Jair Rodrigues


08/05/2014 21:10 | Antônio Sérgio Ribeiro*

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Jair Rodrigues no Auditório Ibirapuera <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg161680.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Elis Regina e Jair Rodrigues <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg161681.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jair Rodrigues ao lado dos filhos, Luciana Mello e Jair Oliveira  <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg161682.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jair Rodrigues <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg161683.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Elis Regina e Jair Rodrigues <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg161684.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Jair Oliveira, Luciana Mello e Jair Rodrigues<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg161685.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Elis Regina na tela e Jair Rodrigues<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg161686.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jair Rodrigues e Elis Regina <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg161687.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jair Rodrigues<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg161688.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jair Rodrigues<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg161659.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jair Rodrigues<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg161660.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Faleceu em sua residência na Granja Viana, na cidade de Cotia - SP, nesta quinta feira, 8 de maio de 2014, vitimado por um infarto agudo do miocárdio, o cantor Jair Rodrigues, um dos maiores nomes da música popular brasileira.

Jair Rodrigues de Oliveira nasceu na cidade paulista de Igarapava, em 6 de fevereiro de 1939. Na infância, cantava música religiosa na igreja de Nova Europa (SP), para onde mudou com sua família quando tinha apenas um ano de idade. Ainda na infância trabalhou como engraxate, mecânico e servente de pedreiro. No ano de 1954 foi para São Carlos, e três anos depois, participou pela primeira vez de um programa de calouros na emissora local, iniciando sua carreira artística. Foi por algum tempo "crooner" em casas noturnas em cidades do interior.

Transferindo-se para a capital de São Paulo, trabalhou inicialmente na Alfaiataria Primor como ajudante de alfaiate. No inicio da década de 1960, participou de programas de calouros, entre os quais o Programa de Cláudio de Luna, na Rádio Cultura, classificando-se em primeiro lugar. Passou então a cantar em boates como a Asteca, Urca, São Bento, Djalma e La Vie en Rose.

Primeiro disco

Em 1962 estreou na Radio Tupi, em São Paulo, e nesse mesmo ano gravou seu primeiro disco para a Philips, com duas músicas compostas pelo maestro Alfredo Borba especialmente para a Copa do Mundo de Futebol daquele ano: "Brasil Sensacional" e "Marechal da Vitória", esta dedicada a Paulo Machado de Carvalho, chefe da delegação brasileira que ganhou no Chile o bicampeonato mundial.

Lançou em seguida mais um disco, um compacto simples contendo as canções, "Balada do homem sem Deus", de autoria de Fernando César e Agostinho dos Santos, e "Coincidência", de Venâncio e Corumba. No ano de 1963 gravou seu primeiro long-play, que recebeu o nome de "O Samba Como Ele É".

Quando se apresentava na boate Stardust, localizada na Praça Roosevelt, no centro da São Paulo, conheceu os compositores Alberto Paz e Edson Meneses, autores da música "Deixa Isso pra Lá", que gravou no LP "Vou de Samba Com Você", em 1964. Jair marcava sua interpretação pela gesticulação que fazia com a palma da mão. Essa canção, considerada precursora do rap brasileiro por seu refrão "falado", foi regravada em 1999 com a participação do grupo paulistano de rap Camorra.

Dois na Bossa

O grande sucesso da música tornou Jair Rodrigues muito popular em todo o Brasil e passasse a ser convidado frequentemente para programas de TV, entre eles, o "Almoço com as Estrelas", da extinta TV Tupi, apresentado por Airton e Lolita Rodrigues.

Em abril de 1965, foi convidado as pressas pelo produtor musical Walter Silva para participar de um show no Teatro Paramount, em São Paulo, substituindo Baden Powell. Nesse espetáculo participou também Elis Regina e o conjunto Jongo Trio, sendo lançado logo depois o LP "Dois na Bossa", gravado ao vivo nessa ocasião pela Philips e que se tornou um dos LPs mais vendidos no Brasil. No mês de maio, foi contratado pela TV Record, para apresentar o programa "O Fino da Bossa" com Elis Regina, no qual também cantavam juntos, que ficou no ar por dois anos e meio.

Disparada

No ano seguinte, Jair participou do famoso 2º Festival da MPB realizado pela TV Record, com a música "Disparada", de Geraldo Vandré e Théo de Barros, acompanhado do conjunto Quarteto Novo. Apesar de ser conhecido como um cantor de sambas, Jair surpreendeu o público com uma interpretação emocionante da canção no festival. "Disparada" e "A Banda", de Chico Buarque e interpretada por Nara Leão, eram as favoritas. O festival acabou empatado, e o júri decidiu que ambas as músicas seriam as vencedoras. A partir daquele momento a carreira de Jair decolou e seu talento assegurou décadas de sucesso ao cantor.

Ainda em 1966 obteve um de seus grandes sucessos, "Tristeza" de Niltinho e Haroldo Lobo. A música obteve grande destaque no carnaval na voz do cantor. Excursionou ao lado Elis Regina e do Zimbo Trio por Portugal cantando no Cassino Estoril, Argentina Angola, Uruguai, e retornando, por todo o Brasil. Com Elis gravou ao vivo mais dois discos na serie "Dois na Bossa" (1966 e 1967), e lançou sozinho o LP Jair, que incluía o samba "Triste Madrugada" de Jorge Costa, que fez muito sucesso.

Em 1968, participou do 4º Festival de Música Popular Brasileira da TV Record, obtendo a terceira colocação do júri popular com a música "A família", de Chico Anysio e Ari Toledo. Também nesse ano, participou da Bienal do Samba também da TV Record, com "O que dá pra rir, dá pra chorar", de Billy Blanco, classificada em quinto lugar no evento vencido por Elis Regina com "Lapinha" de Baden Powell e Paulo César Pinheiro. Ainda em 1968, lançou o LP "Menino rei da alegria".

Sua primeira composição foi na "Brincadeira do mundo", feita em 1969 com Carlos Odilon e incluída no mesmo ano no LP "Jair de todos os sambas", no qual outro grande sucesso foi "Casa da Bamba" de Martinho da Vila. Nesse ano, fez o show de entrega dos prêmios Golfinhos de Ouro e Troféus Estácio de Sá, do Museu da Imagem e do Som do Rio de Janeiro, na Sala Cecília Meireles, quando atuou ao lado de Clementina de Jesus. Também em 1969, lançou também o LP "Jair de todos os sambas nº 2". Em 1970, gravou o LP "Talento e bossa de Jair Rodrigues"

Em 1971, com os originais do samba, apresentou-se no MIDEM, em Cannes, na França, em Estocolmo, Suécia, participando, no ano seguinte, do festival de carnaval, do Hotel Waldorf Astoria, em Nova York, nos Estados Unidos. Obteve grande sucesso em 1972 com "Tengo-Tengo", samba-enredo da Escola de Samba Acadêmicos do Salgueiro, de Zuzuca, repetindo o êxito do ano anterior, "Festa Para um Rei Negro", do mesmo autor e escola. Ainda em 1972, sua composição "Se Deus Quiser", em parceria com Wando foi gravada em seu LP "Com a corda toda". Tendo gravado novos LPs em 1973, "Orgulho de um sambista" e 1974, "Abra um sorriso novamente" e "Jair Rodrigues dez anos depois", participou novamente do MIDEM, em 1975, ano em que cantou no Teatro Olympia, em Paris, espetáculo de que resultou um disco gravado ao vivo. No mesmo ano, gravou seu 17º LP "Eu sou o samba", que incluía "Vai, Meu Samba", de Ari do Cavaco e Otacílio de Sousa.

Cinco décadas de sucesso

Nas décadas seguintes continuou sendo um dos cantores que mais vendeu discos e CDs no Brasil, gravando: "Minha hora e vez", 1976; "Estou com o samba e não abro", 1977; "Pisei chão", 1978; "Couro comendo" e "Antologia da seresta nº 1", 1979; "Estou lhe devendo um sorriso", 1980; "Antologia da seresta nº 2", e "Alegria de um povo", 1981; "Jair Rodrigues de Oliveira", 1982; "Carinhoso", 1983; "Luzes do prazer", 1984; "Jair Rodrigues", 1985, "Jair Rodrigues", 1988; "Lamento sertanejo", 1991; "Viva meu samba", 1994; "Eu sou... Jair Rodrigues", 1996; "De todas as bossas", 1998; e "500 anos de folia - 100% ao vivo" 1999.

Na segunda metade dos anos 90, ele se tornou um artista da gravadora Trama, de propriedade de João Marcello Bôscoli, filho de Elis Regina. Lançou dois volumes de canções ao vivo que pontuaram sua carreira. Interpretou sucessos como "O Menino da Porteira", "Boi da Cara Preta" e "Majestade o Sabiá".

Em 2000, lançou o CD "500 anos de folia vol. 2″. Nesse mesmo ano, participou da trilha sonora da novela "O cravo e a rosa" (Rede Globo), interpretando a canção título da novela da TV Globo.

Lançado em 2002, o CD "Intérprete", chamou muito a atenção da crítica e do público, tendo a produção, musical de Jair de Oliveira, seu filho Jairzinho, que também ingressou na vida artística, tendo participado, na década de 1980, do programa infantil da TV Globo "Balão mágico", iniciando, mais tarde, uma bem-sucedida carreira como cantor, já na virada da década de 1990 para o ano 2000. É de Jairzinho também a música "Mãe de Verdade". Nesse trabalho traz participações especiais de Lobão, Dominguinhos, Wilson Simoninha e Luciana Mello, também filha de Jair.

Bossa nova

Os clássicos da bossa nova foram registrados por Jair, no álbum "A Nova Bossa por Jair Rodrigues", contendo principalmente regravações do repertório da Bossa Nova, além de "Falso amor/Fake love", de Jair Oliveira. Participaram do disco os músicos Paulinho Dáfilin (guitarras) e Marcelo Maita (piano).

Em 2005, lançou pela Trama o CD "Alma negra", contendo canções de Paulo Dáfilin, Monsueto, Zé da Zilda, Haroldo Lobo, Evaldo Gouveia e Carlos Cola, Martinho da Vila e Hermínio Belo de Carvalho, entre outras. O disco contou com a participação especial da filha Luciana Mello na faixa-título, composição de Lula Barbosa.

Em 2006, foi lançado o DVD "Jair Rodrigues - Programa Ensaio - Brasil 1991, mais um título da série de programas apresentados por Fernando Faro, na TV Cultura, no qual o cantor, além de longo depoimento, interpreta canções de seu repertório, acompanhado pelos músicos Cesar Barriga (teclados), Luiz Carlos de Paula (surdo), Luiz Carlos Xuxu (cavaquinho) e Jacaré (pandeiro).

Ainda em 2006 foi o artista homenageado no 4º Prêmio Tim de Música, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro. Recebeu ainda em 2006, indicação ao Prêmio Grammy Latino, na categoria Álbum de samba Brasileiro com o Álbum "Alma Negra".

Sua popularidade não se restringiu somente ao Brasil, tendo-se apresentado com frequência no exterior, como Alemanha, Suíça, Itália, e Japão.

Uma de suas últimas participações na televisão foi no programa "Viola, Minha Viola", de Inezita Barroso, da TV Cultura, no último domingo, dia 3 de maio, em companhia do músico Caçulinha.

Seu corpo está sendo velado no Hall Monumental da Assembleia Legislativa, e o enterro está marcado para as 11h, desta sexta-feira, dia 9 de maio, no cemitério Gethsemani, no bairro do Morumbi.

*Antônio Sérgio Ribeiro, advogado e pesquisador. É funcionário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

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