Deputada desaprova campanha #SomosTodosMacacos

Hashtag que surgiu nas redes sociais é desaprovada por Leci Brandão (PCdoB), que também falou sobre a Copa do Mundo
26/05/2014 19:10 | Da Redação: Gabriel Cabral Fotos: Agência Alesp

Compartilhar:

Leci Brandão (PCdoB), parlamentar negra do Legislativo paulista, classificou a campanha como "horrorosa", em entrevista ao Diário da Assembleia.<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg162619.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Leci Brandão: "Questionei no Plenário por que não fazem movimentos de Somos Todos Contra o Genocídio da Juventude Negra, Somos Todos Contra os Assassinatos a População LGBT ou Somos Todos Contra a Violência à Mulher"<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg162620.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Deputada Leci Brandão<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-05-2014/fg162621.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Na última semana de abril, mais uma atitude racista no meio de um jogo na Europa surpreendeu a todos, no Brasil e no mundo. O que impressionou não foi o ato, que infelizmente não é o primeiro que ocorre. A atitude da vítima foi o que realmente espantou as pessoas: Daniel Alves, lateral da seleção brasileira de futebol, comeu a banana jogada em sua direção por um torcedor espanhol.

A atitude gerou um grande movimento nas redes sociais, que foi popularizado por artistas, que publicaram fotos comendo banana e utilizavam a hashtag com a frase "Somos Todos Macacos". Independente das intenções, comerciais ou não, a atitude não foi aprovada por muitos negros. Leci Brandão (PCdoB), parlamentar negra do Legislativo paulista, classificou a campanha como "horrorosa", em entrevista ao Diário da Assembleia.

Leci atribuiu sua desaprovação à campanha #SomosTodosMacacos em duas razões: porque foi oportunista, visando o lado comercial, e porque somos todos seres humanos e cidadãos. "Questionei no Plenário por que não fazem movimentos de Somos Todos Contra o Genocídio da Juventude Negra, Somos Todos Contra os Assassinatos a População LGBT ou Somos Todos Contra a Violência à Mulher", disse. "Ficou com tom de deboche e o racismo é coisa séria."

Racismo na Copa

Leci considera difícil dizer se haverá ou não racismo na Copa. "São coisas tão absurdas que você não pode prever", opinou a parlamentar. Ela também disse que os brasileiros não permitirão que esse preconceito aconteça, por mais que ainda exista racismo país.

Por que o caso de Daniel Alves causou tamanho alarde social? Leci responde com clareza: "já existiram situações semelhantes, mas nunca teve divulgação. O próprio Daniel falou que já fizeram aquilo outras vezes". A deputada do PCdoB lamentou, por fim, que existam atitudes da moda que são horríveis, mas que mesmo assim as pessoas seguem. "Nós, negros, não gostamos disso", disse a militante do movimento negro.

Apesar da incerteza das atitudes, já é garantido que o governo federal realize campanhas pelo país contra o racismo. Faltando duas semanas para o início da Copa do Mundo no Brasil, em que São Paulo também será uma das sedes dos jogos, se aproxima da nação a atenção e o cuidado sobre atitudes racistas no país, pois turistas que vão para os jogos e cruzarão com muitos negros pelas ruas das cidades, pois o país é etnicamente diversificado.

A presidente Dilma Rousseff publicou, em março deste ano, em sua conta no microblog Twitter, a garantia da paz no segundo maior evento do mundo. "Vamos enfrentar o racismo! Acertei com a ONU e a Fifa que a nossa #CopaDasCopas será a #CopaPelaPaz e a #CopaContraORacismo."

Racismo institucional

Leci garante que o racismo existe no Brasil. Como prova as aponta as cartas recebidas pela Comissão de Direitos Humanos com diversas denúncias diferentes. "Acontece também o racismo institucional, que é o pior de todos", disse a parlamentar, que explicou que esse preconceito acontece quando se observam os três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário) e se conta nos dedos os negros que trabalham ali.

Já sobre as cotas raciais, Leci explicou sua posição favorável. "Não estou pedindo que as pessoas entrem nas universidades por serem negras, mas sei que para entrar é necessário se fazer cursinhos, que são caros", disse. "Se você entrar em uma sala de aula de Engenharia ou Medicina, não haverá negros", completou a deputada, que também explicou a necessidade de dar condições aos alunos para os custos com livros, transporte e alimentação. "Quem é pobre, é pobre mesmo", justificou Leci.

História da África

O cumprimento da Lei federal 10.639/2003, que obriga as escolas públicas e privadas a promover aulas sobre história e cultura afro-brasileira, não acontece em todos os estabelecimentos de ensino. "Esse também é um exemplo de preconceito", disse Leci.

Ela também contou que, quando ainda não era parlamentar, viu um secretário de Educação dizer que não era interessante colocar essa aula na grade curricular porque, de acordo com o secretário, não existiriam negros na região.

alesp