Balanço 2013: Livro Holocausto Brasileiro é lançado em reunião da Comissão da Verdade

Documentário As Asas Invisíveis do Padre Renzo retrata anos de assistência a presos políticos
10/01/2014 18:51 | Da Redação: Caroline Leonardo

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 Livro Holocausto Brasileiro, da jornalista e escritora Daniela Arbex<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2014/fg157954.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

As audiências públicas da Comissão estadual da Verdade Rubens Paiva do mês de agosto, presididas pelo deputado Adriano Diogo (PT), contaram com o lançamento do livro Holocausto Brasileiro, da jornalista e escritora Daniela Arbex. A ideia de escrever a obra surgiu a partir de uma série de matérias sobre o Hospital Colônia de Barbacena, aberto em 1903, e traz uma série de relatos de sobreviventes e testemunhas acerca do tratamento prestado no hospício. O hospital era conhecido como Colônia e funcionava, segundo a autora, como "descarte de pessoas que não eram aceitas na sociedade".

Pesquisas apontam que 70% dos internados não tinham diagnóstico de doença mental. Com capacidade para 200 leitos, o hospital chegou a receber 5 mil pessoas e, devido a superlotação, o número de óbitos aumentou com as causas mais diversas como: doenças respiratórias, fome, eletrochoque e diarreia. Segundo a autora, entre 1969 e 1980, foram vendidos a faculdades cerca de 1.853 cadáveres.

Já o livro No Centro da Engrenagem, escrito por Mariana Joffily, fala sobre os interrogatórios da Operação Bandeirantes (Oban) e do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi), tendo como tema central analisar o funcionamento técnico e hierárquico dos órgãos de repressão. "Ainda hoje são aplicadas técnicas de torturas em quartéis e em delegacias, prática não repudiada pela sociedade devido ao fato de programas televisivos exaltarem a violência policial. Exemplo disso é o filme Tropa de Elite", afirmou Mariana.

Galeria F

A Comissão da Verdade também recebeu Emiliano José da Silva, que narrou sua experiência como preso político e a convivência com outros presos na Galeria F, local designado para os perseguidos pela ditadura na Penitenciária Lemos de Brito, em Salvador. O nome da galeria também serve de título para a coleção de livros de autoria de Emiliano, que narra os fatos acontecidos no presídio.

Além da coleção Galeria F, Emiliano também escreveu uma obra sobre o Padre Renzo, que deu vida ao do­cu­mentário de mesmo nome: "As Asas Invisíveis do Padre Renzo". O homenageado do filme dedicou vários anos de sua vida visitando, dando assistência e apoio emocional a presos políticos e seus familiares. "O documentário, além de seu conteúdo político, é um ensaio sobre as questões humanas, uma história belíssima da condição humana", disse o ex-preso político Paulo Vannucchi.

alesp