As frentes parlamentares de Apoio à Extensão Rural, de Agroecologia e de Agricultura Familiar realizaram, nesta terça-feira, 16/12, reunião conjunta com o objetivo de debater a redução do orçamento da Secretaria da Agricultura e Abastecimento e a possibilidade de sua extinção, segundo informações veiculadas recentemente. A deputada Ana do Carmo (PT) disse estar preocupada com os rumores de extinção da secretaria e sua fusão com outras secretarias. Segundo ela, o orçamento já reduzido tem enfraquecido o setor. É importante, em sua opinião, lutar para que isso não aconteça, uma vez que os principais prejudicados serão as famílias que vivem da agricultura que perderão o pouco suporte que hoje têm do governo. A parlamentar enfatizou a necessidade de abertura de concurso público para a área e de fortalecimento dos institutos de pesquisa. Abelardo Gonçalves Pinto, presidente da Associação Paulista de Extensão Rural (Apaer), ressaltou que as mais de 200 mil famílias de pequenos agricultores no Estado de São Paulo são os principais produtores de alimentos que abastecem o Estado. "Valorizar a Secretaria da Agricultura é valorizar a agricultura paulista", afirmou. "A penalização da agricultura paulista é um processo que vem de décadas: há poucas políticas públicas disponíveis para agricultores, intensa redução de pessoal, precariedade nas unidades de trabalho, especialmente nos institutos de pesquisa, e não há programas de formação extensionista". Ainda de acordo com Abelardo, não há integração de órgãos municipais, estaduais e federais, o que enfraquece ainda mais o setor. "Estamos na contramão da tendência mundial, que é de valorização dessa agricultura", concluiu. Os seis institutos de pesquisa ligados à Secretaria da Agricultura estão com seus quadros de pesquisadores reduzidos pela metade, de acordo com Joaquim Azevedo, presidente da Associação dos Pesquisadores Científicos do Estado de São Paulo (APqC). Estes institutos têm grande importância histórica e foram os responsáveis por reverter a situação de importador para exportador de alimentos, do Estado de São Paulo. Diversos estudos de grande importância estão parados e correm o risco de se perder por não haver condições de infraestrutura e pessoal para ter continuidade. Marco Antônio de Moraes, do Sindicato dos Servidores da Defesa Agropecuária do Estado de São Paulo (Sindefesa), apontou o processo de decadência por que passam os institutos de pesquisa da agricultura no Estado de São Paulo, levando a uma grave crise de gestão. Este acentuado declínio tem como principal sintoma, segundo Marco Antônio, a redução de pessoal, levando à impossibilidade de realização de ações preventivas. "Ficamos somente apagando incêndios", observou. O orçamento rebaixado da Secretaria da Agricultura revela a pouca importância dada à área pelo governo do Estado, afirmou o deputado Carlos Neder (PT), que sugeriu às três frentes parlamentares organizadoras da reunião e mais a coordenada por ele " a Frente Parlamentar em Defesa dos Institutos Públicos de Pesquisa e das Fundações Públicas do Estado de São Paulo " solicitarem audiência em fevereiro com o governador Geraldo Alckmin para debater o assunto. Propôs, também, a realização de seminário em abril, na Alesp, para discutir a política agropecuária do Estado de São Paulo. Para o deputado Professor Tito (PT) a queda ainda maior no orçamento da Secretaria da Agricultura terá impactos gravíssimos para a agricultura do Estado. O deputado José Zico Prado (PT) sugeriu que, além da audiência com o governador, proposta pelo deputado Carlos Neder, fosse composta comissão para conversar, com urgência, com o líder do governo na Assembleia, deputado Barros Munhoz (PSDB) para requerer mais informações sobre a suposta extinção da Secretaria da Agricultura.