Faz um ano que um descarrilamento matou oito pessoas em São José do Rio Preto. O acidente provocado pelo trem da concessionária América Latina Logística (ALL) atingiu duas casas no Jardim Conceição, e deixou duas famílias marcadas para sempre pela dor. Adultos e crianças tiveram suas vidas interrompidas. Toda a cidade ficou em choque.

Certamente a tragédia poderia ter sido ainda mais grave se os vagões que transportavam grãos carregassem combustíveis, carga que é comum na região. O líquido poderia ter causado explosões que atingiriam todo o bairro. Fui o único deputado a acompanhar o doloroso resgate das vítimas. Das 16 pessoas envolvidas no acidente outras oito sobreviveram, mas a dor de ver o familiar falecendo fez com que o coração delas também fosse sepultado.

O que causa indignação é saber que a tragédia poderia ter sido evitada. Anos antes a prefeitura apresentou ao Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) o projeto para a construção de um contorno ferroviário para desviar os trens do perímetro urbano. A proposta na época avaliada em R$ 200 milhões. Em 2012 se cogitou a possibilidade deixar a obra de lado por conta do alto custo do projeto. E meu questionamento sempre foi: quanto vale uma vida?

Enquanto fui vereador em Rio Preto (2009-2010) já cobrava as autoridades sobre o perigo. Não é de hoje que as linhas férreas estão sucateadas. Trilhos deslocados, dormentes podres e uma série de outros fatores contribuem para novos descarrilamentos no território paulista. Este foi meu alerta quando assumi meu mandato de deputado na Assembleia Legislativa em março de 2011. Passei a monitorar os problemas em toda extensão da ferrovia paulista. Várias vezes cobrei atitudes dos órgãos executores. Infelizmente os descarrilamentos continuaram frequentes. Muitos foram os registros deste trabalho.

A ferrovia trata-se de uma concessão federal, e como deputado estadual, precisava mostrar força. Foi então, que no dia seguinte a tragédia. iniciei um movimento para recolher assinaturas para uma petição pública: Pela retirada dos trilhos da área urbana de Rio Preto. A ação começou na internet pelo site peticaopublica.com.br e ganhou as ruas da cidade. Hoje temos quase 15 mil apoiadores desta causa. São milhares de rio-pretenses que não aguentam mais a insegurança.

A linha passa por 28 bairros da cidade, começando pelo Distrito de Engenheiro Schmitt, que possui um dos trechos mais perigosos, chegando até o Gonzaga de Campos e Jardim do Cedro. A estimativa é que pelo menos 40 mil moradores convivam diariamente com a insegurança de trabalhar ou morar próxima a linha férrea.

Nesta terça-feira (25/11) gravo na TV Assembleia um programa para discutir o assunto. Receberei um representante da ALL, um do Dnit e um Agencia Nacional de Transportes Terrestres (ANTT), para discutir a eficiência da manutenção da ferrovia, os descarrilamentos na região e o projeto de contorno.

Este mês minha equipe de assessores intensificou a coleta das assinaturas. E pretendemos ainda este ano levá-las à Brasília, Com o apoio dos rio-pretenses e de todas dos 21 deputados federais leitos pelo meu partido, o PRB, e com o nosso senador lutarei para conquistar o recurso necessário para efetuar o contorno ferroviário que nossa cidade precisa. Esta é o meu trabalho, minha luta e não descansarei até que Rio Preto esteja livre deste perigo.

*Sebastião Santos é deputado pelo PRB. Acesse www.deputadosebastiaosantos.com.br