Racionamento de água é discutido na Assembleia

Diretores da Sabesp, Agência Nacional de Água e sociedade civil estiveram presentes
25/03/2014 20:31 | Da Redação: Keiko Bailone Fotos: José Antonio Teixeira

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Geraldo Cruz, Alex Manente, José Zico Prado, Vicente Andreu Guillo, Paulo Massato, Alencar Santana, José Eduardo de Campos Siqueira, Beto Trícoli e Aldo Demarchi <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2014/fg159855.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Público presente nesta terça-feira, 25/3 <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2014/fg159857.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Alencar Santana e José Eduardo de Campos Siqueira  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2014/fg159858.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Paulo Massato<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2014/fg159859.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Vicente Andreu Guillo fala no evento<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2014/fg159860.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Vicente Andreu Guillo fala na reunião da  comissão de Infraestrutura da Assembleia <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-03-2014/fg159861.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

A Comissão de Infraestrutura debateu nesta terça-feira, 25/3, durante audiência pública, os riscos de racionamento no fornecimento de água na chamada macrometrópole paulista, formada pelos municípios de São Paulo, imediações de Sorocaba, Campinas e Baixada Santista. É essa a região mais diretamente afetada pelo baixo nível dos reservatórios de água que formam o sistema Cantareira.

O deputado Alencar Santana (PT), presidente da comissão, comunicou aos presentes que a realização dessa audiência deveu-se às notícias alarmantes sobre a possibilidade de racionamento e, "queremos tirar dúvidas sobre medidas tomadas ao longo dos anos para que o povo paulista não sofra com a falta de água".

Paulo Massato, diretor Metropolitano, representante da superintendente da Sabesp, Dilma Pena - ela justificou sua ausência devido a problemas familiares " explicou que a empresa atende 4,3 milhões de ligações de água na Região Metropolitana de São Paulo. A região, que compreende 37 municípios, abriga 20 milhões de habitantes.

Segundo Massato, o censo do IBGE de 1991 a 2000 mostrava decréscimo do crescimento demográfico nessa região, ou seja, evasão da população nessa região. Com base nesses dados foi elaborado plano diretor para 2020. Já no censo de 2010, essa situação se inverteu. São Paulo voltou a ter crescimento populacional, em detrimento dos municípios periféricos.

Massato mostrou em gráficos esses dados e destacou o aumento da temperatura, a partir do final de novembro de 2013, até os níveis críticos de fevereiro deste ano para justificar a situação de baixo volume de água nos oito centros produtores, sendo o Cantareira o maior deles.

"Fortes temperaturas, altíssimo consumo de água", disse, ao citar ainda a falta de chuva, ocasionada por um fenômeno global conhecido como zona de alta pressão, que mexeu com o clima em todo o mundo.

Ações do governo

O diretor da Sabesp listou, como ações para diminuir o impacto dessa situação, as campanhas junto à população no sentido de dar desconto na conta de água para aqueles que reduzirem o consumo, a captação do volume morto dos reservatórios de Atibainha e Jaguary e transferência de áreas antes abastecidas pelo sistema Cantareira, para o Guarapiranga. Referiu-se também à construção de reservatórios e a interligação de barragens, como obras "relativamente simples".

Falta de água e contaminação

José Eduardo Campos Siqueira, diretor da FNU-Federação Nacional dos Urbanitários, ex-funcionário da Sabesp, lembrou que altas temperaturas, estiagem e falta de chuvas ocorreu também em 1953/54. Na época realizaram-se obras. "São Paulo remunera as crises desde então", falou, ao explicar que após as crises, sucedem-se obras. Alertou sobre o fato de que a continuar a situação atual, e a menos que chova a níveis improváveis, haverá rodízio.

Se houver rodízio, haverá necessidade de monitoramento da qualidade da água, de desinfecção, alertou, "para não oferecer espaço para doenças de veiculação hídrica.

"Acho que a Sabesp não faz jus a sua pujança empresarial em termos de planejamento. É melhor otimizar o que já tem", declarou, ao apresentar, como alternativa viável, a retomada de projetos abandonados, como a recuperação de pequenas vazões.

Para o diretor da FNU, a detecção e eliminação de perdas, bem como a despoluição dos rios Tietê e Pinheiros são soluções. Demandam despesas como construção de dutos, no primeiro caso, mas o projeto Tietê, no papel desde 1970, propõe a recuperação das águas desse rio, até o nível que possa ser usado pelo ser humano.

Água é agenda baixa

Vicente Andreu Guillo, diretor-presidente da Ana-Agência Nacional de Águas foi o terceiro palestrante da audiência, antes da manifestação dos oito deputados presentes em um momento ou outro " Gerson Bittencourt, Geraldo Cruz, José Zico Prado, Marcos Martins, Ana do Carmo e João Paulo Rillo, todos do PT; e Alex Manente, do PPS.

Ele afirmou que a agenda da água não ocupa grandes discussões na mídia ou junto aos poderes constituídos. E, muitas vezes, a agenda da água é vinculada ao seu uso, ou seja, irrigação e saneamento.

"Hoje, vamos tratar da água bruta, enquanto presente nos mananciais", disse, antes de explicar a atuação da Ana e todo o complexo que rege a questão do domínio de estados e federação quando se trata de nascentes, rios e reservatórios. Exemplificou com os casos do rio Paraíba, que nasce em Campos (RJ) e tem vertentes tanto no Rio como em São Paulo; ou o próprio rio Tietê, que nasce em São Paulo, mas morre no rio Paraná. "São problemas que envolvem conflitos e arranjos", resumiu.

Lembrou que a população do Sudeste não tem o cotidiano de lidar com o problema da falta de água, raro na região, mas que "a ação das pessoas é procurar soluções e elas existem". Frisou que juntar as informações dos estados do Rio, Minas, São Paulo e Paraná para se chegar a um acordo é importante e que decisões arbitradas terão pouco tempo de duração, porque não terá a legitimidade do usuário.

Ao final de sua palestra, o diretor-presidente da Ana disse estar apreensivo com o temor das declarações dos governos, "mas não podemos nos deixar contaminar pelo processo eleitoral".

alesp