O novo prédio da Escola Técnica "Professor Armando Bayeux da Silva", a ser construído em parte das instalações da Escola Estadual "Chanceller Raul Fernandes", em Rio Claro, deverá reservar um espaço para o "Memorial Vocacional". A proposta foi apresentada nesta quarta-feira (21) ao secretário em exercício de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação, Nelson Baeta Neves Filho, pelo deputado Aldo Demarchi, pelo vice-presidente da Associação dos Ex-Alunos e Amigos do Vocacional (GVive), Luiz Carlos Marques, o Luigy, e pelo prof. dr. Antônio Carlos Sarti, da Universidade de São Paulo (USP). "O secretário gostou da ideia e creio que não teremos problemas em garantir um local específico para resgate e preservação da memória de um modelo que revolucionou a educação paulista e brasileira na década de 1960", comentou Demarchi após a reunião. Para Antônio Carlos Sarti, ex-aluno do Ginásio Vocacional de Rio Claro, a instalação do Memorial na Etec será oportuna por vários motivos. "A base voltada ao ensino técnico era a mesma das escolas industriais, embora com metodologias diferentes", explica o docente da USP. "Além disso, ao reunirmos um acervo de tudo o que conseguirmos recolher sobre o Vocacional, permitiremos que os atuais frequentadores da Etec e mesmo da escola Chanceller conheçam a origem daquela edificação". Instituída no governo Carvalho Pinto, a experiência dos ginásios vocacionais funcionou de 1961 a 1969, quando foi extinta pelo regime militar. Seis unidades funcionaram nas cidades de Americana, Batatais, Barretos, Rio Claro, São Caetano do Sul e São Paulo, a partir de um currículo pautado em Estudos Sociais. A unidade de Rio Claro foi criada por meio da Lei 8014/1963,resultante de projeto de autoria do então deputado José Felício Castellano, o Gijo. As aulas não eram divididas em disciplinas, mas em áreas do conhecimento, conforme declarou o vice-presidente da GVive em reportagem publicada pelo Portal Aprendiz."Estudávamos psicologia, sociologia, antropologia, história e geografia e tudo girava em torno dessas discussões", lembra Luigy. "Meninos e meninas estudavam juntos, o que era um grande avanço para a época. Tínhamos meninas líderes de classes e meninos aprendendo a trocar fraldas nas aulas de educação doméstica", recorda o ex-aluno do Ginásio Vocacional Oswaldo Aranha, de São Paulo. Parte dessa história está registrada no documentário "Vocacional - uma aventura humana", dirigido pelo cineasta Toni Ventura e lançado em 2011. A professora Maria Nilde Mascellani (1931-1999), uma das idealizadoras e coordenadora daquele projeto educacional inovador, aparece merecidamente em destaque no filme. aldodemarchi@al.sp.gov.br