Especial Getúlio Vargas - Agosto de 1954: 60 anos de uma tragédia brasileira


15/08/2014 19:23 | (*) Antônio Sérgio Ribeiro

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Alcindo do Nascimento assina seu depoimento na Base Aérea do Galeão<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2014/fg164642.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> General Canrobert Pereira da Costa<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2014/fg164643.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião do Clube Militar<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-08-2014/fg164644.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Agonia e morte do presidente Getúlio Vargas

Ao completar 60 anos dos fatos que culminaram com o suicídio do presidente Getúlio Vargas, a Agência Assembleia vem publicando, desde 4/8, uma série de textos que relatam a sequência dos eventos que ocorreram naqueles negros dias de agosto e que enlutaram o Brasil. Tentaremos narrar cronologicamente, seguindo a mesma data, porém seis décadas depois, esses acontecimentos tão marcantes para a história do nosso país.

Sábado - 14 de agosto de 1954

O delegado Silvio Terra, da Polícia Técnica, foi nomeado pelo chefe de polícia, coronel Paulo Torres, como novo encarregado do inquérito policial, em substituição ao delegado Jorge Pastor, que o presidia desde o atentado do dia 5 de agosto. Pastor, desde o início, foi acusado pela oposição de não agir com empenho na elucidação do crime, deixando praticamente paralisado o inquérito policial no 2º D.P. Terra, que realizaria seu trabalho paralelamente ao IPM da Aeronáutica, afirmou: "Agirei com inteira liberdade, recebi nesse sentido instruções expressas do sr. chefe de polícia." Outra substituição feita na polícia foi a nomeação do coronel Álvaro dos Santos para delegado da Ordem Política e Social, em substituição ao delegado Brandão Filho.

Com a prisão de Alcino, intensificaram-se as buscas aos demais envolvidos, surgindo numerosas pistas. Foram mobilizados mais de 100 oficiais da Aeronáutica para a captura de Soares e Climério, em Belfort Roxo e em Caxias, Estado do Rio, e em Bragança Paulista. Desde a madrugada do crime na rua Tonelero, já haviam sido realizadas nada menos que 140 missões de diligências na tentativa de prender os criminosos.

À tarde, foi realizada uma grande assembleia no Clube Militar com a presença de quase dois mil sócios. Antes do início dos debates, o presidente da entidade, general Canrobert Pereira da Costa, pediu um minuto de silêncio, em memória do major Rubens Vaz. A seguir, vários oradores usaram da palavra, mas o capitão de corveta Julio de Sá Bierrenbach, em seu discurso, deflagrou intensa reação entre os presentes, quando afirmou que o vice-presidente Café Filho também havia sido eleito pelo povo. Em seguida, foi apresentada e aclamada uma moção exigindo a renúncia do presidente da República. Os generais Canrobert e Juarez Távora, vice-presidente do clube, apelaram para que os oficiais não se precipitassem, justificando que haviam assumido compromissos perante outros generais e não podiam consentir que a palavra empenhada não fosse respeitada. Ao final, foi aprovada uma moção conciliatória.

A chamado do presidente Vargas, regressou de Belo Horizonte o líder do governo na Câmara dos Deputados, Gustavo Capanema, que foi ao Palácio do Catete para conferenciar sobre os acontecimentos envolvendo o crime da Tonelero. Ouvido pela imprensa, Capanema disse: "Acho que ele não pode renunciar, pois isso seria reconhecer o procedimento das acusações contra sua pessoa, num crime do qual não tem a mais leve responsabilidade. Ele tem o dever de defender o seu mandato, a sua autoridade, a sua pessoa e o seu nome". De lá, foi à residência do marechal Dutra para saber a posição exata do ex-presidente sobre todo o problema vivido pela nação após 5 de agosto e sobre o impasse político envolvendo o seu sucessor.

(*) Antônio Sérgio Ribeiro, advogado, pesquisador e funcionário da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo.

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