Alunos ligados à Atlética da Faculdade de Medicina da USP depõem em CPI

Problemas ocorridos nas festas foram abordados
03/02/2015 20:12 | Da Redação: Monica Ferrero: Fotos: Maurício Garcia e José Antonio Teixeira

Compartilhar:

 Reunião da CPI que investiga as denúncias de violações aos direitos humanos nas universidades<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-02-2015/fg167255.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Marco Aurélio de Souza, Adriano Diogo e Sarah Munhoz <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-02-2015/fg167265.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Estudantes presentes na tarde desta terça-feira, 3/2 <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-02-2015/fg167218.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião desta terça-feira, da CPI das universidades<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-02-2015/fg167266.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> André Custódio <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-02-2015/fg167219.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>  17ª reunião da CPI das Universidades <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-02-2015/fg167220.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Estudante Pedro Henrique Shimiti Hashizume (dir) <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-02-2015/fg167221.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Auditório Paulo Kobahashi na tarde desta terça-feira, 3/2 <a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-02-2015/fg167262.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Reunião da CPI que investiga as denúncias de violações aos direitos humanos nas universidades<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-02-2015/fg167263.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a> Estudante André Custódio<a style='float:right;color:#ccc' href='https://www3.al.sp.gov.br/repositorio/noticia/N-02-2015/fg167264.jpg' target=_blank><i class='bi bi-zoom-in'></i> Clique para ver a imagem </a>

Em sua 17ª reunião, a CPI que investiga as denúncias de violações aos direitos humanos nas universidades, presidida pelo deputado Adriano Diogo (PT), ouviu o depoimento de alguns alunos e ex-alunos da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). Eles foram convocados para esclarecer ações da Atlética da faculdade e para falar sobre postagens feitas na internet.

O primeiro a depor foi André Orik Custódio Abe, aluno do 4º ano da FMUSP, ex-diretor social (2014) da Atlética da faculdade. Ele afirmou que neste cargo não tinha acesso às contas da organização, e que sua função era supervisionar, entre outros, a estrutura das barracas e da iluminação, por exemplo, na festa Carecas no Bosque. Embora tenha os orçamentos, que se comprometeu a enviar à CPI, toda a movimentação financeira cabe ao diretor que responde pela tesouraria da Atlética.

Respondendo à pergunta da deputada Sarah Munhoz (PCdoB), Abe disse que as festas visam arrecadar dinheiro para a manutenção da Atlética, mediante a venda de ingressos a cerca de 3 a 4 mil pessoas. Cada barraca é gerida por uma modalidade esportiva e nelas os alunos trabalham servindo bebida ou cachorro-quente. Atrás das barracas ficam os "cafofos", para armazenar estoque, afirmou Abe, que ainda falou de uma enfermaria, cujos dados de atendimento serão enviados.

Não participam da festa garotas de programa, nem há exibição de vídeos pornográficos, disse Abe ao deputado Marco Aurélio de Souza (PT). Não há restrição de entrada das pessoas por conta de orientação sexual, garantiu, e desconhece ordens à segurança particular contratada para festa nesse sentido.

Homofobia

Presidente da Atlética durante o ano de 2014, Douglas Rodrigues da Costa, estudante da FMUSP e atleta de beisebol, falou da organização da Intermed. É uma liga que reúne 18 faculdades de Medicina e que negocia com as prefeituras sedes dos jogos e com algumas empresas patrocinadoras.

Sobre as festas no campus da faculdade, Douglas disse que após os problemas ocorridos na Carecas no Bosque de 2014, com muitas reclamações da vizinhança, a festa que aconteceria no segundo semestre, Fantasias no Bosque, foi cancelada. Soube depois do problema com os seguranças, que impediram a entrada de homossexuais na festa Carecas no Bosque. Do Grupo de Advogados pela Diversidade Sexual (GADvS), Paulo Iotti falou que a Atlética deveria ter soltado uma nota de repúdio a esta denúncia de homofobia.

Questionado pelo presidente Diogo, Douglas Costa afirmou que as músicas do cancioneiro da bateria muitas vezes deixam de ser entoadas, porque são antigas e referentes a turmas passadas. São hinos feitos muitas vezes para provocar outras faculdades de Medicina na Intermed, e não podem ser levadas ao pé da letra.

Tesoureiro da Atlética durante o ano de 2012, Pedro Henrique Shimiti Hashizume negou conhecer grupos de ódio dentro da faculdade, negando também atos de alcoolização forçada. A publicidade de bebidas alcoólicas na Atlética é por contrato com as fornecedoras, sendo que elas cedem geladeira para estoque.

Pedro Hashizume lamentou as denúncias de estupro na faculdade, exibidas em vídeo. O deputado Marco Aurélio perguntou sobre a segurança nas festas, que permitem que os "cafofos" sejam usados para estupros.

Diogo questionou a segurança das festas, feita por empresa contratada, e pediu cópias dos contratos. Ele também reiterou a todos os depoentes o pedido da CPI de envio das contas da Atlética, prometido, mas não realizado, assim como a entrega dos CDs do Show Medicina entre os anos de 2010-2014. "Essa falta de prestação de contas dá a impressão de que elas estariam sendo refeitas", disse Diogo, lembrando que talvez seja necessário aprovar requerimento determinando a busca e apreensão do material, além da convocação do contador da Atlética. "Vocês são muito jovens para serem acusados de improbidade administrativa", alertou Diogo.

Postagens

Igor Maia Marinho, estudante do 6º ano da FMUSP, participou da Atlética apenas como jogador de rúgbi. Na comunidade Pinheiros do Facebook, fez uma longa postagem repudiando denúncias e ato público (11/6/2014) dos coletivos da diversidade. A postagem foi considerada pelo presidente Diogo "de ódio e de ameaça de perseguição".

Marinho disse que teria havido acordo com os membros dos coletivos para que nesta manifestação não houvesse depredação nem interrupção dos treinos na Atlética. Mas o ginásio recentemente pintado pelos próprios alunos foi pichado, o que causou um mal-estar geral na faculdade. "Fiz a postagem de "cabeça quente"", disse Marinho, que criticou a "generalização das acusações contra a Atlética". Para ele os problemas são isolados e ações para debater os problemas ocorridos foram tomadas, principalmente, após a CPI.

Segundo o estudante da FMUSP, Felipe Scalisa, citado nominalmente na postagem de Igor Marinho, as pichações denunciadas foram apenas "rabiscos na parede". Ele lembrou que a manifestação criticada foi convocada por outras entidades fora da FMUSP, como o DCE da USP.

Scalisa disse que "há passividade da Atlética em relação a práticas discriminatórias, por vezes usando a tradição como desculpa", como no caso dos hinos. Também, nos últimos dez anos, houve 112 casos de estupro reportados, o que mostra o "ambiente permissivo", denunciou.

Residente do 2º ano de Anestesiologia, formado pela FMUSP, Paulo Comarin compareceu à CPI para falar sobre postagem em grupo fechado da faculdade onde atacou o coletivo feminista. Ele afirmou que sua participação na Atlética foi apenas como atleta, e que não tem mais ligação com a faculdade. "Não lembro mais o contexto da postagem, feita em dezembro de 2014, "no calor do momento" do início da CPI, e nem conheço as pessoas que se sentiram ofendidas", disse Comarin.

Ao final da reunião, foi mostrado vídeo denunciando o trote machista. Sarah Munhoz defendeu a prorrogação da CPI na próxima legislatura, "pois o assunto é grave e não queremos que nenhuma das vítimas depoentes seja encontrada morta".

Por falta de tempo hábil para oitiva, os estudantes da FMUSP Leonardo Bicarata Turra, Flávio Augusto Miorim, Silvio Tacla Alves Barbosa e Rodrigo Bolini de Oliveira Lima se comprometem a depor em outra data. Participou também da reunião o deputado Dr. Ulysses (PV).

alesp