Balanço 2013 - Comissão da Verdade: Seminário Verdade e Infância Roubada

Seminário Verdade e Infância Roubada abordou história de filhos de militantes
08/01/2014 18:52 | Da Redação: Caroline Leonardo

Compartilhar:

Seminário Verdade e Infância Roubada: Zuleide Aparecida do Nascimento, Luis Carlos Max do Nascimento, Adriano Diogo e Ivan Seixas <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2014/fg157913.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Seminário debateu a situação das valas de Perus<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2014/fg157914.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Carlos Giannazi e Adriano Diogo na audiência que debateu a situação das valas de Perus<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2014/fg157915.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Situação das valas do cemitério clandestino de Perus também foi discutida

Em maio de 2013, a Comissão estadual da Verdade Rubens Paiva promoveu o Seminário Verdade e Infância Roubada, iniciando a série de audiências a que se propôs com a exibição do filme "15 Filhos", que descreve o contexto histórico da ditadura militar no Brasil por meio do relato de filhos de militantes mortos, presos ou desaparecidos, sobre suas memórias de infância.

Após exibição, foram ouvidos cerca de 38 depoimentos, como o caso de Edson Luiz e Janaína, filhos de César Augusto Teles e Maria Amélia de Almeida Teles, coordenadora da Comissão da Verdade. Edson e Janaina foram sequestrados, com 4 e 5 anos de idade, dias depois da prisão dos pais, em dezembro de 1972. Ambos passavam o dia no pátio da Operação Bandeirante (Oban) e eram levados para ver os pais como forma de pressionar Amélia e César a confessar. Edson se lembra do rosto da mãe deformado pelas torturas. Maria Amélia relatou que os filhos tiveram problemas psicológicos e que tanto eles quanto outras crianças tiveram suas infâncias roubadas, pois tiveram de amadurecer cedo.

Mães militantes

Também foram ouvidos depoimentos de mães como Lenira Machado e Dercy Andozia. Lenira, ex-militante da Ação Popular (AP) veio de uma família tradicionalmente comunista e o marido, também militante, era filho do general Altino Rodrigues Dantas. Quando Lenira foi solta pela segunda vez, havia perdido a guarda de seu filho Aritanã Machado Dantas para o sogro. Só podia ver Aritanã no hall do apartamento durante uma hora e na presença de advogados e só conseguiu reaver a guarda do filho em 1976.

O filho de Darcy, Carlos Alexandre Azevedo, foi levado de sua casa para o Departamento de Ordem Política e Social (Dops), com um ano e oito meses de idade, em janeiro de 1974. O sequestro teria sido usado para pressionar os pais, Darcy e Dermi Azevedo a falar. Depois de solta, a família tentou recomeçar a vida, mas Carlos nunca se recuperou. Sofreu perseguição na escola, adquiriu um quadro de fobia social e, mesmo com todo o tratamento psicológico, não se restabeleceu. Em fevereiro de 2013, Carlos se suicidou. "Não conseguiu se adaptar ao mundo", lamentou Darcy.

Valas de Perus

Também foi discutida a situação das valas de Perus, onde foram enterrados presos políticos clandestinamente, na época da ditadura militar. As valas ficam no Cemitério Dom Bosco, no bairro de Perus, na capital paulista.

Em 2006, o Ministério Público Federal (MPF) entrou com uma ação civil pública de responsabilização pela demora na identificação das ossadas. Em 2012, a Associação Brasileira de Anistiados Políticos (Abap) cedeu verba para acelerar a identificação das ossadas. A Equipe Argentina de Antropologia Forense (EAAF) foi contratada para avaliá-las.

Durante uma das audiências, também foi abordada a Lei 14.594/2011, do deputado Carlos Giannazi (PSOL), que institui 4 de setembro como o Dia Estadual em Memória dos Mortos e Desaparecidos Políticos. A data foi escolhida, pois, em 1990, foi aberta a vala de Perus.

alesp