Deputado José Eduardo de Faria Lima


26/05/2014 18:37 | Antônio Sérgio Ribeiro*

Compartilhar:

José Eduardo de Faria Lima na tribuna da Assembleia <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg162523.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> José Eduardo de Faria Lima no plenário da Assembleia <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg162524.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Seu pai, prefeito José Vicente Faria Lima (1965-69) O Brigadeiro José Vicente Faria Lima (ao microfone) foi um dos maiores realizadores de obras públicas da cidade de São Paulo   <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg162615.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Faleceu na última quarta feira, dia 21 de maio, vítima de um acidente automobilístico na rodovia SP-385, entre os municípios de Miguelópolis e Ituverava, o ex-deputado estadual José Eduardo de Faria Lima.

José Eduardo de Faria Lima, nasceu em 19 de setembro de 1941, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, filho de José Vicente de Faria Lima e de Yolanda de Faria Lima. Seu pai oficial da Aeronáutica chegou ao posto de tenente-brigadeiro, tendo ocupado várias funções em sua carreira militar, entre elas a de diretor do Parque Aeronáutico de São Paulo, localizado no Campo de Marte, na capital paulista. Na gestão do governador Jânio Quadros (1955-1959), foi presidente da Viação Aérea São Paulo - Vasp e posteriormente secretário de Estado de Viação e Obras Públicas, tendo sido mantido na mesma função pelo governador Carlos Alberto de Carvalho Pinto (1959-1961). Foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico, atual BNDES, na gestão do presidente da República Jânio Quadros (1961), e prefeito da cidade de São Paulo entre 1965 e 1969, eleito pelo voto direto da população paulistana.

Em 1945, José Eduardo acompanhou sua família para os Estados Unidos, quando seu pai foi designado para chefiar a Comissão de Compras de Material Aeronáutico, com sede na capital norte-americana Washington, permanecendo até fins de 1947, quando retornaram ao Brasil.

A família Faria Lima radicou-se em São Paulo, quando o então tenente-coronel-aviador José Vicente foi nomeado para ocupar a direção do Parque Aeronáutico no Campo de Marte, tendo José Eduardo iniciado seus estudos regulamentares em 1948.

Formou-se em Economia pela Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em 1966.

Cursou também o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de São Paulo, CPOR, do Exército brasileiro, localizado, no bairro de Santana, na capital paulista.

Durante a gestão de seu pai, brigadeiro Faria Lima à frente do Executivo municipal de São Paulo entre 1965 e 1969, foi um dos auxiliares do chefe de gabinete da prefeitura Rafael Baldacci Filho.

Em 18 de abril de 1969, Jose Eduardo tomou posse como membro do Conselho Consultivo do Sindicato dos Economistas do Estado de São Paulo, em solenidade presidida pelo então ministro da Fazenda Antônio Delfim Netto, na sede da entidade.

Juntamente com o prefeito Paulo Maluf, no dia 28 de abril de 1970, descerrou em frente ao Shopping Center Iguatemi, a placa de bronze com o nome da Avenida brigadeiro Faria Lima, que homenageou seu pai, na inauguração da via pública que havia sido projetada e iniciada ainda em sua gestão.

Após o falecimento repentino de seu pai ocorrido em setembro de 1969, José Eduardo de Faria Lima, filiou-se a Aliança Renovadora Nacional - ARENA, agremiação politica que apoiava o governo federal e o estadual à época, sendo eleito por esse partido no pleito de 15 de novembro de 1970, para uma vaga de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, com 93.042 votos, sendo o mais votado nessa eleição.

Assumiu sua cadeira no Palácio 9 de Julho, em 15 de março de 1971, para a 7ª Legislatura (1971-1975). Nesse quadriênio Eduardo de Faria Lima, seu nome parlamentar, foi membro efetivo na Comissão Permanente de Economia e Planejamento, e nas sessões legislativas de 1971 e 1972, da Comissão de Obras Públicas. Foi suplente nas Comissões de Transportes e Energia, entre 1971-1974, e na de Cultura, Esportes e Turismo, no biênio 1971-1972.

Na manha de 15 de abril de 1971, o industrial Henning Albert Boilesen, presidente do grupo Ultragaz, e fundador do CIEE - Centro de Integração Empresa Escola, um dos principais financiadores da repressão governamental à luta armada durante a ditadura militar brasileira, foi executado por militantes do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT) e da Ação Libertadora Nacional (ALN) na rua Barão de Capanema, quase esquina com a Alameda Casa Branca, no Jardim Paulista, na cidade São Paulo, onde, dois anos antes, o ex-deputado federal comunista, fundador e integrante da ALN Carlos Marighella foi morto a tiros por agentes do DOPS, em uma ação coordenada pelo delegado Sérgio Paranhos Fleury.

O deputado Eduardo de Faria Lima, genro do industrial assassinado, na tarde do mesmo dia, ocupou a tribuna do Alesp para afirmar que seu sogro era "mais um herói sacrificado nesta luta ideológica, sem quartel, em que homens destituídos dos mais comezinhos sentidos de patriotismo formam emissários para destruir toda a humanidade e os sentimentos mais altos da cristandade".

Integrou como delegado da Assembleia Legislativa paulista, pela ARENA, o chamado colégio eleitoral, que referendou em Brasília, em 15 de janeiro de 1974, os nomes dos generais Ernesto Geisel e Adalberto Pereira dos Santos, para os cargos de presidente e vice-presidente da República, para período de 1974 a 1979.

Em 17 de abril de 1974, o deputado Eduardo Faria Lima, em companhia de seu tio almirante Floriano Peixoto Faria Lima, na ocasião presidente da Petrobrás, esteve em Água Santa, no Rio de Janeiro, quando foi inaugurada pelo governador do então estado da Guanabara Chagas Freitas, uma escola estadual que foi denominada Brigadeiro Faria Lima, com 12 salas de aulas, e podendo receber então 1.600 alunos, em três turnos.

Desistiu da postulação a reeleição como deputado estadual em 25 de julho de 1974, em carta endereçada ao presidente do Diretório Regional da ARENA paulista deputado Jacob Pedro Carolo.

Apesar de não concorrer ao pleito de 15 de novembro de 1974, foi indicado pela bancada de vereadores da ARENA na Câmara municipal paulistana para coordenar, na capital de São Paulo, a campanha eleitoral que visava à reeleição do senador Carvalho Pinto, mas este acabou sendo derrotado pelo candidato da oposição, Orestes Quércia do MDB.

Jose Eduardo de Faria Lima teve seu nome lembrado em fins de novembro de 1974, para ocupar a prefeitura paulistana, na sucessão de Miguel Colasuonno, mas o indicado acabou sendo o banqueiro Olavo Setúbal.

Ao término do seu mandato parlamentar em 15 de março de 1975, seu tio almirante Floriano Faria Lima, que assumiu como primeiro chefe do Executivo estadual fluminense, quando da fusão dos Estados do Rio de Janeiro e da Guanabara, convidou José Eduardo para ocupar o cargo de secretário particular do governador do Estado do Rio de Janeiro no quatriênio 1975-1979. Em 18 de julho de 1975, seria nomeado chefe de gabinete da Secretaria de Governo.

Ele passou a exercer uma função politica entre o chefe do executivo e os diferentes escalões do governo estadual com parlamentares e prefeitos, inclusive viajando pelo interior, para verificar pessoalmente os problemas e as demandas de cada região e das cidades do Rio.

José Eduardo teve a iniciativa de elaborar um documento para orientar as relações do governo estadual com o Legislativo nos três níveis de poder, e com os prefeitos, tendo ainda o trabalho de analisar os resultados de todas as eleições realizadas no Rio de Janeiro e na antiga Guanabara desde o ano de 1960, e confrontando dados sobre populações e dos colégios eleitorais de bairros cariocas e dos municípios do interior fluminense.

Sua atuação no campo político culminou com a aprovação de uma emenda pela Assembleia Legislativa do Estado do Rio, inclusive com votos da oposição, na qual criava blocos parlamentares, dando assim ao governador Faria Lima à devida sustentação parlamentar que ele necessitava para realizar a efetiva fusão entre os dois Estados da federação, Rio de Janeiro e Guanabara. O líder da oposição, lamentando a falta de unidade entre os componentes de seu partido, o MDB, acabou renunciando à função.

Ainda na gestão de Floriano Faria Lima, foi membro do Conselho Fiscal do Sistema Coderj (Companhia de Desenvolvimento do Estado do Rio de Janeiro), do Banco do Estado do Rio de Janeiro, o Banerj.

Foi também diretor-financeiro da Metalúrgica Nacional Sociedade Anônima, sediada em São Paulo, e ainda comerciante, pecuarista e agricultor.

Por volta das 19h10 de quarta-feira, dia 21 de maio, o automóvel em que se encontrava, dirigido por sua esposa, se chocou de frente com outro veículo, na altura do km 16 da rodovia Doutor Willian Amin (SP-385), nas proximidades de Ituverava. José Eduardo de Faria Lima, chegou a ser socorrido, mas faleceu na Santa Casa de Misericórdia de Ituverava. O outro motorista foi socorrido no hospital de Miguelópolis, mas também não resistiu aos ferimentos. O casal Faria Lima residia em uma fazenda na cidade de Miguelópolis, região de Ribeirão Preto (SP), e iam para Ituverava visitar alguns familiares.

Era casado com Tania Ellen de Faria Lima, com teve três filhos, José Vicente, Mônica e Camila. Foi primo do ex-deputado federal José Roberto Faria Lima.

O corpo do deputado José Eduardo de Faria Lima, foi transladado de Miguelópolis e velado na Funeral Home, situado no bairro da Bela Vista, na capital, e o enterro realizado ao meio-dia de sexta-feira, 23 de maio, no Cemitério Campo Grande, em Santo Amaro, no jazigo da família, onde estão sepultados seus pais.

Sobre seu pai, brigadeiro Faria Lima, afirmou em entrevista a imprensa, quando foi prestada uma homenagem ao antigo prefeito paulistano, no ano de 1987, que "tinha uma verdadeira obsessão por fazer as coisas acontecerem. Para ele, só importava uma coisa: fazer ou não fazer". Disse também: "que o mais importante não são as obras por ele deixadas, mas sim a efetiva participação, pois ele cativou a população com suas obras". E acreditava se seu pai fosse vivo, não aprovaria a situação politica e econômica do país. Foi categórico: "Mas alguma coisa, com certeza, ele estaria fazendo para mudar tudo isso".

*Antônio Sérgio Ribeiro, advogado e pesquisador. É funcionário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

alesp