Opinião: Pela retirada dos trilhos de Rio Preto


03/02/2014 19:00 | Sebastião Santos*

Compartilhar:


No dia 24/1 fez dois meses que Rio Preto viveu sua maior tragédia ferroviária. Em novembro último, a cidade foi marcada pelo descarrilamento do trem da América Latina Logística (ALL) no Jardim Conceição. Dois vagões que carregavam milho atingiram uma casa matando oito pessoas. E poderia ser ainda mais grave se os vagões transportassem combustível ao invés do grão. O líquido poderia ter causado explosões que atingiriam todo o bairro.

O acidente ceifou a vida de Francisnaldo Emeliano, de 30 anos, Graziela dos Santos, 27, Kauã de Almeida, 6, Paula da Silva, 36, Amanda da Silva, 16, Denise Flora, 33, Rafaela Barcelos, 2, e Waldemar da Silva, 41, mortes que poderiam ter sido evitadas. A prefeitura de Rio Preto chegou a anunciar, em 2009, ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) um projeto para a construção do contorno ferroviário para desviar os trens do perímetro urbano. A linha sairia de Cedral e seria levada até Mirassol, passando por áreas rurais. A obra está avaliada em R$ 300 milhões. Por ser considerada cara, não saiu do papel. Além do contorno, seria possível a construção de um porto seco que poderia ser instalado próximo ao antigo Instituto Penal Agrícola (IPA). A medida beneficiaria as indústrias da região e estaria distante das residências. Mas isso é assunto para outro artigo.

O que não podemos mais é ficar de braços cruzados. Não existe projeto caro quando se trata da preservação da vida. No dia seguinte ao descarrilamento, iniciei um abaixo-assinado online pelo site www.peticaopublica.com.br com o manifesto pela "Retirada dos Trilhos do Perímetro Urbano de Rio Preto". Já na primeira semana, centenas de rio-pretenses se juntaram a nós contra novos acidentes ferroviários. Mas foi nas ruas que ganhamos força. Meus assessores e eu percorremos bairros em busca de mais assinaturas. No fim de dezembro chegamos a 10 mil apoiadores. Mas é preciso mais. Por isso, peço aos leitores que assinem a petição.

A malha ferroviária pertence ao governo federal. O objetivo do abaixo-assinado é colher o maior número de assinaturas e encaminhar aos deputados federais, senadores e ministros, até que esse pedido seja concedido e o município tenha recurso para executar o contorno ferroviário. Quanto maior o número de apoiadores, mais peso terá a solicitação.

No dia 30 de dezembro outro trem da ALL teve problema, desta vez no centro de Rio Preto. Houve uma falha mecânica que ocasionou uma parada da locomotiva por 15 minutos e, felizmente, causou apenas congestionamento nas ruas General Glicério e Bernardino de Campos, o que não deixa de ser um grande problema. Um descarrilamento no centro teria proporções catastróficas.

Não é de hoje que as linhas férreas estão sucateadas. Desde quando fui vereador na cidade (2009-2010) já alertava as autoridades sobre os perigos de acidentes. Principalmente porque a ferrovia passa por de 27 bairros e pelo distrito de Engenheiro Schmitt. Os trilhos que passam em Schmitt, por exemplo, ficam a cinco metros de residências. Não podemos esperar que outra tragédia aconteça, por descarrilamento, ou atropelamento, como o que aconteceu com o professor rio-pretense Silvio Pereira, em 2011, e com a costureira Sheila Pascutti, em 2004. A tragédia matou adultos e crianças e deixou pessoas que perderam familiares com dores na alma que jamais cessarão.

Outra consequência foi o medo. Pelo menos 40 mil moradores que vivem à beira da linha férrea não têm mais paz. O desejo de todos é que o trem pare de circular.

Conto com o apoio e a assinatura de todos os rio-pretenses. Um governo que gasta mais de R$ 8 bilhões com a Copa do Mundo tem a obrigação de investir também na segurança da população. A linha férrea precisa sair.

*Sebastião Santos é deputado estadual pelo PRB.

alesp