Opinião: SPPrev, SEE e a burocracia kafkiana
Quem poderia imaginar que o grande escritor Franz Kafka, autor de clássicos da literatura mundial como A Metamorfose e O Processo, pudesse ser lembrado nesta triste comparação com a burocracia da Secretaria Estadual de Educação e sua parceira, a São Paulo Previdência.
A esta altura da vida, quem presumiria que um mero processo de aposentadoria de um servidor público estatal pudesse perder-se nas malhas burocráticas desses dois órgãos e demorar entre três e cinco anos. Isso mesmo! Um absurdo kafikiano. O Estado mais rico e pretensamente mais avançado da federação faz o seu servidor peregrinar, sofrer, irritar-se, ir e vir, assinar inúmeras vezes, telefonar tantas outras, anos a fio, sem conseguir - o que é de direito legal - aposentar-se em prazo razoável.
Se considerarmos, por exemplo, que a prefeitura de São Paulo gasta apenas três meses entre a formulação do pedido e a publicação da aposentadoria, o prazo da burocracia estadual torna-se mais ofensivo, mais irritante, mais perturbador, mais desconcertante, mais propositadamente insuportável.
O que faz isto acontecer?
Nestes anos, acompanhando a demanda dos servidores pelos serviços razoáveis dessa burocracia, anotamos o seguinte:
Não há nenhuma vontade efetiva do Estado em informatizar os dados da vida funcional dos servidores, algo que a um simples toque numa tela ou tecla de computador expusesse a vida toda de qualquer servidor (a maioria dos dados/informações ainda se encontra em papéis, aqui, ali e acolá, um pouco em cada lugar);
Não há formação eficiente dos responsáveis pela execução dos pedidos de contagem de tempo, adicionais, evolução e aposentadoria. Se houvesse e fosse eficaz, não haveria tanto erro, tanta ida e vinda dos processos;
Não há conversa entre os órgãos (da escola a SPPrev, passando pelas DEs e CGRH). Se houvesse não haveria tanto erro e tanta desinformação, tanta demora;
Não há funcionários em quantidade suficiente para dar conta dessa demanda (uma das respostas mais frequentes das DEs e de SPPrev é o grande volume de trabalho e o número insuficiente de funcionários. Um desastre, para não dizer outra coisa);
A tramitação é feita, em sua maioria, por processos que se arrastam de um lugar para outro, indo e voltando, demorando meses e meses - às vezes anos - para se corrigir alguma informação, algum detalhe. E quando voltam ao local de origem, para se consertar erros, inicia-se um novo procedimento, uma nova fila;
Não há um sistema de informações eficiente, decente e responsável (talvez para cobrir essa vergonhosa centopeia burocrática). Ninguém consegue informações em nenhum dos órgãos, com eficiência e com objetividade. O sistema de informações ao interessado mais eficiente (!) é o de SPPrev com uma tela perene e eterna informando "em análise". Nas DEs a informação é oral, quando há, quando se consegue falar com um funcionário disposto a parar sua montanha de processos e responder à ansiedade do colega;
Há uma duplicidade de processos: primeiro pede-se a contagem de tempo (de dois a três anos); depois se assina o pedido de aposentadoria (outro tanto de tempo).
Kafka, certamente, não imaginou algo dessa natureza ao escrever o seu incrível O Processo, dando conta do absurdo metafísico de certas coisas da vida. Se vivo estivesse e se servidor da Secretaria de Educação do Estado de São Paulo fosse, certamente escreveria outro manual sobre o absurdo burocrático.
Ainda é tempo para mudar isso. Restam alguns meses para o gerenciamento desses órgãos mudarem os procedimentos e deixarem uma proposta mais palatável. Sugestões e experiências nesse sentido não faltam. O que falta é vontade política.
Com a palavra a SEE e a SPPrev.
*Carlos Giannazi é deputado estadual e membro titular da Comissão de Educação e Cultura.
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