais a pena de morte para nossa juventude negra, fazendo pensar em caminhos para a construção de base para uma nova sociedade". Segundo a diretora Luciana Burlamarqui, o convite para exibição em audiência da Comissão da Verdade é "a realização de um sonho, pois nós que somos ativistas dos direitos humanos admiramos muito o seu trabalho. "O documentário discute a questão do sistema prisional, a violência policial, tudo que envolve a violência urbana do ponto de vista da sombra, daquilo que não se quer ver, provocando reflexão sobre a questão da violência no Brasil", disse a diretora. Quatro personagens O filme acompanha por sete anos a vida de três personagens: dois presos do Carandiru, Dexter e Afro-X, que formaram a dupla de rap 509-E e a da atriz Sophia Bisilliat, que lá fazia trabalho voluntário para descobrir talentos artísticos. Mostra as saídas dos rappers para shows e também o trabalho teatral com presos de Sophia. O quarto personagem é o juiz corregedor à época Octavio de Barros Filho, que foi quem autorizou as saídas do grupo de rap 509-E para divulgação de seu trabalho fora do presídio sem a mudança no regime da pena. Para Luciana, esse juiz demonstrou uma "postura humanista ao acreditar na possibilidade de reabilitação das vidas dos presos". A exibição foi seguida de debate, que versou principalmente sobre o sistema prisional e a sociedade. O documentário Entre a luz e a sombra foi lançado comercialmente no Brasil em 2009, e passou em 15 países e por 25 festivais, recebendo prêmios. Atualmente a obra é exibida em escolas públicas, e a diretora disse sonhar com a criação de um canal de debate para possibilitar discussão entre os alunos, pois os temas abordados são muito atuais. Pode ser assistido clicando aqui