Estudantes da USP ligados à Atlética da Faculdade de Medicina depõem na CPI

Professora ex-chefe de segurança da USP fala sobre sua exoneração
28/01/2015 19:09 | Da Redação: Monica Ferrero " Foto: Marco Antonio Cardelino e Márcia Yamamoto

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Heitor Sica<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2015/fg167111.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Jorge Pascoal<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2015/fg167112.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Adriano Diogo, presidente da CPI<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2015/fg167114.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Diego Vinicius Pestana<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2015/fg167115.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Estudantes universitários acompanham depoimentos<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2015/fg167116.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Público ouve depoimentos sobre trotes na FMUSP<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2015/fg167117.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  Ana L. Pastori Schritzmeye<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2015/fg167118.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Ana L. Pastori Schritzmeye, Diego Vinicius Pestana, Adriano Diogo, Raphael Kaeriyama e Silva e Sarah Munhoz<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-01-2015/fg167119.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Em sua 15ª reunião, nesta quarta-feira, 28/1, a CPI que investiga as denúncias de violações aos direitos humanos nas universidades ouviu dois estudantes da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP) ligados à Associação Atlética Acadêmica Oswaldo Cruz (AAAOC). Também prestou depoimento a professora Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer, que respondia pela chefia de segurança da USP.

Dos cinco estudantes convocados pela CPI, compareceram apenas Raphael Kaeriyama e Silva, que era tesoureiro da AAOC em 2011, e Diego Vinicius Santinelli Pestana, atual presidente da entidade. Ambos responderam a questionamentos feitos pelo presidente da CPI, deputado Adriano Diogo (PT) e pela deputada Sarah Munhoz (PCdoB).

Sobre as festas, que são alvo de reclamações na vizinhança e dos hospitais no entorno da Atlética, Pestana disse que elas são semestrais e têm alvará de funcionamento, e que 90% de seu público é externo. Seu objetivo é arrecadar fundos para a manutenção da AAAOC, que também recebe recursos de seus associados, pois funciona como clube, aberto a ex-alunos e moradores da região. Por conta de problemas nos trotes, há cada vez menos empresas dispostas a dar patrocínio às atividades da Atlética, tornando mais difícil a manutenção de sua estrutura, que ainda emprega oito funcionários.

Diego Pestana garantiu que só haverá novas festas na AAAOC se for possível uma melhor preparação, com garantia de segurança, pois o que é feito até o momento mostrou-se insuficiente, como mostraram as denúncias feitas à CPI. Ele afirmou que nunca soube de adulteração de bebidas e da presença de prostitutas em festas, e que os chamados "cafofos" são anexos das barracas de bebidas usados para armazenar estoque, não são usados como quartos.

Felipe Scalisa, estudante da FMUSP, rebateu a afirmação, lembrando que foi num desses "cafofos" que foi estuprada uma aluna, conforme denúncia feita à CPI. Disse ainda que são recorrentes os boatos da participação de prostitutas e de exibição de vídeos pornográficos nesses lugares.

Arrecadação

O ex-tesoureiro Raphael Kaeriyama e Silva falou sobre o funcionamento das Intermeds, explicando que a negociação com as prefeituras das cidades que recebem o evento é feita por uma liga de escolas de medicina. Os custos de transporte e hospedagem para a AAAOC não chegam a R$ 100 mil. Ele reafirmou o objetivo de arrecadação de fundos das duas grandes festas semestrais, a Carecas no bosque e a Fantasias no Bosque, e afirmou que os registros contábeis pedidos pela CPI foram entregues.

Silva falou ainda que o objetivo da AAAOC é estimular o esporte, e citou eventos voltados à comunidade praticados, como ajuda na programação de atividades de reabilitação. A Atlética, segundo ele, funciona como válvula de escape para o estresse diário dos estudantes, não sendo "esse monstro que estão criando". Sobre as músicas tocadas pela bateria, ele disse que são tradição, reconhecendo, porém que algumas têm palavras de baixo calão. Assim como Diego Pestana, considerou que é preciso rever a manutenção destas músicas.

Segurança

Professora de Antropologia, Ana Lúcia Pastore Schritzmeyer respondia pela Superintendência Segurança da USP até o último dia 24/1, tendo ficado nove meses no cargo. À CPI ela contou que ficara encarregada de fazer a proposta de segurança de todos os campi. Seu primeiro desafio foi a greve dos funcionários de maio de 2014, que foi apoiada pelos estudantes, e quando se manifestou contrária à presença da Polícia Militar na USP.

A professora Ana Lúcia disse ser grande defensora da Guarda Universitária da USP, que é uma das poucas a terem guarda própria, que atua desarmada e que visa orientar e atender a comunidade, "o que é de grande valor no contexto nacional de terceirização da segurança". Para reorganizar a segurança, ela criou um grupo de trabalho, que discutiu também o sucateamento da guarda, que precisa de valorização.

Antes que esse trabalho fosse terminado, acabou exonerada. Seu substituto é professor da faculdade de veterinária, embora haja muitos outras pessoas capacitadas, com vínculo com a justiça e os direitos humanos, falou.

Quando começaram as denúncias de abuso sexual no campus, a professora, que tem livro sobre estupro, fez um seminário aberto à comunidade, em dezembro de 2014, sobre o tema. Ana Lúcia se disse assustada com o fato de que, em algumas unidades da USP, como a Faculdade de Medicina, terem segurança própria. Essa terceirização da segurança envolve jogo de interesses, disse. Reportou essa preocupação ao reitor, que nada fez.

Participou ainda da reunião o deputado João Paulo Rillo (PT). O presidente Adriano Diogo reafirmou que o objetivo da CPI é "civilizatório, pois não busca destruir ninguém".

alesp